capítulo 14 - do céu ao inferno

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Caminharam em silêncio até o quarto do Hyuuga, que era ao final do corredor. Ele a encarou como se pedisse permissão para fechar a porta, ela acenou em concordância. Neji estava nervoso em tê-la ali em um local tão particular, em um momento tão íntimo. Ela andou pelo cômodo observando cada detalhe.

- acabei de perceber que nunca tinha entrado no seu quarto antes... - sorri ao encarar uma foto antiga do time Guy.

- gostaria que estivéssemos em outras circunstâncias mas... Por favor, fique a vontade! - sorri nervoso. Ela o encara sorrindo de volta.

- sabe... É exatamente como eu imaginei que seria... - passa a mão sobre sua mesa ao lado da janela.

- você imaginou? - ela deu de ombros.

- não que eu tenha pensado muito sobre isso, mas... - se senta sobre a cama. - nos conhecemos a tanto tempo, e o máximo que eu vi foi sua varanda. - ri.

- desculpe por isso... - se aproxima deixando a bebida em sua mesa de cabeceira.

- não, tudo bem. Não é como se nós dois tivéssemos tempo pra tomar chá e fofocar...

- bem, fofocar não... Mas acho que um chá eu posso garantir. - ele sorri.

Tenten observa aquele rosto em sua frente. O achava tão lindo, os olhos claros quase brancos, a pele alva, o modo como os lábios se repuxavam em um sorriso. Era tão difícil vê-lo sorrindo que ela gostava de apreciar atentamente o momento. Sentiu vontade de tocar-lhe o rosto, sentir seu calor, a textura de sua pele.

- tudo bem?

- oh sim... É que é tão difícil te ver sorrir, que eu preciso de um momento contemplativo. - ele sorri mais amplamente.

- você é a responsável pela maioria deles... - ela cora e desvia o olhar. - Tenten... - ele toca levemente a ponta de seu queixo para que o encarasse.

- vamos fazer logo isso, sim?! - se levanta abruptamente e segue até a mesinha ao lado da cama pegando a lata.

- tem certeza de que quer fazer isso? Não precisamos...

- tenho sim! - tenta parecer relaxada, enquanto cada músculo de seu corpo tensionava só com a ideia de ter Neji Hyuuga a tocando de forma tão intima. - é só uma brincadeira! Além do mais... Somos amigos, não tem nada de mais nisso, né?!

- isso... Amigos... - tenta disfarçar o desânimo na voz.

Tenten abre a lata e toma um gole do líquido, a fim de encontrar algum tipo de coragem ou torpor para encarar aquela situação. Respira profundamente.

- então... Como quer fazer?

- você pode deitar na cama e... Sei lá... Eu nunca fiz algo assim... - sorri constrangido.

- nem eu... - olha para a cama. - fico feliz que a nossa primeira vez será juntos! - ele a encara e o rosto ruboriza automaticamente. Ela ri.

- ora sua pestinha... - ainda rindo, ela estende a lata para ele e se deita no centro da cama.

- quero avisar que se me fizer cócegas eu não me responsabilizarei pelos meus atos! - brinca tentando aliviar a própria tensão.

Neji observa a cena que se desenrolava diante de seus olhos, com incredulidade. Estava lá a mulher de sua vida, deitava seminua em sua cama, esperando por seus toques. Achava que isso seria impossível de acontecer tão cedo, o que havia o levado até ali eram atitudes totalmente idiotas, mas agradecia internamente ao universo por essa oportunidade. Tomou um breve gole da bebida em questão e se aproximou. Tenten encarava o teto branco, quando sentiu o colchão afundar ao seu lado.

Tentava empurrar para o fundo de sua mente toda a tensão e expectativa que lhe rondavam, era Neji seu amigo, não, seu melhor amigo. Ele mesmo havia delimitado o status deles, não havia motivo para tensão, porque obviamente ele não se sentia atraído por ela. Tiveram a oportunidade de se beijar e ele recuou. Ele recuou. Óbvio que ele não cruzaria a linha agora. Respirou fundo e fechou os olhos. Não pira, não pira.

Neji observou novamente a mulher deitada em sua cama. As pernas longas e torneadas, o abdômen firme com a musculatura levemente definida, o peito subindo e descendo em uma respiração pesada, os lábios que vez ou outra ela umedecia com a língua. Ela era belíssima, não tinha dúvidas.

- eu vou começar, ok? - avisou e recebeu um aceno com a cabeça em resposta. Ela se mantinha de olhos fechados e respirando pesadamente.

Se colocou sobre seu corpo delicado, derramou uma pequena quantidade de bebida em seu abdômen. O contato com o líquido frio em sua pele a causou um arrepio, a fazendo soltar um leve gemido. Sentia toda sua pele formigar em expectativa. Neji observava atentamente cara reação da morena. Se inclinou devagar e beijou sua barriga levemente molhada, ato que a fez arfar involuntariamente. As reações da Mitsashi estavam o inebriando.

