7|Sim (não)

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A esperança ficava espreitando meu coração.

Como um raio de sol num quarto escuro e mofado.

Como uma gota d'água em meio a um incêndio.

Como o amor rodeado pela guerra.

Comprei flores artificiais e baratas, corri até a sua casa e gravei todos os seus poemas prediletos, diria todos eles a você como uma melodia encantada.

Eu queria você.

Com carinho, ressuscitei todas as nossas lembranças e as deixei florescer no meu peito, junto a expectativa de que teríamos em breve, novas recordações.

Eu queria você.

Permiti que uma felicidade que eu não sentia desde a última vez que seus lábios me dedicaram um sorriso, surgisse e fluísse em minhas veias.

Eu queria você.

Bati em sua porta, deixei a alegria transborda e desaparecer no mesmo segundo.

Você abriu a porta.

Seus olhos apáticos e os meus com lágrimas prontas para desabarem, cheios de emoção.

Meu coração tão acelerado que seria capaz de sair do meu corpo, enquanto o seu, eu nem sei se ele ainda funcionava.

Meu corpo tenso, o seu indiferente.

Não sei quanto tempo se passou, quanto tempo ficamos alí nos encarando, eu sem conseguir dizer uma única palavra, você tentando entender o que acontecia.

Até que seus lábios entediados provaram seu poder sobre mim.

"Você...sabe que acabou ? não sabe ?"

Você não me queria

"Sim, eu sei que acabou"

Menti desfalecido por dentro

Não, eu não sabia.

Sim, eu sei que acabou [Conto]Onde histórias criam vida. Descubra agora