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16/10/2009 - Segunda-feira

Hoje, pela manhã, eu saí do hospital. Eu tinha sido atropelada por um carro depois de ter descoberto que eu não sou filha legítima de César e Elizabeth! Eu sou ADOTADA e choro se ficar pensando muito nisso.

Fiquei no hospital por um dia, me levaram para lá em estado de coma e só acordei no dia seguinte, pela manhã. Ao abrir os meus olhos, vi meus pais e Amélia cochilando, sentados em cadeiras diferentes.

Meu pai acordou e viu que eu havia acordado também e despertou os outros. Eles ficaram aliviados ao me ver.

Perguntei a eles o que tinha acontecido e eles me explicaram que eu tinha sofrido um acidente. Eles me perguntaram se eu me lembrava de quem eles eram e nesse instante, eu me lembrei de tudo o que tinha acontecido. Exigi que eles me contassem a verdade, de como eu fui parar na casa deles.

Mamãe, um tanto emocionada, tentou me convencer a não querer mexer no passado e meu pai me disse para que eu descansasse mais um pouco, mas eu disse a eles que parassem de me esconder as coisas e que eu tinha o direito de saber sobre minha verdadeira história.

Meus pais olharam um para o outro e mamãe, aparentemente emocionada, começou a contar que há desessete anos, eles queriam ter uma segunda filha além da Amélia, que tinha três anos na época, mas mamãe não conseguiu ter outros filhos por causa de proplemas de ovários policísticos, que já estava em estágio perigoso para causar câncer, isso a levou a optar em fazer uma "ooforectomia" (cirurgia de retirada dos ovários).

Mamãe não conseguia mais falar direito, então meu pai continuou dizendo que, por mamãe ter ficado muito triste, ele teve a ideia de adotar uma menina.

Foi aí que eles foram a um orfanato que existia na época e me escolheram por eu ter características parecidas com as de Amélia: loirinha, branquinha de olhos claros.

Aí eu entendi porque não me pareço com papai e mamãe. Sempre tentei assemelhar algumas características deles ou de meus avós a mim, mas não encontrava nenhuma. Nunca imaginaria o motivo.

Também me lembrei dos pesadelos que eu estava tendo ultimamente. Agora tudo fazia sentido. O universo já estava me dando sinais do que eu iria descobrir esse segredo.

Vi que mamãe estava triste, sendo abraçada pelo meu pai, então decidi aceitar a situação (não foi muito fácil) e disse que, para mim, eles sempre vão ser os meus pais e por isso eu os amo por tudo de bom que eles já me fizeram. Virei-me para Amélia e falei que ela era a melhor irmã que eu poderia ter e a vi sorrir.

Tivemos um abraço em família bem emocionante. Não demorou muito, o meu amor veio me ver. Conversamos a sós e eu disse a ele que eu sou adotada. Ele ficou pasmo e me perguntou como eu iria reagir daqui pra frente. Respondi que isso não mudaria em nada a minha convivêtncia com a minha família e não iria querer procurar por meus pais verdadeiros, não por enquanto, mas se um dia eu os encontrasse, seria só para saber quem eles são. O importante era que eu tinha sobrevivido ao acidente.

Christian me abraçou com cuidado e me beijou, dizendo que eu era muito forte por conseguir superar todos os problemas. Acho que se eu não tivesse o conhecido eu, concerteza, já teria "chutado o balde" pois tudo o que eu já passei, e ainda estou passando, não é nada fácil.

Seu amor me faz forte e me dá forças e inúmeras razões para não desistir da vida.


Diário de uma ex-Emo Onde histórias criam vida. Descubra agora