O modo como ela estava entregue, o calor e a textura de sua pele, tudo era extremamente tentador. Continuou suas investidas sobre a pele da mais nova, absorvendo toda a bebida que havia sido despejada. Beijou, lambeu, sugou e mordiscou a pele de Tenten, que arfava e tentava conter os leve gemidos no fundo de sua garganta. Mas os lábios macios e gelados dele contra sua pele estavam a levando ao delírio, sentia uma enorme tensão se formar entre suas pernas e involuntariamente as apertou a fim de aliviar sua excitação.

Ele continuou suas investidas, subindo vagarosamente da base de seu abdômen até seu peito arfante. Beijando, lambendo e provando toda a extensão da mulher, que para si era a mais deliciosa de todas, queria mais contato, precisava. Subiu até se encaixar na curva de seu pescoço e aspirar o doce aroma de coco com rosas dela. Perfeita. Ali depositou um beijo longo e molhado, que foi seguido de um forte arfar.

- Neji... - ela sussurrou ofegante.

Se afastou de seu pescoço para encarar seus olhos amendoados, estavam embotados de puro prazer. Tenten estava entregue novamente, foi tolice achar que poderia resistir aquele homem. Não importava quantas vezes ela tentasse, uma simples investida dele seria o suficiente para que suas pernas derretessem e seu baixo ventre latejasse. Se sentia uma idiota por ceder tão fácil. Mas lá estava ela de novo, cara a cara com o homem que mexia não só com seus pensamentos, mas também com seu coração.

A centímetros de distância um do outro, arfando e se desejando, era como o casal se encontrava. Bastava um dos dois findar com aquela mínima e insuportável distância, que seriam um do outro. Tenten já previa o que se sucederia, piscou algumas vezes encarando a realidade, umedeceu os lábios pronta para se recompor e ter o amigo se afastando. Mas Neji não estava disposto a deixar a oportunidade passar, não dessa vez.

Em um movimento rápido e decido ele a beijou. Tenten ficou paralisada, totalmente surpresa em ter os lábios dele sobre os seus, que em seguida se estenderam por seus dedos acariciando lentamente a lateral de seu corpo. Logo ela sentiu a macieis dos lábios do Hyuuga e um calor lhe invadiu. Por Kami... Se entregou. Cedeu como sempre soube que cederia a ele. Logo estava abrindo mais os lábios e os movimentando em uma dança sincronizada.

O encaixe era perfeito, a testuda, o calor, o cheiro, tudo os atraia. Logo, um longo suspiro escapou dos lábios dela, o que atiçou ainda mais o libido dele e o desejo por se tocarem ainda mais. Tenten envolveu seus braços no pescoço dele e afundou suas mãos naqueles longos cabelos cor de mogno, que ela achava absurdamente sexy. Neji cedeu mais de seu peso contra a Mitsashi, sentindo a pele dela contra seu peito nu, descendo suas mãos por sua cintura e em um ato quase que inconsciente ela abriu uma das pernas para que ele se encaixasse melhor.

Gemeram com o contato. Ambos estavam tão desejosos um pelo outro que nem se davam conta do quão envolvidos estavam naquele frenesi. Ele explorava a boca dela de forma faminta, como quem encontra um oásis no deserto, deslizava sua mão para a coxa desnuda depositando um aperto em sua carne macia. Ele a queria tanto. Tenten o apertava mais contra seu peito buscando mais contato, a excitação que sentia era tão latente que sentia sua intimidade pulsar desejosa por qualquer atrito que lhe causasse alívio.

Estavam totalmente perdidos um no outro. Totalmente envoltos em sua própria atmosfera de desejo e descoberta, que nada mais importava além de tocar e sentir o outro. Até que foram ouvindo alguns ruídos ao longe, que se tornavam mais altos. Não queriam interromper aquele contato, estavam tão sedentos um pelo outro que Konoha poderia explodir em uma nova guerra que eles não se importavam, só queriam se amar.

- ei seus pervertidos! - Ino bradava e batia na porta do quarto. - já chega, tem visita pra vocês!

- amiga, tem um Anbu a sua procura! - a voz de Sakura soava mais ao fundo.

E foi com a menção dessas palavras que a realidade os atingiu em cheio. Se separaram, totalmente ofegantes. Seus olhares ainda conectados, e as mentes ainda entorpecida pelo desejo, quando mais batidas foram ouvidas, então se separaram em definitivo. Assim que teve o corpo pesado do Hyuuga longe do seu, automaticamente sentiu falta daquele calor que ele emanava, mas não teve muito tempo para protestar porque logo a porta foi aberta e um furacão loiro adentrou o quarto.

