Primon: Uma Odisséia no espaço

Mais rápido que fazer Miojo

Trinta segundos se passaram até que a gaiola de desfizesse e eu fosse libertado. Mambo estava no chão com as mãos sobre a cabeça aterrorizado. Daymon me ajudando a se levantar.

— O que você fez?! — Indagou, olhando seus homens estarrecidos de bunda no chão.

— Salvei o meu garoto e a vocês, idiotas.

Daymon deu de ombros, mas sabia que estava cheio de si. Também não entendi o que tinha feito, mas a voz irritante havia desaparecido assim como o campo de batalha.

Que mais tarde descobri ser uma simulação criada em algum canto daquele planeta bizarro.

— Agora, me contem o que vieram fazer aqui.

Os Protetorandos e Mambo se entreolharam e começaram a rir. A risada não durou muito, pois a roupa-armadura que vestiam foi aos poucos se desfazendo. Eles ficaram apenas com um conjunto fino de pano e totalmente vulneráveis. Já nem havia mais armas de nêutrons para contar história.

— Que foi? — Daymon debochou olhando para mim em seguida — Ele não gosta de armas, é só uma criança. Agora comecem a falar.

Mambo foi quem deu a voz:

— Viemos numa missão.

Jura?! Achei que eram férias de verão...

Daymon olhou para mim com ar de repreensão.

Tá...

— O que viram ao beber da fonte?

Uma mulher, um cara, dois bebês, comida, uma nave, um mapa.

Daymon riu das respostas.

— Sua tripulação é extraordinária. Lhes faltam propósito. É isto de que mais precisavam no momento? Achei que fosse pensar na sua filha.

— Do que cê tá falando, Daymon? — Perguntei.

— Eles não queriam estar aqui, num planeta longe de casa em busca de algo que nunca encontraram e de onde nunca sairão vivos. É disso que estou falando, Prior.

Eles ficaram quietos.

— Não queriam servir a um líder que brinca com suas vidas como se fossem peões fabricados num maquinário. Sejam sinceros, rapazes. Quantos de vocês já vieram até aqui?

Mambo abaixou a cabeça deixou o corpo cair no chão, derrotado. Os garotos mais novos, que o seguiram, pareciam tão perdidos quanto eu. Então o homem velho começou a falar, a voz falha.

— Somos a equipe 5.790. De um projeto bienal. Os selecionados são cadetes que falharam ou cometeram alguma transgressão. Vêem para cá sob o pretexto de, se sucedidos, retomarem posse aquilo que lhes fora perdido dentro da sociedade.

— Quantos voltaram? — Daymon perguntou e sua voz parecia mais grossa — O que está fazendo aqui, Mambo?!

— Ninguém voltou! Naveen, seu filho da...

Piiiii...

Daí foi choro e drama pra dar e vender. Os cadetes entraram em desespero ao descobrir que foram enganados, que a pouca chance que tinham de se redimir e voltar a liberdade, na verdade, era uma condenação pior que a morte, pois ao não retornarem suas famílias passariam a viver com o vexame e, provavelmente, teriam problemas de se constituírem na sociedade.

Achei que Daymon fosse explodir, mas ele respirou fundo e estendeu a mão a Mambo.

— Não me faça pensar duas vezes.