Capítulo 4 - Riastrad, a fúria guerreira

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Todas as aves haviam fugido como se pudessem pressentir que algo horrível iria acontecer à seguir. Sem a confusão que elas causavam todos os formorianos concentraram sua atenção em nós.

— Kelly, eu vou criar uma distração. Você pega seu irmão e a Luana e foge para o mais longe possível. — Clio me disse e antes da minha resposta ele já estava correndo na direção de nosso inimigo misterioso.

Clio soltou sua clava e colocou as duas mãos no chão.

— Ouro dos tolos! — Gritou.

A terra tremeu e de repente centenas de moedas douradas caíram do céu, como uma tempestade de ouro. Curiosamente, nenhuma delas me tocou ou prejudicou a minha visão do campo de batalha. O mesmo não podia ser dito de meus inimigos. Nenhum formoriano deu atenção à riqueza que se formava à sua volta, mas o brilho das moedas foi o bastante para garantir a distração.

Corri até ficar cara a cara com o esquisito que segurava Luca e Luana. De alguma forma os olhos dele não deixaram de me observar nem por um segundo. "Azar seu, eu só quero meu irmão e minha amiga", pensei e ataquei.

— Coleta da alma! — Cravei minha adaga no peito dele e esperei para ver seu fim, como havia acontecido com o primeiro formoriano em quem apliquei aquele poder.

Só que isso não aconteceu.

— Desculpa, garota. Mas a minha alma não me pertence à pelo menos dois séculos. — O magrelo disse, com aquela voz esquisita.

Ele soltou Luana e Luca e, se movendo extraordinariamente rápido, segurou o pulso da mão com a qual eu usava minha arma. Sua outra mão se fechou ao redor do meu pescoço.

— Agora é a minha vez.

Seus olhos me fitaram de uma maneira ainda mais intensa do que antes e senti minhas pernas tremendo. O ar escapou de meus pulmões, e isso não tinha nada a ver com a mão no meu pescoço. Tive a terrível sensação de ter a vida sugada para fora de mim.

— Solta ela, Amirtah! — Clio gritou.

Surgindo entre a tempestade de moedas douradas com sua clava ele acertou um forte golpe na cara do magricela e isso garantiu minha liberdade.

Então um formoriano enorme conseguiu se aproximar do Leprachaun, mesmo sem conseguir ver muito bem por causa das moedas de ouro, e caiu em cima dele. Dois socos fortes na cara de Clio o fizeram soltar sua arma e a tempestade de ouro simplesmente desapareceu.

O mantendo preso ao chão com suas enormes mãos, o formoriano rugiu e abriu a boca cheia de dentes. Ele ia arrancar a cabeça de Clio com uma única mordida se eu não fizesse alguma coisa.

— FÚRIA DA TERRA! — Voltei a invocar meu poder e fiz raios caírem do céu.

Um dos raios explodiu a cabeça do monstro em cima de Clio. Os outros formorianos se afastaram de nós para evitar uma morte dolorosa. Fiz com que três raios fossem na direção de Amirtah, mas ele desapareceu em uma explosão de fumaça negra.

— Duvido você fazer esse truque de novo, semideusa! — Sua voz me surpreendeu pelas minhas costas.

Gritei quando ele puxou meu cabelo para trás. Uma rasteira me deixou no chão e ele chutou minha adaga para longe da minha mão. Rolei para o lado e fiquei de pé, chutei na direção da virilha daquele maldito, mas ele sumiu em outra mistura de fumaça.Tentei invocar mais raios, mas descobri que minhas energias estavam no fim, até me mover parecia um esforço.

Amirtah reapareceu bem ao meu lado esquerdo, acertando um soco na minha cara. Senti o gosto de sangue na boca e na sequência, repetindo o truque do teleporte, ele ficou bem nas minhas costas e chutou a base da minha coluna. Gritei como nunca na minha vida e desabei no chão. Para alguém tão magro, ele era assustadoramente forte. "Por favor, que ele não tenha quebrado minha coluna..."

Lâmina de guerra: Origem da guerreiraOnde histórias criam vida. Descubra agora