- sinto muito atrapalhar a brincadeira, mas o dever chama... - sua expressão não era das melhores. Tenten passou um rápido olhar e pode ver Sakura e Hinata atrás da loira, com caras também não muito boas.

- o que aconteceu?

- a Hokage solicita sua presença, Tenten. - Hinata prossegue. - tem um Anbu na varanda querendo falar contigo.

A morena pisca algumas vezes ainda atordoada, concorda com a cabeça e vai até a varanda. Os poucos passos que deu até o seu destino, sua mente tentava se livrar da névoa de desejo que estava envolvida alguns instantes atrás.

- estou aqui, o que houve? - se dirige ao homem mascarado a sua frente.

- a Hokague-sama solicita sua presença com urgência em sua sala.

- a essa hora? O que a vovó quer? - Naruto fica ao lado da amiga.

- essa informação não me foi concedida, senhor Uzumaki. Apenas preciso acompanhar a senhorita Mitisashi até o prédio Hokague.

- deve ter acontecido algo grave pra ela te chamar a essa hora... - Sakura fala um pouco mais atrás.

- nós vamos contigo, amiga! Deixa só...

- sinto muito, senhorita. Mas as ordens são para levar apenas a senhorita Mitsashi. - o ambu adverte.

- mas eu irei junto. - Naruto assume uma postura altiva. - possuo autorização de comparecer em todas as reuniões em circunstâncias adversas.

- mas se ele vai, nós também vamos! - Ino tenta novamente.

- gente! - Tenten se vira para os amigos. - tá tudo bem. Aposto que deve ser alguma missão, nada demais. Eu dou notícias. Fiquem calmos, ta bem?! - tenta confortar os amigos, mas ela também pressentia que algo estava errado. Dificilmente se fazia uma convocação no meio da noite, a não ser que houvesse algum problema grave.

- vamos então? - o Anbu parecia impaciente com todo aquele falatório.

Tenten olhou para Naruto que tentou lhe transmitir um olhar de conforto, juntamente com um sorriso. Estavam para partir quando Neji os chamou e entregou um blusão para Tenten se cobrir, foi quando percebeu em que trajes estava. Por kami, alguém me enterra! Aceitou de bom grado a blusa, ainda muito vermelha devido aos últimos acontecimentos. Seu olhar cruzou alguns segundos com o de Neji e pode perceber a mensagem que ele queria lhe passar "fique bem". Suspirou e finalmente partiram.

O caminho até a torre nunca pareceu tão longo, o silencio entre os três deixava tudo ainda mais desconfortável. Após incontáveis minutos, chegaram ao seu destino. Após a autorização, adentraram a sala da Hokague.

- boa noite Tenten... e Naruto? O que faz aqui? - Tsunade estava atrás de sua mesa, sua expressão era de cansaço.

- eu estava com a Tenten quando ela foi chamada, e como sei que essas convocações noturnas são sinônimo de problemas, resolvi vir também. - Tsunade encara o loiro e apenas suspira, ela estava sem forças para discutir qualquer outra coisa no momento.

- tudo bem. Pode ser bom ter um amigo por perto em um momento como esse...

- Tsunade-sama... - Tenten dá um paço e direção a Hokague. - por favor, o que está acontecendo?

Tsunade inspira profundamente, estava cansada, sua cabeça doía e seu corpo todo protestava pela falta de sono. Mas preferia enfrentar horas de reunião do que ter que lidar com uma situação como aquela. Eram nesses momentos em que preferia ser qualquer coisa, menos Hokague.

- Tenten, eu preciso que você preste bem atenção no que eu vou lhe falar, e por favor se puderem, não me interrompam. - encara Naruto na última frase e depois volta o olha para a kunoichi. - é do conhecimento de todos que o Clã Uchiha enfrentou uma rebelião interna, seguida de muitas perdas e prisões, mas as coisas vem melhorando desde que Itachi assumiu o posto de líder. Porém, alguns ninjas que apoiaram a rebelião conseguiram fugir da vila antes que fossem capturados para sofrerem as devidas punições. E dentre esses fugitivos, um grupo de nukenins Uchihas viajou até a vila da nuvem e cometeu diversos crimes, mas foram capturados nas proximidades de Konoha e estavam sendo escoltados de volta para a Nuvem, já que eles desejavam aplicar sua própria justiça aos nukenis.

- mas vovó, se os desgarrados eram de konoha, não caberia a nós aplicar a punição? - Naruto franze o cenho.

- em outras circunstâncias sim, mas a vila da Nuvem sempre foi uma aliada instável. Nunca tivemos de fato a confirmação de que ela estaria ao nosso favor, então essa situação de troca de prisioneiros serviu para estreitar os laços entre nós. Agora por favor, não me interrompa mais! - a mulher advertiu. - pois bem, aonde eu estava? Ah sim... na escolta de prisioneiros. Então, ouve um incidente nessa escolta, e o grupo de escolta foi atacado. Parece que eles contavam com aliados.

- senhora... me desculpe, mas... o que tudo isso tem a ver comigo? - Tenten já estava impaciente. Seu coração estava doendo e sua garganta apertada.

- pois bem Tenten... seus pais estavam nesse grupo de escolta. E assim que perceberam o ataque reportaram a mim, e mandei reforços... porém, não chegaram a tempo e... - desviou o olhar um segundo e inspirou profundamente. - seus pais foram mortos em combate.

Tenten piscou algumas vezes enquanto encarava a mulher a sua frente, esperando ter a confirmação de que havia escutado errado e tudo não passou de um delírio de sua mente. Mas ela continuava ali, parada com as mãos cruzadas na frente do rosto lhe encarando seriamente. Perai, o que? Seus pais haviam morrido? Como? Quando? O que? Muitas coisas passavam por sua cabeça. Abaixou o olhar para o piso de madeira da sala, sentindo-se tonta.

Tudo parecia muito confuso. Ouvia ao longe vozes abafadas, não entendia o que estava sendo dito e também não se importava. Como assim seus pais estavam mortos?! Foi quando sentiu uma dormência lhe atingir as extremidades das mãos, sua respiração ficou curta e descompassada, como se não houvesse oxigênio o suficiente naquela sala. Piscava tentando buscar foco, mas sua visão começou a ficar embaçada, sentiu seu corpo pesar. Sabia que havia pessoas ao seu redor, mas não conseguia identificar quem eram, o que estava sendo dito. Nada fazia sentido, apenas a dor pungente em seu peito. E então, tudo ficou escuro.

TENTEN

Sinto meu corpo frio. Não reconheço onde estou, parece ser um lugar escuro e sujo, o cheiro de sangue e metal está impregnado no ar. Tento me mexer mas não consigo, meus braços estão atados em correntes pesadas sobre minha cabeça. E aparentemente estou sem chackra pois me sinto absurdamente cansada. Que lugar é esse? Olho ao redor e pareço notar algo em um canto escuro, algo que não havia prestado atenção da primeira vez. Estreito mais os olhos para distinguir entre a penumbra a silhueta em minha frente.

Aparenta ser uma pessoa, não, duas pessoas. Uma ao lado da outra. Estão deitadas e imóveis no chão frio. Mas o que? Eu sinto que conheço essas pessoas, mas de onde eu não sei ao certo. Ergo meu corpo com certa dificuldade, porque parece que ele pesa mais do que deveria. Levanto e me estico para ver seus rostos. São um homem e uma mulher, respectivamente, deitados lado a lado como se estivessem em um sonho tranquilo. Mas algo em mim afirma que não está certo. Eu conheço essas pessoas, por Kami quem são?!

Puxo e forço as correntes em meus pulsos e por algum milagre do destino elas soltam meus pulsos, o impulso me faz cair de quatro no chão. Meu corpo dói e parece pesar uma tonelada. Me arrasto até aqueles estranhos deitados no chão frio, sinto que devo chegar até eles. Meu corpo pesa mais e mais a cada passo. Por Kami eu preciso seguir. Me arrasto, é a única forma em que consigo me locomover.

O chão com terra fria, o ar úmido está impregnado com um cheiro de morte. Não sei onde estou, a única certeza é que preciso chegar até eles. Eles quem? O caminho parece maior, quanto mais esforço, mais distante fica. Frustração. Por mil demônios, eu consigo! Inspiro o ar com raiva e isso me impulsiona a seguir. Estou a centímetros de tocar a mão do sujeito quando eu sinto algo me puxar pelo tornozelo. Não! Não! Não! Porra não!

- Tenten, você está bem? - uma mulher está parada ao meu lado.

Sinto minha respiração acelerada, a luz ainda ofuscando meus olhos, pisco algumas vezes para tentar estabilizar a visão e identificar onde estou. É tudo muito branco, o ar ainda está frio. A mulher que está parada ao meu lado tenta me tocar, mas eu esquivo em um reflexo.

- oh desculpe! Está tudo bem! Você está num lugar seguro!

- onde eu estou? Por quanto tempo eu dormi? Quem é você?

- calma, senhorita Tenten. A senhora está no hospital geral de Konoha, me chamo Hana, sou a enfermeira encarregada de monitorar a senhora, mas já foi avisado a doutora Haruno que a senhorita está acordada. Por favor, se acalma.

Hospital? Que? Quando isso aconteceu? Pisco mais algumas vezes tentando buscar na memória algo que me faça entender que diabos aconteceu. Calma, respira, concentra...merda. A última coisa que lembro é de ir a sala da Hokage, o Naruto estava lá e então...

- puta m...

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