Cap. 26

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-- Estou ansiosa, sabe? Em pouquíssimos meses saio finalmente. -- Lorna comemorou e Carina sorriu, olhando em volta.

Elas estavam na mini-arquibancada onde apenas Maya se sentava enquanto a mais velha havia ido ao banheiro. O dia estava ensolarado e já fazia quase dois meses que a morena estava presa e quanto mais tempo ali, mais curiosa ela ficava sobre Maya, mas não a pressionaria.

-- Você também deveria estar. Faltam quatro meses. -- Lorna disse sorrindo e Carina forçou um sorriso, assentindo.

-- Estou, afinal verei minha sobrinha. -- Carina disse, sorrindo, dessa vez, sinceramente.

-- Olha só como nos olham. -- Lorna disse olhando em volta. -- Como as rainhas do mundo. Céus! Eu nunca havia sentado aqui antes. -- Falou animada e Carina riu. -- Acho que ninguém daqui, na verdade. A única pessoa que sentava aqui era a ex-amiga de Maya. -- Carina franziu o cenho.

-- Ex-amiga? -- Carina perguntou confusa.

-- Sim, a ex líder. -- Lorna explicou e Carina a olhou surpresa.

-- Maya derrotou a própria amiga? -- Carina perguntou e Morello deu de ombros.

-- Não se surpreenda com algo assim, estamos na cadeia. -- disse, porém Carina ficou ainda mais intrigada. Maya dissera que não queria amigos aqui dentro. Seria culpa?

-- Séria assim por quê? -- Maya perguntou, fazendo Carina negar com a cabeça e sorrir fraco. A loira suspirou e subiu na mini-arquibancada, sentando-se ao seu lado. -- Não ficou contente com o que fizemos mais cedo?

-- Muito. Obrigada. -- Carina disse, deitando a cabeça em seu ombro. -- Eu estava com saudades de falar com ela.

-- Falaram em um celular? -- Lorna perguntou chocada e Maya olhou em volta, verificando seu não havia policiais por perto. -- Vocês são doidas. Carina, você está prestes a sair, não deveria arriscar.

-- Eu não deixaria ela levar a culpa. -- Maya disse solenemente. -- E é melhor não tocarmos nesse assunto, não quero dar brecha para alguém nos ouvir. -- Avisou. -- Olha só o que eu trouxe para nós. -- Falou, retirando de baixo de sua blusa um cacho de uvas roxas.

-- Como conseguiu? -- Carina perguntou erguendo a cabeça, vendo Maya retirar uma uva do cacho e levar até a boca da morena.

-- Sem perguntas. -- Ela disse, dando um selinho em Carina assim que ela capturou a fruta entre seus dentes.

-- Chata. -- Carina disse rindo, mastigando e engolindo a fruta antes de passar dois braços ao redor do pescoço de Maya e apoiar seus seios no braço dela. -- Mais uma. -- Pediu, abrindo a boca e Maya riu, levando mais uma fruta até seus lábios.

A morena segurou a fruta entre seus dentes e a direcionou até a boca de Maya, fazendo a loira roubá-la e comê-la. Carina sorriu e pincelou seu nariz no de Maya antes de apoiar sua testa na dela.

-- Me conta? -- Carina insistiu e Maya sorriu, bufando antes de assentir.

-- Eu tenho amizade com a tiazinha da cozinha. -- Maya disse baixinho e Carina riu de uma forma nasalada antes de fechar os olhos e lhe dar um beijo casto.

-- O mais bonito de tudo é que sem vocês nos falarem é possível ver o quão apaixonada vocês estão. -- Lorna disse suspirando e Carina, que acabara de capturar mais uma fruta entre seus lábios, começara a tossir incessantemente.

-- Você está bem? -- Maya perguntou e Carina assentiu, tossindo ainda mais.

-- Foi só... -- Ela tomou ar quando a tosse cessou. -- A fruta. -- Disfarçou.

-- Uh, que bom. -- Maya disse, vendo Lorna sorrir em sua direção e logo corou. -- Eu, uh, vou ali dentro ver se não...

-- Certo. -- Carina disse constrangida. -- Eu vou ficar bem aqui com a Lorna. -- Maya assentiu e se levantou, entregando o cacho de uvas para Lorna.

-- Nos vemos. -- Maya disse, incerta sobre beijar ou não Carina logo após Lorna ter tocado em um assunto tão frágil.

-- Certo. -- Carina respondeu e maya sorriu amarelo, se afastando. A morena soltou o ar de seus pulmões e enterrou o rosto em suas mãos.

-- O que foi isso? -- Lorna indagou confusa e Carina negou com a cabeça.

-- Não toque em assuntos como amor, paixão ou algo assim entre Maya e eu, Lorna -- Carina pediu.

-- Por quê? -- Indagou confusa.

-- Porque... Não posso dizer a ela como me sinto. Não vê que ela fugiu? Claramente ela não quer que nos envolvamos nisso de sentimento.

-- Besteira! Vocês já estão envolvidas, só não tocam no assunto.

-- Você acha que ela... -- Carina mordeu o lábio inferior e Lorna sorriu.

-- Óbvio. -- A outra respondeu apressadamente. -- Deveriam aproveitar que sentem isso e falar uma com a outra. Não precisam se separar ou fazer aquele drama todo de "não deveríamos e blá-blá-blá.".

-- Não é tão simples desse lado aqui da história. -- Carina disse.

-- É sim. Vocês só precisam falar, porque qualquer um que olha vê que estão irremediavelmente apaixonadas.

-- Não precisamos falar então. Se qualquer um vê, então ela já deve ter notado também. Há coisas que não precisam ser ditas.

-- Você sequer tinha certeza se era recíproco se eu não tivesse falado. -- Lorna alertou. -- Ela deve se sentir igual. -- A morena olhou em volta e suspirou.

-- Aos poucos nós duas vamos conversando. -- Carina disse e lorna sorriu.

-- Você tinha razão, sabe? -- Morello falou e Carina franziu o cenho.

-- Em quê? -- Indagou confusa.

-- Em dizer que ela é boa. -- Falou naturalmente. -- Ela se esconde por trás da pinta de durona, mas tem um bom coração.

-- Sim. -- Carina disse, deixando um sorriso enorme rasgar seu rosto. -- Ela tem.

-- E é todo seu. -- Lorna falou e Carina a fitou.

-- Eu acho que eu vou lá falar com ela. --  disse e foi Lorna quem sorriu abertamente dessa vez.

-- Sim! -- a de lábios pintados disse, batendo palminhas de excitação antes de um ruído escapar de si. -- Droga de risada que estraga meus momentos. -- Ela falou e Carina gargalhou.

-- Eu te adoro, garota! -- Carina falou ainda rindo e abraçou sua amiga.

-- Agora vá lá e use esse mesmo entusiasmo para falar que está apaixonada.

-- Eu não vou falar isso. -- Carina disse rindo. -- Digo, eu vou tentar, mas se eu ver que ela reage mal eu vou desistir.

-- Certo. Boa sorte nisso e bom divertimento no acasalamento pós revelação. -- Ela disse, piscando para a morena, que riu.

-- Não iremos transar. -- Carina disse, porém no fundo desejava que sim.

Presa Por Acaso | MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora