Noite da verdade

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Em um piscar de olhos, já estávamos em novembro. Eu e Harry acabamos nos aproximando mais porque realmente cumprimos o combinado de ter aulas extras de poções todas as sextas à noite, e estávamos tendo bastante trabalho com Snape, que nos apressava cada vez mais a criar a poção, além de inventar coisas novas para serem entregues em prazos curtíssimos. A Veritaserum, a poção que eu e Harry escolhemos e que Pansy pensava em mil maneiras de fazer minha dupla bebe-la, levava cerca de vinte e oito dias para ficar pronta, porque precisava de um ciclo completo de Lua cheia, então eu e Harry decidimos começar assim que novembro tomasse a vez no calendário anual.

Eu já estava muito mais à vontade com Harry. Nossa relação tinha crescido bastante. Já tínhamos piadas internas, tentávamos fazer pelo menos uma refeição por dia juntos e estávamos sempre trocando doces da Dedosdemel (os favoritos de Harry eram os sapos de chocolate e eu amava um bom pacote de feijõezinhos de todos os sabores). Pansy estava muito orgulhosa de mim, ela sempre repetia isso. A verdade é que ela estava aliviada por não precisar mais me consolar por causa de Harry e Gina — que nem pareciam mais um casal para mim (Luna dizendo "eu avisei" ecoa na minha cabeça) —, e passava a maior parte do tempo bolando planos extras caso a Veritaserum não desse certo. Blaise e Luna já sabiam do plano, o garoto achava genial (e potencialmente hilário), mas Luna achava um absurdo. "Isso vai dar muito errado", dizia, "É só você tomar vergonha nessa cara e se declarar de uma vez". Eu, como um bom salvador da própria pele que era, negava fielmente essa opção.

Como todo o ano letivo cheios de tarefas, as semanas de novembro voaram mais rápido que um pomo de ouro, e eu acordei no meio de dezembro, justamente o dia de entrega do trabalho de Snape. Vesti o uniforme e ajeitei os cabelos, saindo para o corredor alguns minutos depois. Encontrei com Harry descendo as escadas das masmorras, ele segurava o pergaminho que deveríamos entregar junto à poção.

— Ei, Potter — disse, assustando-o levemente.

— Malfoy. — Ele me encarou tentando fazer uma pose de mau. Não durou dois segundos, logo estávamos rindo.

— Tudo certo para hoje? — perguntei enquanto a gente se encaminhava para a sala de aula.

— Hum, acho que sim. Estou um pouco nervoso com a poção, mas o pergaminho ficou ótimo. — Assenti e segurei a porta para ele passar. A sala já estava cheia, acho que dormimos um pouco além da conta.

— Malfoy e Potter, se dirijam para sua bancada — Snape disse quando entramos. — Vocês têm dez minutos para revisar os pergaminhos e dar os últimos retoques nas poções antes de eu começar a avaliação.

Harry abriu o pergaminho e começou a ler atentamente, a fim de tentar achar algum erro. Enquanto isso eu dava uma olhada na poção, me certificando de que ela estivesse o mais perfeita possível. Fiquei satisfeito ao ver que não tinha nenhum erro e Harry pareceu satisfeito também, porque fechou o pergaminho com um grande sorriso. Olhamos um para o outro e demos um high five contido debaixo da mesa, comemorando. Os dez minutos passaram rápido e logo Snape avançava pela sala, a capa preta esvoaçando pelo caminho entre as bancadas.

— Eu fico com isso — o professor falou enquanto pegava o pergaminho de cima da mesa. Analisou a poção que estava dentro do caldeirão. Como ela estava sem cor e sem odor, Snape a considerou boa. — Coloquem a poção neste frasco — estendeu um pequeno vidrinho para nós —, vou guardá-la comigo para que não façam besteira com ela. — Olhou para mim neste momento e eu engoli em seco. Será que ele sabia? — 50 pontos para cada uma das casas, e estão liberados de todos os testes surpresas que eu fizer — finalizou e passou para a bancada de Rony e Neville.

Me virei para Harry, que se esforçava para não desperdiçar a poção enquanto a colocava no vidrinho, e sorri com a visão. Suas mãos estavam tremendo um pouco e ele mordia a pontinha da língua, fazendo uma careta leve. Ri quando ele terminou o serviço e suspirou aliviado, colocando uma mão ao peito.

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