Três.

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❄️

Ok, ok, eu não beijei de volta por muito tempo, vai saber por onde a boca desse cara andou?

Mas não vou mentir e dizer que fiquei estática, seria uma mentira descarada.

Porque sim, meu primeiro impulso foi afastá-lo, tanto que minhas mãos foram para seus ombros. Mas poorra, o cara beija bem, muito bem.

Então, eu acabei o beijando de volta, mas todo essa situação não durou mais que sete segundos, quando meu divertidamente responsável expulsou o necessitado, assumindo as rédeas da situação insana em que eu me encontrava.

Empurro o loiro para trás com alguma dificuldade, suas mãos faziam um carinho em minha bochecha e ele parecia capaz de explodir de felicidade.

— Eu sabia que você era perfeita, meu amor, mas- — ele tenta falar mas eu o corto.

— Epa, epa! — Levanto ambas as mãos como se o mandasse parar de falar. — Cara, você é gato, porra, como você é gato. — reafirmo quase em frustração quando percebo que ele tem olhos azuis, brilhantes como o oceano. — Mas se vai me chamar de amor e me beijar assim de surpresa, primeiro se apresenta e depois me paga um café, sei lá. Eu tenho princípios!

Grandes princípios, responder ao beijo de um desconhecido.

Bem-vinde a minha consciência. Mas em minha defesa, que atire a primeira pedra quem nunca beijou um desconhecido no Carnaval ou em uma festa.

Não pareço tão louca assim agora, não é? Isso aí, touché, baby.

Fico tão presa refletindo quase automaticamente sobre meus últimos atos que não percebo a expressão confusa do loiro, que pareceu gostar da minha piada.

— Ai, amor, você é hilária, sério. E até sendo sarcástica é linda. — ele faz um carinho em minha bochecha e tenta me dar um selinho, mas eu desvio o corpo todo para o lado.

— Cara, "sério" digo eu. Quem é você e por que tá me chamando de amor e me agarrando? — cruzo os braços já irritada.

Sua expressão feliz parece se quebrar por alguns instantes, quando ele aparenta estar confuso, mas logo um sorriso tímido brota novamente em seu rosto.

— Deixa de brincadeira, amor. — ele fala e eu arqueio as sobrancelhas como se dissesse "vai continuar?". — Já se passaram três dias, me perdoa, Kyara... — seu corpo todo parece se encolher quando ele adota uma expressão realmente arrependida e cabisbaixa.

Arrisco até a dizer que havia uma pitada de coração partido, mas não foi até repetir mentalmente o que ele disse que algo se acendeu em minha mente.

— Perdão, você me chamou de que?

— Como assim? De Kyara, ué, seu nome...

— Gatinho, meu nome não é esse não... tá bem longe, na verdade. — Franzo as sobrancelhas até que o estalo realmente acontece e eu me lembro da carta. — Espera, eu sei quem você é! — Falo um pouco mais alto do que devia e ele me olha ainda mais confuso. — Você é o cara que me bloqueou? Kyle? Josh Kyle, na verdade?

— Eu sei que não é seu nome, Ky... mas você que me bloqueou! — cruza os braços na defensiva, como se eu o tivesse machucado.

A essa hora minhas pernas já doíam, após passar o dia andando para todo canto, e eu não estava mais raciocinando tão bem. E aí, chega o divertidamente que rege minha vida quando estou cansada: o irritado e indiferente.

— Olha, cara, se o tal de Kyle é você mesmo, tô com sua caixa lá em cima. — aponto para o teto. — Se não for, não ligo, mas eu não sou essa tal de Kyara e não estou com paciência pra pegadinhas, ou seja lá o que for isso. — Falo firme em sua direção enquanto passo por ele, subindo as escadas para pegar o elevador que me levaria ao meu andar.

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