Street Racer - Brittana

Capítulo 11

 Pov Brittany Pierce

 — Você está melhor? — a voz rouca e suave surgiu atrás de mim — trouxe isso pra você colocar no seu pulso — ela me entregou um copo de gelo. Eu não tinha coragem nem de encara-lá.

 — obrigada. — disse num sussurro, pegando o copo que ela estendia em minha direção. Coloquei o gelo no vermelho que Santana tinha deixado no meu braço — Olha me desculpa ter pensado tudo aquilo de você, eu só... não sei.

 — Não precisamos falar disso agora — ela disse, provavelmente vendo meu desconforto. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu estava com vergonha.

 — Então... Você é piloto de rachas? — perguntei tentando quebrar o clima pesado.

 — Basicamente. — ela disse pegando uma latinha de Dietcoke e dois copos. Ela não estava afim de papo.

 — O que era aquilo no envelope? — perguntei curiosa quando ela me entregou um dos copos.

 — Bom, cocaína que não era. — ela disse sarcástica, e me senti culpada por ter acusado ela disso. Acabei ficando sem graça — Era só o dinheiro do prêmio. Antes de você chegar me batendo, eu tinha acabado de correr e ganhei.

 — Santana, me desculpa ok? Kitty me contou coisas que...

 — Brittany! — exclamou — Kitty é uma mentirosa manipuladora, e eu tentei te avisar sobre ela várias vezes! — exclamou exasperada, levantando o tom de voz. Ela percebeu que tinha levantado o tom, e respirou fundo. Ficamos em silêncio por alguns segundos.

 — Ei! Quinn nos contou sobre o que Kitty disse — Rachel disse se aproximando — Britt, eu sempre te disse que ela não era uma boa companhia.

 — É, agora eu sei. — disse. Ouvi Santana bufar ao meu lado.

 — Vão ficar pra festa? — Santana me perguntou — Blaine ainda vai correr. Rach já correu, mas ficou em segundo.

 Olhei pros lados e vi Kurt, Quinn e Blaine dançando numa pista improvisada. Taylor e Sofia numa conversa animada. Eu não queria ficar, não depois de tudo isso.

 — Eu posso te levar pra casa se quiser. — ela disse como se tivesse lido minhas expressões. Eu não queria ficar, então apenas acenei com a cabeça — Me espera aqui, vou falar com o pessoal que estamos indo.

 — Olha, Brittany — Rachel chamou minha atenção com a voz tranquila — Santana não gosta que duvidem dela, ainda mias que a acusem injustamente. — suspirou defendendo a irmã — Ela é um ser humano maravilhoso, é só você dar uma chance — ela me olhou sincera, me deu um beijo na bochecha e foi embora. Suspirei pesado. Rach também tinha direito de ficar chateada comigo, mas não ficou.

 Eu não estava muito confortável de ir no mesmo carro com Santana, estava claro que ela estava chateada ou sei lá. E por mais que eu estivesse errada, algumas coisas ainda não faziam sentido.

 — Vamos. — ela disse quando voltou.

 Fomos caminhando em silêncio pro carro preto estacionado ao lado do meu. Abri a porta do carona e me sentei. Nunca tinha entrado no carro dela, e ficar na presença de Santana me deixava nervosa e intimidada.

 Ela deu partida no carro. Algumas coisas martelavam na minha cabeça.

 — Brittany, sua perna está me irritando. — Santana disse num tom grosseiro. Olhei pra minha perna e vi que não parava de balançar.

 — Desculpe. — murmurei.

 Continuei pensando em tudo, quer dizer, aquela corrida de rachas talvez não prove nada. Santana ainda tinha sido pega em flagrante pela polícia e todo aquele dinheiro debaixo da cama não poderia ser apenas de corridas, era muito dinheiro.

 — Tá bom, eu não aguento mais. — ela disse sem paciência, encostando o carro na esquina de nossa casa — O que foi? — perguntou me olhando. Ela definitivamente estava irritada.

 — Eu só... — não queria fazer um interrogatório com Santana. Eu não tinha esse direito.

 — Fala logo, Brittany — disse sem paciência.

 — Tem algumas coisas que ainda não fazem sentido — disse com medo de sua reação. Olhei pra ela, e ela estava esperando que eu continuasse — O que aconteceu com Mila?

 — Kitty aconteceu com Mila! — ela disse brava, passando a mão no rosto.

 — Me conte a história Santana. — pedi. Ela suspirou e começou.

 — Brittany, Kitty armou para que a mãe da Mila achasse que ela estava envolvida com drogas. — Santana parecia não querer prolongar o assunto.

 — Mas por que? Mila e Kitty eram namoradas.

 — Não, claro que não! Foi isso que aquela idiota te contou? — quase gritou indignada. Ela ficou vermelha, e eu sabia que era de raiva — Kitty era apaixonada por Mila, mas Mila não gostava dela! Elas tinham ficado uma vez, mas Mila não queria nada com ela, então Kitty começou a achar que Mila não gostava dela, porque gostava de mim.

 — E por isso armou tudo isso? Ela disse que era culpa sua e que você ainda deu um soco nela.

 — E dei. Kitty andava muito estranha e agia como se fosse dona de Mila. Descobri que ela tinha feito tudo isso e que Mila foi forçada a ir pro reformatório sem nem ao menos poder se explicar, então eu fui até a escola no dia seguinte e soquei a cara dela. Essa maldita acabou com a vida da minha melhor amiga.

 Os dedos de Santana estavam brancos pressionando o volante com força. Ela não me olhava e sua mandíbula estava travada. Tudo o que ela dizia parecia extremamente sincero e doloroso. De repente a culpa tomou conta de mim. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, Kitty poderia ter me enganado direitinho.

 — Uma coisa ainda não faz sentido. —  eu disse depois de alguns minutos absorvendo em silêncio o que ela havia dito — Por que você foi presa em flagrante? — ela virou o rosto pra mim quase que automaticamente com os olhos intimidadores e expressão fechada.

 — Como você sabe disso? Não me diga que foi Kitty, nem ela sabe disso. — Merda! Eu não devia ter aberto a boca. Santana estava com uma expressão assassina no rosto — Você invadiu meu quarto?! — ela afirmou mais do que perguntou — Brittany, você invadiu a porra do meu quarto? — repetiu a pergunta quase gritando e segurando meu rosto para encara-la.

 Seu tom estava começando a me assustar. Eu não sabia o que fazer, então apenas assenti com a cabeça.

 — QUE DROGA BRITTANY! — ela explodiu — Você poderia ter me perguntado tudo isso, eu iria te responder! Não precisava entrar na porra do meu quarto e tirar suas próprias conclusões! Você não é nenhuma Sherlock Holmes! Eu fui presa em flagrante sim, mas não pela merda que você está pensando. Eu fui pega disputando racha, que acredite se quiser, não é muito legal aos olhos da lei. — ela ficou ofegante tentando controlar sua irritação. Eu estava intacta no banco, assustada — Quer saber? Eu não te devo explicações.

 Não consegui falar nada depois que Santana deu partida no carro. Eu ainda estava assustada com o modo que ela falou, e estava me sentindo culpada.

 Ela estacionou na frente de minha cassa. Eu deveria falar alguma coisa, mas ela não parecia querer que eu fizesse isso. Me virei pra sair do carro mas a porta estava trancada.

 — Sabe a pior parte disso tudo? — ela me perguntou de repente — Eu queria me aproximar de você. Perguntei pra Sofia o por quê de você me odiar tanto, e ela me disse que você guardava rancor de mim por causa daquele laço de cabelo seu que eu destruí sem querer quando éramos crianças. — ela disse jogando o objeto no meu colo, com raiva — Sai.

 Meus olhos se encheram de água e sai do carro, com o laço na mão, e entrei em casa.