Tudo naquele ambiente exalava luxuosidade. Não só os produtos que vendiam, mas também o lugar em si: lustres cintilantes e caríssimos pendiam do teto, pinturas impressionistas embelezavam as paredes do local, o chão era feito do mármore mais fino e os sofás de espera completavam o cenário elegante, além dos funcionários, que eram treinados com uma rígida etiqueta. Ariel começou a trabalhar na 7th Sense antes de iniciar a faculdade. O salário não era muito alto quando novata, mas foi suficiente para ajudá-la a sair de casa. Como estava longe e passara a viver por conta própria, ela não tinha que dar satisfações a mãe, que também nunca ligava.Quando o sol se pôs e a lua já brilhava no céu, Ariel e Kim saíram do trabalho e se dirigiram para a casa da garota. O rapaz olhava curioso para todos os cantos do apartamento. Desde que se conheceram ele nunca tinha entrado no apartamento dela, então estava sendo muito cauteloso. Na verdade ele sentia como se estivesse invadindo o espaço pessoal da amiga.
— Não se sinta desconfortável, se eu te convidei é porque eu quero você aqui. — Ela disse como se lesse a mente dele, enquanto abria a geladeira.
— Tá tão na cara assim? — Ele riu sem graça. — Eu vou ficar de boa, prometo.
A jovem apenas assentiu e foi para o quarto trocar de roupa. Kim não entendia o comportamento dela, às vezes eles tinham longas e proveitosas conversas como velhos amigos, às vezes ela ficava distante, indiferente. Como psicólogo, achava que ela poderia ter algum distúrbio psicológico, mas para descobrir teria que conversar com a amiga sobre isto, porém não sabia como ela reagiria, então ele deixava de lado. Além disso, Ariel nunca realmente falou sobre sua familia, nem acontecimentos de sua infância, nada. Sendo assim, ele presumiu que a garota não se sentia confortável com seu passado ou que seu comportamento apático poderia ser relacionado a algo que aconteceu na sua infância. Isso só ela poderia responder. Mas como se dirigir à alguém e dizer: "por que você se comporta assim?" sem parecer rude? Ainda mais Kim, homem muito bem educado.
— Kim, você quer alguma coisa? — Ariel o acordou de seus devaneios.
Ele a olhou por cima do ombro e o seu olhar acompanhou seu corpo se movendo até a cozinha. Ela já estava pronta. E mesmo com roupas esportivas continuava linda.
— Não, Ari. Eu tô bem. — Sorriu fraco.
Ari. Ele quase não conseguia lembrar quando começou a chamá-la assim. Apenas tomou a liberdade de apelidar a moça com um nome que um amigo próximo a chamaria. Ela nunca protestou, então ele simplesmente continuou. Na verdade, Ariel gostava disso, porque, para ela, era como se tivesse história com alguém, como se a sua existência fosse válida para alguém.
— Certo. — Virou para encontrar Kim a encarando. Ele a olhava desde o momento em que ela saiu do quarto. —Então... vamos?
— Sim. — O rapaz levantou e os dois saíram do apartamento, descendo, em seguida, a velha escada barulhenta. — Eu sei que fui eu quem insistiu em vir, mas de qualquer forma, obrigado por me permitir te ver treinar. Você é muito boa e eu queria te ver ao vivo, sabe?
— Tudo bem. Eu sei que você iria insistir o dia todo até eu dizer sim, então... — Ela deu de ombros e ele riu, pois sabia que era verdade.
— Você me conhece muito bem. — Sorriu e colocou as mãos nos bolsos da calça social que usava.
— Fazem quase cinco anos que somos amigos, quase impossível não conhecer. E você é um livro aberto. — Ela disse enquanto os dois esperavam para atravessar a rua.
— Eu não sou um livro aberto. — Disse enquanto andavam pela faixa de pedestres. — Sou muito reservado, na verdade.
— Sim, você é. — Eles desceram as escadas da estação de metrô. — Um livro muito aberto. Você conta tudo da sua vida para qualquer pessoa.
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dancing with the devil
Fanfiction"Could you please forgive me? Lord, I'm sorry for dancing with the devil" onde uma mulher que não amava aprende sobre o amor com uma das criaturas mais perversas do universo. ⚠️ aviso: a história contém violência, assassinato, palavras de baixo calã...