"- Me deixa cuidar de você...- Ele disse enquanto me abraçava.
- V-você não t-tem que fazer isso. - Eu falei em meio as lágrimas.
- Eu sei que não, mas eu quero! - Ele beijou minha testa e passou o polegar carinhosamente pela minha bochecha. - Eu...
Estávamos na casa dos meus pais. Meu pai andava para lá e para cá, ia acabar fazendo um buraco no chão. Mas eu não estava diferente. Minha mãe tinha completado a quimioterapia e fez exames para saber se tinha conseguido vencer o câncer. Ela não abriu o envelope, esperou que eu e Milla estivéssemos aqui para compartilhar o momento.
— Voltei. — Ela entrou na sala com um documento nas mãos. Ela se sentou no sofá.
As mãos da minha mãe tremiam, meu pai entrelaçou seus dedos e beijou sua bochecha com carinho.
— Seja qual for o resultado, estaremos aqui. Mas eu tenho fé que vai dar negativo. — Ele falou.
— Não consigo abrir. — Ela me entregou o envelope.
Milla apertou a minha mão, eu também estava tremendo. Não conseguia ver. A cacheada pegou o envelope da minha mão e o abriu. Seus olhos passearam lentamente pela folha, me deixando aflito. Por fim, ela sorriu.
— Negativo. — Ela disse. Não contive o grito de felicidade que saiu da minha garganta.
Minha mãe cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar, meu pai a abraçou. Sabíamos que ela teria que sempre fazer exames para monitorar sua saúde e que por enquanto ia precisar de muitos cuidados, mas nada tirava o alívio que invadiu meu peito.
— Eu vou ficar bem! — Milla abraçou minha mãe. Ela também estava chorando.
— Sim, você vai. — Milla garantiu.
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— Não acho uma boa ideia. — Falei assim que meu pai me avisou que chamaria minha tia.
— Também não. — Meu pai a olhou meio amuado. Minha mãe suspirou. — Tudo bem, mas se ela sair da linha...
— Obrigado! — Meu pai beijou minha mãe. Eu estremeci ao saber que minha iria vir no almoço.
Minha mãe queria marcar um almoço para comemorar. Seria só entre nós quarto, depois faríamos algo com os meninos e seus pais, já que eles também eram da família. Mas meu pai quis chamar a sua irmã.
Tia Andreia não é uma pessoa que eu queria ver, ela sempre quis que eu tivesse algo com a minha prima, sempre neguei. Ela não tem limites e me preocupo dela estar perto da Milla. Mas meu pai amava a irmã e sentia falta dela.
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— Eu não quero ver minha tia. — Resmunguei. Eu estava jogada na cama do meu quarto enquanto Milla estava no closet se vestindo.
— Mas é o almoço da Tia Alice, temos que ir. — Ela disse vindo em minha direção.
Milla estava com um cropped vermelho que me lembrava muito uma camisa de basebol, uma saia jeans escura, os cachos estavam presos em um rabo de cavalo baixo e ela usava um boné. Eu sorri e pensei como ela sempre estava linda, não importa o que usasse.
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