22- ALISHA

18 2 0
                                    

Meu corpo está cheio de sangue. Eu estou num carro todo amassado e Noah está bem ao meu lado. Eu olho para ele e vejo que está gemendo de dor e se contorcendo no banco do motorista. Já eu, não consigo me mover. Em meio aos gemidos de dor, o rapaz diz com uma voz fraquejando:

- Me desculpa.- ele começa a chorar. E eu também posso sentir meus olhos se afogando em lágrimas.

De repente, ouço um barulho de ambulância, homens tensos e até barulho de sirene de polícia. Um homem chega na janela do carro e olhando para a nossa angústia, tenta nos tranquilizar:

- Vamos tirar vocês daí, ok?- apenas respondemos com gemidos e um balançar de cabeça bem rápido

Já estou fora do carro, coberta com uma manta e recebendo cuidados de socorristas. Noah está sentado na calçada com uma feição de decepção, seus olhos estão vermelhos de tanta chorar. Vejo alguns homens levando o amigo dele, Travis numa maca para a ambulância. Ele estava muito ferido. Tinham policiais conversando com as pessoas do outro carro. O homem que dirigia estava passando por teste de bafômetro, e deu que ele realmente estava bêbado. A única pessoa sóbria naquele carro era uma menina da idade da Hosanna. Tinham quatro pessoas lá.

- Você é parente dele? - uma mulher pergunta a Noah enquanto os outros fechavam

- Sou amigo- ele responde e suspira

- Então venha comigo- ela o chama e eles entram na ambulância.- Venha você também. Está muito ferida ainda, precisa de cuidados- eu atendo a moça e caminho com dificuldade até o automóvel.

Olho para Travis. Depois para o menino de olhos verdes, suspiro e as cenas do acidente se reproduzem em minha mente. Lembro dos meus gritos e da batida dos dois carros. Lembro de sentir o impacto e acontecer tão rápido. Parece que estou revivendo tudo. Desde o encontro brusco dos dois carros, os vidros quebrando, até o que eu pensei que seria meu último suspiro. Após a batida, minha cabeça ficou acima do airbag, e o sangue saía das minhas narinas. E me ver naquele estado só me trouxe vontade de gritar. Mas não podia. Não conseguia nem respirar. Só conseguia olhar para Noah, e vê- ló naquele estado. Fechava meus olhos para tentar lembrar de coisas boas. Só coisas boas, Alisha. A imagem do sorriso do garoto me acalmou. Mas, foi logo interrompida pelos repentinos sons ensurdecedores da colisão dos carros. Ao olhar  para trás, Urrea vê seu melhor amigo engasgando, com pedaços de vidro do painel ao seu redor e até sobre seu corpo, cortando a pele de seu braço. Podia ver o desespero nos olhos dos dois. Tudo doía em mim, desde minha cabeça latejante até meu interior.

Me desligo dos pensamentos quando vejo que chegamos no hospital. Os homens tiram a maca da ambulância e começam a descrever a situação de Travis. Saímos das quatro rodas e me deparo com muitos médicos ansiosos para pegar mais um caso surpreendente. Me sentia em Grey's Anatomy, porém a sensação não era vibrante. Era desesperadora.

- Jovem de 18 anos com fratura na perna e cortes profundos nos braços.- uma mulher anuncia enquanto outra segura a bomba de respiração na boca do rapaz.

- Parece que perdeu muito sangue- diz um homem alto de olhos azuis e cabelos ruivos. - Doutora Swan, leve esse rapaz para a sala de Trauma. Eu já estou indo pra lá.

Noah vendo tudo, aborda o médico que já estava seguindo seus colegas de trabalho:

- Doutor, o senhor acha que ele vai morrer?- lágrimas começavam a cair de seus olhos e eu, vendo isso, suspirava e engolia o choro.

- Vamos fazer o possível para que ele viva. - o homem respondeu, tentando passar confiança. Logo depois, o mesmo continuou sua ida ao hospital.

- Noah- chamei a atenção do menino que digitava rápido no seu celular. Ele não me atendia. - Noah!- bradei para que o menino me ouvisse.

𝐀 𝐒𝐞𝐜𝐫𝐞𝐭 𝐋𝐨𝐯𝐞 | 𝚗𝚘𝚊𝚑 𝚞𝚛𝚛𝚎𝚊 (✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora