lembrança

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O sol infiltra-se pela janela e eu acomodo-me na sala de estar, sentada em uma borboleta no tapete vermelho felpudo - escolha de Melo -, ajustando o último arranjo de flores para o baile desta noite

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O sol infiltra-se pela janela e eu acomodo-me na sala de estar, sentada em uma borboleta no tapete vermelho felpudo - escolha de Melo -, ajustando o último arranjo de flores para o baile desta noite. Baile esse que Melo é responsável, obviamente, Serkan deixaria a organização a engargo dela e ela por sua vez, pediria-me para ajudá-la.

O Baile de máscaras da Art Life, mais conhecido de Istambul, ocorre anualmente em prol da arrecadação de fundos para várias instituições. Estou concentrada quando meu celular toca, o nome de Serkan brilha na tela; ele liga por chamada de vídeo e eu atendo:

- Preciso da sua ajuda. - Ele diz, e percebo que está numa loja.

- Bom dia. - Digo ironicamente para sua falta de decoro.

- Bom dia, Eda. - responde - Preciso da sua ajuda.

- Certo, o que você quer de mim? - questiono rencostando-me no sofá.

- Qual dessas gravatas devo usar hoje a noite? - Ele levanta uma gravata azul de bolinhas e outra totalmente preta.

Enrugo a testa, aproximando o celular do meu rosto.

- Bolinhas, Serkan? Quantos anos você tem? 80? - Digo sincera, não é como se eu pudesse mentir, de qualquer maneira.

- Também não é pra arrasar com o coração. - Ele responde, fingindo estar ofendido.

- É tudo o que faço no momento. - dou de ombros e penso, apontando para preta logo em seguida. - Essa.

Ele assente, virando o celular novamente para o seu rosto. É inacreditável o quanto ele consegue ser bonito, sem fazer um mínimo esforço.

- Terno com ou sem colete? - questiona.

- Sem, menos formal.  - respondo considerando que a imagem dele com um terno de três peças me parece bem tentadora. Opto pela minha sanidade mental.

Se for errado vez ou outra desejar seu melhor amigo, não quero estar certa.

- Obrigada, Eda Yildiz. - Eu balanço a mão. - Você já viu o local?

- Ainda não, estou ocupada terminando os arranjos, depois de muita insistência da Melo. - Não sei de onde ela tirou a idéia de que tenho talento pra isso.

- Tudo o que você toca vira arte, não se preocupe.  - Sua boca se curva em um semisorriso.

Sorrio sem graça e o agradeço. Nunca sei receber elogios, eu travo e não consigo formular uma frase, mas não deixo transparecer.

- Obrigada.

- Por nada. - ele retruca - vou buscá-la para termos aquela conversa. - Seu tom se torna sério.

- Tudo bem. - admito o meu receio sobre essa conversa. - Parece ser uma coisa séria.

- E é, porém nada assustador. - Ele solta uma piscadela. - Até mais, Eda Yildiz.

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