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Você é mais forte do que imagina. Acredite.

Dasha Dunay

Abro os olhos lentamente. Minha visão está turva e ainda sinto os efeitos da droga injetada sobre o meu corpo.
Estou deitada em uma cama, bastante confortável por sinal. Droga!
Levanto-me sobressaltada ao recordar com precisão os acontecimento anteriores ao meu apagão. Olho em volta e tudo me parece muito estranho. Não estou amarrada e estou num quarto que pensei nunca ver na vida, de tão luxuoso que é.
Achei que estaria sendo levada para uma rede de tráfico humano ou de escravidão sexual mas, isto não se assemelha a tal ambiente, acho eu.

Ando lentamente, tentando me equilibrar em pé, percorro o cómodo e algumas fotos sobre uma luxuosa cómoda chamam minha atenção. Por momentos achei que era eu, mas nunca na vida seria eu com aquelas roupas, que aparentam ser caras, em destinos que eu nunca pus os pés. A verdade é que a jovem é tão igual a mim que chega a ser assustador.
Abano a cabeça, confusa pelo que acabei de ver, talvez seja mais um devaneio da minha cabeça. Mas... porque raios eu estou aqui?

Paro em frente da janela. Meus olhos brilham com a estonteante paisagem à minha frente. Nunca tinha visto a imensidão do mar. O sol está refletido nas águas e estou maravilhada com o canto dos pássaros. Não faço a mínima ideia onde estou.

Escuto passos se aproximando por detrás da porta e uma voz masculina ecoar, logo abro abruptamente a janela e sinto uma corrente forte de vento. Não me posso deixar enganar pelo ambiente, por detrás de tudo isto pode estar algo sujo. Vou pular da janela, apesar de ser demasiado alta, prefiro arriscar a minha vida desta maneira do que acabar na mão destes homens, cujas intenções não devem ser as melhores.

Me sento na beirada da janela e olho para baixo, é terrivelmente alto, estou assustada mas que se dane, solto as mãos mas ao invés de cair para fora sinto que sou puxada novamente para o interior do quarto.

Olho para cima e mais uma vez encontro estes dois brutamontes. Tento me soltar do braço deles mas o barulho da porta se abrindo me aquieta.

Vejo entrar um homem com uma ótima aparência, aparenta ser jovial mas já deve ter os seus 50 e tal anos, porém está muito bem conservado. Os braços dele são cobertos por tatuagens e o rosto tem uma expressão indecifrável. Seus olhos pairam sobre mim e sua expressão muda radicalmente para choque e incredulidade. Franzo o cenho cada vez mais confusa. Ele faz um sinal e os homens que até então me agarravam soltaram-me. Levanto-me, mas não consigo dar um passo, fico prostrada encarando o homem que está bem na minha frente.

Ele se dirige até mim, claramente emocionado, e eu fico cada vez mais assustada. Dou um passo para trás, olho em volta tentando encontrar uma escapatória, porém os dois brutamontes continuam de olho em mim.

- Minha filha... - profere o homem à minha frente.

E logo sinto um abraço forte, continuo parada, tentando processar o que está a acontecer. Existe claramente um engano aqui. Só pode ser isso. O homem chora e pronuncia palavras em outro idioma. De seguida solta-me por um momento e alisa meu rosto e logo me abraça novamente. Não retribuo o abraço e estou desconfortável no meio deste inequívoco.

- A minha pequena está de volta. - ele olha para cima em sinal de agradecimento e abre um sorriso levantando as mãos.

Allah allah o que está acontecendo?
Tenho que ser racional e explicar que tudo isto se trata de um grande inequívoco. Fico aliviada ao saber que não fui levada para nenhuma rede de tráfico e fico com pena do homem à minha frente que está mais confuso que eu. Agora juntando as peças, talvez ele pense que eu sou a moça das fotografias, a sua filha.

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