010; Inconstância

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Hinata permaneceu deitada na cama por um tempo, olhando para as sombras que os primeiros raios solares projetavam no chão, depois de mais uma noite insone. Observava as formas sombreadas, lembrando-se de quando ainda era uma criança, e usava as mãos para projetar sombras de animais sempre que faltava luz elétrica. Suspirou resignada, especialmente naquele dia ela se sentia horrível, e a semana estava apenas começando.

Era segunda-feira, o que indicava que teria que levantar, trocar de roupa e ir para colégio enfrentar aulas de química e trigonometria logo nos primeiros horários. No processo, ainda teria que reencontrar o ex-melhor amigo. Sasuke tinha vacilado novamente, não tomará nenhuma atitude de vir falar com a garota, nem para dizer-lhe que não sentia o mesmo, que estava enojado pelas extensões de seus sentimentos por ele, ou apenas que nunca a veria como algo além de sua amiga confidente.

Por fim levantou-se, e caminhou lentamente até o banheiro.

Depois de fazer a higiene matinal, desceu as escadas procurando não fazer ruído, Kurenai e Asuma provavelmente ainda dormiam tranquilamente. Abriu a porta dos fundos, e rumou em direção ao lago, ainda disponibilizava de quase uma hora antes de ter de ir para a escola e lidar com seu inferno pessoal.

Ficou sentada na ponte, olhando para o céu e questionando-se sobre o calor que iria fazer naquele dia.

A verdade era que a mente da Hyuuga não parava de trabalhar, sentia até mesmo uma pressão crescente no crânio. Maquinava incansavelmente sobre o que fazer quando voltasse para o mundo real, quando visse Sasuke, e como se já não bastasse... ainda existia Itachi.

Hinata havia bloqueado o primogênito Uchiha completamente. Estava por um fio de seguir o conselho de um lunático que virá certa vez em um comercial na TV, o indivíduo palestrava coisas para viciados.

“Coloque um elástico no braço e toda vez que sentir vontade de cheirar. Bem… Use-o”

A dor anularia o pensamento e assim anularia o sentimento. Qualquer que fosse o sentimento que estava escondendo a sete chaves de si mesma.

Foi pega de surpresa quando Kurenai deu-lhe um forte abraço, e sussurrou no seu ouvido que eventualmente tudo ficaria bem.

— Não se esqueça, você é uma Hyuuga.

A menor apenas assentiu, desanimada demais para protestar o quanto aquilo soava ridículo e nem um pouco reconfortante. Em compensação ofereceu um dos seus sorrisos tortos e voltou para a residência, com o intuito de pegar a mochila e partir para o colégio.

O percurso não foi longo, e logo encontrava-se de frente para os portões do inferno, respirou fundo tentando manter as feições tranquilas e os olhos claríssimos impenetráveis, e foi assim que cruzou as portas vermelhas e adentrou os corredores abarrotados de adolescentes. Olhos curiosos seguiam-a, e até podia ouvir algumas garotas comentarem sobre si a cada passo que dava. Pelo visto Hinata havia ganhado uma certa popularidade entre os reles mortais, tudo por conta de ter sensualizado em cima de uma mesa na festa de Sabaku No Gaara; estar andando com uma líder de torcida, e feito dois irmãos saírem no soco por sua causa.

Ergueu a cabeça e assegurou-se de manter o pequeno e afilado nariz o mais impinado possível, ela não ficaria envergonhada, afinal, não havia feito metade do que às más línguas costumavam fazer.

Apenas perdeu o controle por uma noite – ou duas.

Deveria mesmo ser punida por isso? Não!

— Oi, Hina. – Kiba beijou o rosto feminino, pegando-a de surpresa. Com certeza as bochechas ficaram pintadas de vermelho quase que automaticamente, o sorriso do Inuzuka se escancarou ainda mais. — Como foi seu fim de semana?

Forever and Ever - ItaHinaSasu | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora