Carta de amor

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A manhã de Natal estava fria. Não podia observar a neve, mas eu sabia que ela estava lá, rodeando o castelo inteiro como um manto branco. Eu não sentia nada além de confusão e uma dor de cabeça absurda. Levantei da cama, tentando enxergar no breu que estava o dormitório, e caminhei em direção ao banheiro para escovar os dentes e tomar um banho rápido e quente. Quando saí, Blaise estava acordado e vestido, e parecia me esperar sentado na própria cama. Os outros ainda dormiam.

— Feliz Natal, Draco — disse, sorrindo, e me estendeu um pequeno embrulho.

— Feliz Natal, Blaise. — Peguei o embrulho e lembrei que deveria entregar o dele também. Caminhei até minha cama e puxei o presente de Blaise de dentro do malão. — Espero que goste.

Enquanto Blaise se entretia com a sacolinha da Dedosdemel, eu abria o que ele havia me dado. Um bonito anel com uma pedra esverdeada e uma cobra de prata circulando era o que estava escondido no embrulho.

— Uau, Blaise! Eu amei, muito obrigado — disse e o abracei. Fiquei um pouco envergonhado por ter dado algo muito simples.

— Também amei os doces. — Ele pareceu notar minha vergonha porque logo disse:

— Eu adoro ganhar comida de presente, não fique assim!

Rimos um pouco e eu coloquei o anel em meu dedo. Blaise pareceu meio desconcertado quando puxou meu braço para fora do dormitório. Fiquei confuso com a pressa que ele tinha de nos tirar dali e a ausência de Pansy àquela hora da manhã também estava me deixando perdido.

— A gente precisa conversar.

Por ser recesso de Natal e Ano Novo, a maioria dos alunos tinham ido para casa. Só ficaram aqueles que participaram do Yule Ball e, mesmo assim, muitos haviam ido embora hoje mesmo. Eu e todos os alunos do sétimo ano não havíamos tido muita escolha, até porque queríamos estudar o máximo possível para os NIEMs, e com certeza aquele tempo em casa nos tiraria o foco. A sala comunal estava vazia, mas ainda sim, Blaise me arrastou até o sofá mais isolado do lugar. Lembrar do Natal tinha despertado minha lembrança do Yule Ball. Eu e Harry dançando sozinhos, o tal corsage que ele tinha me dado antes de entrarmos no salão... A noite havia sido maravilhosa, mas mesmo com essas lembranças, a sensação era de que algo tinha dado muito errado.

— Você se lembra de tudo o que aconteceu ontem à noite? — Blaise me perguntou, e aquilo me deixou alerta. Não era apenas coisa da minha cabeça, algo realmente aconteceu.

— Lembro até o momento que sentamos na mesa para conversar.

Blaise suspirou e segurou minhas mãos. Ok, algo sério aconteceu. Uma mínima ideia do que poderia ter sido perpassou em minha mente, mas eu simplesmente não conseguia acreditar que Pansy havia feito aquilo.

— Antes do pessoal sentar na mesa, a Pansy disse que seria hilário se alguém tomasse a Veritaserum. — Meus olhos arregalaram naquele momento, e eu pensei o pior. — Então ela botou três gotas em um copo de ponche; eu não a impedi porque também achava aquilo engraçado — Blaise suspirou e apertou minhas mãos ainda mais forte. — Acabamos nos entretendo na conversa e esquecemos o copo largado na mesa. Aí você chegou morrendo de sede e...

— Bebi a poção.

Blaise apenas acenou com a cabeça. Puxei minhas mãos da dele e as levei ao cabelo. Eu estava suando frio por debaixo do uniforme. Meu estômago doía, mas não era mais de fome. Meu coração errava as batidas e eu sentia meus pulmões tentarem captar mais oxigênio cada vez mais.

— Mas não aconteceu nada, né? Eu fiquei bem quietinho. — Tentei me agarrar naquela mínima esperança de que tinha passado ileso pelo efeito.

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