Cap. 29

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-- Quero dizer que fui presa pela falta de opções e pelo desespero momentâneo. -- Ela disse.

-- Conta para mim? -- Carina perguntou e Maya assentiu. Desde sempre Carina a fazia desejar compartilhar sua vida e seus pensamentos com ela. Algo na garota era simplesmente cativante aos seus olhos. Aliás, algo não, tudo nela era cativante aos seus olhos.

-- Meu avô voltou a ter tosses fortes e a cuspir sangue, o que fez eu me desesperar por dinheiro. Tentei de tudo, inclusive pedi em redes sociais, mais era um valor muito alto, nem se eu trabalhasse anos conseguiria.

-- Você... roubou? -- Carina indagou e Maya suspirou.

-- Começou a aparecer uns babacas oferecendo dinheiro para transar comigo e aquilo me deu muita raiva. Quem faria aquilo? Eu disse que meu avô estava morrendo e eles me tratando como prostituta, então passei o número da conta para eles e disse que iria. Trocamos mensagens e enviei fotos de mulheres nuas que achei na Internet para enganar que era eu. Eu estava com raiva... Desesperada. -- Maya disse com mágoa na voz antes de umedecer os lábios. -- Eles mandaram na minha conta o dinheiro e eu bloqueei eles e vi que o dinheiro vinha fácil. Era de mil dólares para cima, então comecei a fazer isso sempre.

-- Sabe que é compreensível na hora do desespero, não é? -- Carina disse ao ver o auto-desprezo no olhar de Maya.

-- Não, Carina, não é. -- A loira disse sentindo sua garganta se fechar. -- Faltava tão pouco dinheiro, tão pouco... Mas ninguém mais mandou dinheiro em minha conta e acabei marcando encontro com um deles. Eu o embebedei muito e furtei seu relógio, que eu sabia que valia a quantia que faltava. -- Ela riu com desgosto. -- Fui presa por furto e, com as acusações em meu nome, adicionaram a pena de estelionato.

-- Eu sinto muito. -- Carina disse e Maya negou com a cabeça.

-- Não sinta. Fui estúpida e acabei tendo todo o dinheiro congelado, o que resultou na morte do meu avô assim que eu fui presa. -- Ela falou com pesar. -- Ele morreu com a imagem de uma maldita neta criminosa.

-- Maya, não! -- Carina disse, levando uma mão ao seu rosto. -- Não pense assim, por favor. -- Pediu. Ela estava odiando ver a mais velha se sentir daquela forma. -- Aposto que ele sempre se orgulhou muito de você e deve ter imaginado que você queria o dinheiro. Ele te conhecia... -- Os olhos azuis se focaram nos castanhos e mesmo na penumbra do local elas se viam nitidamente.

-- Você acha? -- Maya indagou. -- Eu nunca tive a chance de explicar. Eu...

-- Ele sabia. Tenho certeza. -- Carina disse, se aconchegando mais nos braços de Maya. -- Eu, que te conheço há pouco, saberia, imagina seu avô que com certeza viu seu esforço por ele ao longo dos anos. -- A loira suspirou e apoiou sua testa na de Carina, fechando os olhos ao sentir a carícia da morena em seu rosto.

-- Eu fui liberada para ir no enterro dele. -- Maya disse baixinho. -- Fui algemada, mas estive lá. Pedi perdão... Espero que ela tenha me perdoado.

-- Ele não tem do que te perdoar, amor. -- Carina sussurrou, fazendo Maya abrir os olhos ao ouvir a morena proferir aquela palavra. -- Aposto que se ele pudesse, ele te agradeceria por colocar a vida dele acima de todo o resto e lutar por ele.

-- Obrigada. -- Maya disse, dando um meio sorriso. -- Eu acho que quero te beijar... -- Ela sussurrou e Carina sorriu.

-- Só acha? -- Carina perguntou, deixando um bico manhoso enfeitar seus lábios. A loira sorriu abertamente.

-- Eu tenho certeza de que quero te beijar. -- Maya corrigiu.

-- Está esperando o quê? -- Carina indagou e Maya sorriu, se inclinando para capturar os lábios macios da morena entre os seus. Carina riu entre o beijo ao sentir Maya mordiscar seu lábio inferior e levou sua mão até a cintura de Maya, apertando-a.

-- Eu passaria o resto da vida com você assim... -- Maya falou com a voz meio abafada e Carina suspirou.

-- Não entendo como você é a líder disso aqui... -- Carina disse e Maya riu.

-- Quando eu te contar você não vai acreditar. -- Ela falou, descendo beijos pelo pescoço da morena, que arfou e fechou os olhos.

-- Você disse "Quando"? Isso quer dizer que vai me contar? -- Carina perguntou e retesou os músculos do abdômen quando as mãos de Maya adentraram sua camisa e acariciaram a região.

-- Sim... Não vou te esconder mais nada. -- Maya falou, sentindo Carina segurar sua mão, que migrava para seus seios.

-- Então me conta agora, Maya... -- Carina pediu com a voz densosa e Maya franziu o cenho.

-- Agora? Não podemos transar rapidinho antes? -- A loira perguntou e Carina sentiu seu centro avisar que ela estava excitada.

-- Eu adoraria, mas quero saber. -- Carina falou com muito esforço e a loira negou.

-- Preciso conversar com alguém antes... -- Maya disse e Carina franziu o cenho. -- Mas juro que vou te contar.

-- Não pode dizer nem uma prévia? -- Carina perguntou mordendo o lábio inferior e Maya riu.

-- Não seja curiosa, eu te direi, mas não agora. -- Ela avisou e Carina entortou o canto dos lábios. -- Vamos lá, não faça essa cara. Vou confiar em você mais do que em qualquer pessoa nessa prisão.

-- Até mais que em Andy? -- Carina indagou confusa.

-- Sim. Ela não sabe por que vim presa. Não gosto de falar disso. -- Maya informou e Carina assentiu, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Maya.

-- Então acho que vou aceitar a proposta de transarmos... -- Carina murmurou. -- Mas nada de rapidinho não. Quero fazer amor com você por horas... -- Sussurrou contra os lábios da mais velha.

-- Fazer amor, hm? -- Maya indagou alegre e Carina assentiu.

-- Sim... Quero transar com carinho... -- Ela murmurou e Maya sentiu sua respiração acelerar ao ouvir o tom de voz de Carina.

Ela engoliu em seco e apenas assentiu, afundando sua língua na de Carina com paixão e lentidão, sentindo seu coração bater não só descompassado, senão feliz também.

Estava com quem queria e, apesar de estar presa, vivia finalmente um momento feliz em sua miserável vida.


Presa Por Acaso | MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora