Plano perfeito

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No dia seguinte, eu acordei sentindo como se minha cabeça fosse explodir. É claro que a dor de cabeça forte era devido ao fato de eu ter chorado até dormir, imaginando Harry e Gina abraçados e se beijando por cada canto de Hogwarts onde eu já havia me imaginado com Harry. Meu lugar favorito, perto do lado, debaixo de uma árvore, era o lugar que mais aparecia na minha cabeça, o protagonismo daquele casal sem sal fazendo meu peito se apertar cada vez mais. Pansy me acordou com um carinho no meu cabelo, em vez da habitual porrada na cabeça com o travesseiro de um dos meus companheiros de quarto, e disse para eu me apressar porque não queria perder o café da manhã.

Chegamos no Salão Principal faltando meia hora para o encerramento do café. Pansy estava resmungando sobre o quanto eu era uma princesa e precisava de tanto tempo para pentear cabelos que já eram muito arrumados e colocar a mesma roupa de todos os dias. Ignorei tudo que minha amiga falava porque estava sem paciência. Meus olhos correram por toda a mesa da Grifinória e suspirei muito aliviado ao constatar que Gina e Harry não estavam nem sequer pertos um do outro. Um fio de esperança aqueceu meu corpo e eu até parei de ignorar a Pansy por isso. Nos sentamos bem na ponta da mesa da Sonserina, de forma que eu conseguisse enxergar as costas de Potter. Eu via o corpo dele sacolejar de leve, provavelmente rindo do melhor amigo ruivo, já que Hermione fazia o mesmo. Fiquei meio desconcertado quando a garota me pegou os encarando e minhas bochechas avermelharam-se assim que Harry se virou para ver o que Hermione encarava. Desviei o olhar o máximo possível, mas consegui reparar o sorrisinho que Harry me lançou.

— Vai falar com ele, bobo — minha melhor amiga me disse, passando geleia na torrada.

— Agora? — perguntei meio assustado. Ainda estava muito cedo e provavelmente a chance de eu falar alguma merda era bem maior naquele momento do que ao longo do dia.

Pansy nem respondeu, continuou comendo sua torrada como se eu tivesse dito nada interessante. Bufei meio irritado e mordi um pedaço de pão, ponderando se eu deveria falar com Harry ou não. Preferi ficar onde estava, e continuei a tomar meu café, me apressando porque logo, logo teríamos aula de Herbologia, e encarar essa aula com fome era pior que a morte. Eu e Pansy acabamos participando de uma conversa que rolava em nossa mesa, o que nos rendeu muitas risadas altas, que chamaram a atenção de todo o Salão, inclusive do trio que eu vivia observando. Em vez de desviar o olhar de Potter, como eu sempre fazia, tomei coragem para encará-lo de volta. Sorri de lado e uma felicidade se apossou de mim quando ele corou e se virou de volta para os amigos, os três levantando-se em seguida. Ri contido e Pansy me olhava curiosa.

— Vamos para aula, Pan? Do nada estou me sentindo muito mais disposto a bancar o jardineiro.

X

A aula de Herbologia foi um desastre. A professora Sprout nos fez arrancar alguma propriedade de alguma planta maluca, eu definitivamente não prestei muita atenção, e isso me ocasionou um problema. Eu fiz alguma coisa errada que fez a muda da planta se revoltar totalmente contra mim. Ela soltou algum tipo de líquido extremamente pegajoso e fedido que me atingiu dos pés à cabeça. Não satisfeita com a situação, a professora Sprout ainda jogou adubo em mim, que de acordo com ela, serviria para anular qualquer toxicidade que aquela nojeira de líquido pudesse oferecer a mim ou a qualquer um que me tocasse. Ela acabou me liberando mais cedo, ordenando que eu me lavasse e depois fosse à enfermaria, para que Madame Pomfrey fizesse alguns testes e visse se havia algo de errado comigo.

Assim que eu saí do corredor das estufas, encontrei com Potter encostado na parede, os braços cruzados sobre o peito e a cabeça inclinada. Ele parecia procurar alguém, provavelmente a ruivinha sem sal, e eu tentei me esconder para que ele não me visse naquele estado. Foi meio impossível porque aquele treco realmente fedia, e não tardou para ele desviar sua atenção do que quer que fosse e passasse a procurar de onde vinha o cheiro horrível que exalou pelo corredor. Suspirei derrotado quando ele me viu, e o resto de dignidade que eu ainda tinha se esvaiu por completo.

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