Cap. 40

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Carina caminhava de um lado para outro ansiosa; estava morrendo de saudades de Maya, afinal mal tinha podido se despedir decentemente de sua namorada. Ela subiu as mangas de sua camisa branca social e ajeitou os cabelos. Será que deveria ter trocado de roupa antes de passar ali? E se Maya não se atraísse por ela vestindo social?

Negou com a cabeça e riu para si mesma. Maya não era esse tipo de garota, jamais se incomodaria com o tipo de roupa que ela usava. Não mesmo.

-- Poderia se sentar? Está me deixando nervosa. -- Bullock disse e Carina a fitou, rindo baixinho.

-- Desculpe, é que estou ansiosa. -- Ela disse esfregando as mãos em sua calça.

-- Jura? Eu não poderia dizer isso se não tivesse me avisado. -- a mais velha foi irônica, fazendo Carina negar com a cabeça.

-- Não use de sua ironia comigo. Você só está aqui para que eu não precisasse ficar nua na frente daquelas mulheres. -- Sandra riu.

-- Ou seja, eu vim segurar vela. -- A morena iria dizer algo, entretanto o ruído da porta se abrindo fez Carina virar o rosto na mesma hora.

Seu sorriso morreu quando encontrou Victoria com uma cara não tão boa.

-- Por favor, não me diga que ela está com aquela frescura de que eu não deveria vir. -- Carina pediu, vendo Hughes se aproximar.

-- Desculpe, mas ela não quer te ver.

-- Por quê? -- Carina indagou confusa e Victoria riu com escárnio.

-- Por quê? -- Victoria perguntou irritada. -- Como "por quê?" Você saiu sem mais nem menos. -- Informou. -- Não deu nem um tchau, a abandonou. Aquele dia ela te esperou por horas. Se atreveu até a ir à enfermaria ver se você não estava por lá. -- falou, respirando fundo. -- Ela te procurou por todos os lados achando que tinham aprontado algo com você e quando disseram que você foi solta e que preferiu não vê-la...

-- Ôh, ôh, ôh! -- Carina disse, erguendo as mãos na frente de seu corpo ao ouvir o tom acusatório na voz da policial. -- Primeiro que eu não sabia que eu sairia. Segundo que eu não tinha como avisá-la desde que jamais me avisaram que eu sairia e ela deveria deduzir isso. -- Falou firmemente. -- E terceiro que eu dei dois mil dólares para uma policial apenas para ela lhe entregar um bilhete. -- Vic se calou, a olhando surpresa. -- E pelo jeito a vadia não deu a ela meu bilhete. -- Deduziu, respirando fundo.

-- Você não... não a deixou? -- Victoria indagou, tentando comprovar que o que ouvira era real. Tudo não havia passado de um mal entendido.

-- Como eu poderia? -- Carina disse. -- Eu estou aqui, não estou? -- Vic assentiu. -- Eu poderia estar em qualquer lugar do mundo, desfrutando da minha liberdade, mas ao invés disso estou bem aqui, em uma prisão no meio do nada, unicamente para vê-la. -- a negra viu a forma como os olhos de Carina brilharam e como a ternura invadiu seu ser.

-- Oh meu Deus, você gosta mesmo dela. -- Carina sorriu debilmente e assentiu.

-- Sim, eu gosto. -- Ela disse com doçura e Vic suspirou.

-- Olha, vou tentar falar com ela de novo. Ela está meio nervosa com isso de gastar um pouco do dinheiro da fiança e pode estar descontando na situação, mas...

-- Fiança? -- Carina perguntou confusa. -- Que fiança?

-- Droga. -- Victória murmurou. -- Não é nada.

-- Victoria, que fiança? -- Carina insistiu e Sandra arqueou uma sobrancelha, mais interessada na conversa.

-- Ela vai me matar. -- Vic murmurou, tomando coragem antes de comprimir os lábios. -- A fiança dela, Carina. -- A morena piscou confusa.

-- Maya pode sair com fiança? -- Carina perguntou surpresa.

-- Você não sabia disso? -- Sandra perguntou confusa.

-- É claro que não. Você sabia?

-- Óbvio. Eu pedi para ser advogada dela, tive que ler seu caso.

-- E por que não me disse nada? -- Carina questionou.

-- Porque eu pensei que você soubesse. -- Sandra se explicou e Carina fitou Victoria.

-- Não entendo por que ela não me contou isso... -- Carina disse e Victoria umedeceu os lábios.

-- Olha, Carina, Maya  gosta mesmo de você. -- Hughes começou. -- Nunca a vi tão leve e feliz igual quando estão juntas. -- Explicou. -- Você já a perguntou se ela estava com você por dinheiro. Você acha mesmo que ela te contaria isso? -- Vic riu tristemente. -- Ela jamais colocaria o sentimento dela em dúvida diante de seus olhos.

-- Eu perguntei aquilo quando mal a conhecia. Quando ela não me contava nada e me protegia sem eu entender o motivo. -- Carina se explicou. -- Eu jamais pensaria isso dela.

-- Fico feliz. -- Vic disse sorrindo aliviada. -- Porque aquela garota te adora.

-- É recíproco. -- Carina disse ruborizando levemente. -- Então... -- Disse limpando a garganta. -- Aquele dia você mencionou que naquele mês você tinha conseguido mais duzentos. Era dinheiro para a fiança, não era? -- Vic assentiu.

-- É. Andy e eu nos encarinhamos mesmo com ela e a queremos como madrinha de nosso casamento, então estou juntando para pagar a fiança. -- Vic disse. -- O casamento será simples, porque a fiança é alta e não tenho condições, mas está convidada.

-- Sabe o quê? -- Carina disse sorrindo. -- Pegue todo esse dinheiro que você guardou para a fiança da Maya e invista em seu casamento ou lua de mel, o que preferir. -- Carina disse animada. -- Porque a fiança de Maya estará sendo paga hoje. -- Vic arregalou os olhos incrédula, emocionada e agradecida.

-- Co-como? -- Indagou e Carina riu.

-- Isso mesmo que você ouviu. Só... poderia dizer a ela que você que conseguiu? -- Vic fez uma careta ao ouvir aquilo.

-- Ela não vai gostar se...

-- Não se preocupe. Essa não será uma daquelas situações onde a pessoa fica magoada quando descobre a verdade e etcetera. -- Carina disse rindo. -- Eu contarei a ela assim que olhar em seus olhos. Só sei que ela pode ser teimosa, então...

-- Entendi. -- Vic disse sorrindo emocionada. -- Obrigada. Eu realmente não sei como agradecer.

-- Eu que agradeço. Saber que ela pode sair foi a melhor notícia que recebi em muito tempo. -- Carina disse verdadeiramente. -- Pode me fazer um favor? -- A negra assentiu. -- Diga à Lorna que virei visitá-la e que no dia que ela sair eu mesma farei questão de vir buscá-la.

-- Eu direi. -- Vic respondeu e Carina assentiu sorrindo.

-- Bem, quanto é a fiança? -- Carina indagou.

-- Treze mil dólares. -- Vic disse receosa e Carina fez uma careta. Maya estava presa por tão pouco?

-- Bem, então esses serão os treze mil dólares mais bem gastos da minha vida. -- Carina respondeu sorrindo. -- Nos vemos, Victoria. Agora tenho uma namorada para soltar, se me der licença.

E dito isso se retirou, fazendo Vic sorrir emocionada. Ela pôde ler no olhar determinado de Carina que, de fato, ela não sossegaria enquanto não tivesse Maya em liberdade.




Presa Por Acaso | MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora