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Se eu perder a mim mesma, eu perco tudo.

Dasha Dunay

Minha vida já tinha uma dose suficiente de ironia, mas essa reviravolta ultrapassava todos os limites. Eu, Dasha, a garota que desejava escapar das sombras de sua própria vida, agora estava prestes a entrar em um mundo ainda mais sombrio. Fui levada por um grupo de mafiosos, sem saber o motivo, até aquele momento em que tudo mudou.

Todos falam que eu tenho uma semelhança incrível com a filha falecida do chefe da máfia russa, Vladímir Maksim. Parecia absurdo, mas, ao me olhar no espelho, mesmo eu podia ver a semelhança.

Pois é, achava eu que a minha vida a partir de agora entraria nos eixos, com a ajuda de Vladímir, mas afinal me enganei.
É como seu eu fosse prisioneira em uma gaiola dourada. As janelas da mansão tinham grades, e eu não podia sair sozinha. Sempre havia alguém me vigiando, e as portas estavam trancadas. Todos na mansão insistiam que era para minha própria proteção, mas eu estava cansada de ser mantida em cativeiro como um pássaro.

Nem sequer fui ao jardim, nem uma única vez. Passaram-se três dias desde que cheguei, contra a minha vontade. E apesar de ser muito bem tratada, como uma princesa, eu não me sinto bem. Tenho um mau pressentimento. Estou trancada e tem seguranças por todas as partes lá fora e até cá dentro. Ao longo destes dias eu fui percebendo que há algo muito errado a acontecer aqui.
A minha mente está cheia de questões as quais não obtenho resposta por parte de ninguém, apenas me dizem que é para a minha segurança. Começo a desconfiar da legalidade por estes lados. Não vi mais Vladímir desde aquele dia, talvez seja por isso que me estão mantendo aqui presa.

Olho mais uma vez para a porta e lá estão eles, Markov e Filip, mais conhecidos por brutamontes. Não saem da porta um só segundo. Mesmo que eu conseguisse sair por aquela porta certamente não daria em nada.

Em três dias não pude perceber muito mas rápido compreendi que se trata de uma família russa porém já há muito enraizada na Turquia. E quando querem falar algo como que em segredo começam a falar em russo o que me deixa extremamente irritada. Se querem falar russo voltem para a Rússia. Simples. Por outro lado tem Olka, a governanta, que é uma senhora muito querida, Olka não fica apenas pelo trabalho de governanta, nunca está quieta e o que puder fazer, faz. Aliás cozinha maravilhosamente bem e está sempre me enchendo de manjares e iguarias. Acho que em 3 dias engordei. Já há muito tempo que não comia tão bem.
Outra coisa que não entendi é o porquê de viverem numa casa tão grande, se são tão poucos. A casa é extremamente luxuosa ainda não tive a oportunidade de entrar em todos os cómodos mas também não quero ser intrometida. Tem vários quartos, banheiros, muita salas e até ginásio. Acho um exagero. Só não subi no terceiro andar. Acho que é bem restrito e quase ninguém entra lá. Porém consigo escutar uma certa movimentação.

Saio da minha distração quando a enorme porta do salão principal se abre e entra um homem, jovem e bem bonito, por sinal, com um porte invejável. Sua pele é levemente bronzeada contrastando com o verde claro dos seus olhos, a barba está perfeitamente aparada e seus cabelos loiros estão apanhados num coque. Tem um ar descontraído apesar da aparência cansada.
De seguida entra Vladímir e eu suspiro de alívio porque finalmente vou tirar satisfações de o porquê de eu estar feita uma prisioneira aqui.
Os brutamontes cumprimentam-os e trocam algumas palavras em russo.

Nem sequer dão pela minha presença, até que me levanto do confortável sofá e caminho à passos largos e marcados para a entrada onde estão os dois homens imobilizados e os dois brutamontes logo atrás, na porta, encarando a cena. Paro na beira de Vladímir com raiva por ter sido enganada e meus batimentos cardíacos aceleram pelo nervosismo. Afinal de contas confiei nas boas palavras que me disse mas não foi capaz de as cumprir.

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