Capítulo 2 - Lia Fail, a pedra dos reis

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Nas viagens mágicas que eu assisti em filmes e séries as pessoas normalmente pousavam perfeitamente seguras e sem problemas. Pena que isso não foi o que me aconteceu.

Assim que o brilho ofuscante do arco-íris se foi a primeira coisa que vi foi o mar. Um mar azul e incrivelmente lindo. Um mar onde bati com tanta força que meus sentidos me abandonaram imediatamente. Se aquilo era o modo como iria morrer, fiquei muito indignada por não ter experimentado a famosa sensação de enxergar toda minha vida diante de meus olhos.

Quando acordei, uma sensação horrível de afogamento tomou conta de mim . Uma tosse violenta se apoderou de meu corpo e cuspi muita água para fora da boca. Apesar do gosto salgado na língua senti também algo doce e muito bom em meus lábios.

— Achei que ia ter que te fazer boca a boca até o fim do dia. — Uma garota sentada ao meu lado me disse. — Antes de você surtar, deixe que me apresente, meu nome é Luana.

Sentei , ficando muito alerta, encarei minha acompanhante e tive dois choques naquele momento: O primeiro, estávamos sentadas em uma praia de areias cinzentas e repletas de carcaças de barcos muito antigos. O tipo de barco que eu esperaria ver em um filme sobre vikings ou coisa do tipo, design de embarcações nunca fora meu forte e ninguém ensinava isso nas escolas do Brasil. O segundo, a garota diante mim era a pessoa mais linda que já havia visto na vida.

Luana era negra, com um tom de pele que parecia ter passado por milhões de efeitos digitais. Longos cabelos negros cacheados caiam até um pouco abaixo de seus ombros. Olhos dourados me analisavam com curiosidade e divertimento, lábios grossos e bem desenhados sorriam na minha direção. A garota era alta, pelo menos meia cabeça a mais do que eu, um ar de maturidade emanava dela e lhe dava um ar de mulher experiente, mesmo tendo certeza de que ela não podia ter uma diferença de idade tão grande com relação à minha. As calças jeans que vestia grudavam em pernas lindas e fortes e a regata preta deixava à mostra uma cintura bem feita, como a de alguém que vivia dentro de uma academia.

— Nossa... — Foi a única coisa que consegui dizer.

— Você acabou de viajar pelo expresso arco-íris pela primeira vez e quase se afogou no mar de Mag Mell, acho que "Nossa" é uma palavra boa para descrever a situação. — Luana disse, ficando de pé e oferecendo uma mão para me ajudar.

Aceitando a mão de apoio, forcei minhas pernas a funcionar e levantei também.

— Você é um idiota, Cliomann. Espero que saiba disso! — Luana disse e então deu um tapa na cabeça do duende que estava de pé ao seu lado. Eu nem ao menos havia reparado que Clio estava ali até então.

— Hey, ela está viva, não está? — Ele resmungou e então gesticulou na minha direção. — Além do mais, ela é uma descendente dos Thuata, se não puder sobreviver a uma queda de nada dessas, que esperanças terá na batalha junto as filhas do tempo?

— Uma coisa de cada vez, Clio. — Luana o censurou.

Confusa, olhei da garota para o duende.

— Ok, eu pulei na droga de um arco-íris sem fazer perguntas. Segui um duende que me deu zero motivos para acreditar nele e agora, se vocês não se importarem, iria adorar que parassem de falar a meu respeito como seu eu não estivesse aqui e começassem a me dar algumas respostas. — Disse, cruzando os braços por cima do peito e dando meu melhor olhar de "garota durona" para os dois.

* * *


Antes de obter minhas respostas vesti minhas roupas e me livrei da camisola do hospital. Depois, fui forçada a seguir Clio e Luana rumo a floresta que parecia dominar quase toda a região da ilha onde estávamos porque o duende estava convicto de que na praia seríamos um alvo fácil para nossos inimigos. Ele não se deu ao trabalho de dar mais detalhes e como Luana não discordou dele, decidi que seria uma boa ideia não contrariar as únicas duas pessoas que conhecia por ali.

Lâmina de guerra: Origem da guerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora