Os olhos de Alejandro Cabello se fixaram por alguns segundos em seu relógio de pulso. Ele soltou um grunhido e murmurou alguma coisa incompreensível. Havia se passado quase duas horas e nenhum sinal de Austin. Cansado de esperar, ele deixou o escritório furioso, acionou o motorista e em pouco tempo estava no único lugar onde o filho mais velho estaria. Quando o motorista estacionou, Alejandro desceu do veículo e se aproximou de Austin que apontava uma arma para o que parecia ser um pássaro grande, mais precisamente um abutre. Um último disparo foi dado, embora o animal já não oferecesse nenhum protesto. A carcaça sem vida do abutre jorrava sangue enquanto o filho do governador ria e agitava o fuzil acima da cabeça.
— Austin! — a voz de Alejandro acabou com sua festa. Com o cenho franzido e o fuzil na mão, ele se aproximou do pai com passos apressados.
— O que houve, pai?
— Você não entendeu o que eu disse quando te liguei?
— É claro que eu entendi! Mas se você não tivesse desligado o telefone na minha cara, teria ouvido que o meu carro estava na oficina e...
— Chega de desculpas idiotas. Venha para o carro. Preciso falar com você.
Austin balançou a cabeça, os lábios se curvando em um sorriso de deboche enquanto acompanhava o pai. Sentados um ao lado do outro, Austin o encarou com um desdém óbvio.
— Não vai dizer qual é a urgência, papai?
— Quero que descubra, discretamente, quem é a mulher que está se envolvendo com a sua irmã.
— O quê? — deixando escapar uma sonora gargalhada, Austin continuou. — Sua filha está fodendo com outra mulher? Eu sabia que Camila gostava mesmo era de...
— Cale-se, imbecil! Erguendo as mãos e abafando o riso, Austin se remexeu no assento.
— Por que quer saber com quem Camila vai para cama?
— Pelo visto você não entende nada, não é?
— Ora, papai. Parece que quem não entende é você. O apoio dos amiguinhos gays da sua filha seria bem-vindo nas próximas eleições, não acha?
— Assim como o apoio dos seus amiguinhos drogados? Austin ficou em silêncio absorvendo o ataque, suas faces ganhando um vermelho profundo. Ele respirou fundo, antes de responder.
— Não menospreze as minhas ideias, pai. Afinal, foi graças a mim que você se elegeu.
— Guarde suas ideias e faça o que eu disse. Depois pode voltar a se divertir com seus fuzis, com seus amigos drogados, e deixe o governo comigo — Alejandro fez sinal para que o filho saísse do carro e em seguida deu autorização para o motorista partir. Austin ficou parado ali, abalado pelas palavras dele.
[...]
— Mas vejam só quem lembrou que tem uma amiga! — exclamou Regina, os braços se abrindo para receber Camila.
— Você é a única culpada pelo meu sumiço — Camila sorriu, retribuindo o abraço.
— É nisso que dá sair bancando o cupido.
— Ora, não seja dramática.
— Deixarei meu drama de lado porque temos coisas mais interessantes para falar.
— Por exemplo?
— Não se faça de boba e comece logo a falar. Como foi com Lauren? Finalmente se entenderam?
— Serei curta e grossa: foi tudo perfeito, estamos juntas e eu estou morrendo de felicidade!
Regina deu um salto acompanhado de um grito e então a abraçou de novo. Quando o abraço se desfez, Camila beijou o rosto dela e sorriu, consciente de que ninguém no mundo sabia como ela realmente estava se sentindo naquele momento. E boa parte daquela alegria ela devia a Regina.
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Penitência
Fanfiction- CONCLUÍDA - Para vencer as eleições e conseguir o tão sonhado cargo de governador do estado, Alejandro se dispõe a pagar um preço muito alto: sua filha Camila Cabello