Cinco.

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Um raio de sol do começo de tarde acerta meu olho, enquanto ajeito o computador na mesinha de centro a minha frente, esperando por minhas amigas.

Recosto a cabeça no sofá e fecho meus olhos por apenas alguns segundos, quando um aviso de ligação por vídeo aparece na tela. Antes de atender grito em direção aos quartos.

— Venham logo, estão atrasadas!

— Cheguei! — as duas dizem em uníssono, se jogando ao meu lado.

Assim que atendemos a ligação somos surpreendidas por um coral de gritos estridentes.

— AHOY! — eram Sabina, Noah, Hina e Josh, animados por algum motivo ainda desconhecido.

— Ai, porra, qual a necessidade? — a australiana reclama ao meu lado, com a mão no ouvido.

— Desculpa, Saav, só estamos muito felizes, temos notícias! — Hina respondeu e todas sorrimos em sua direção, não mais bravas com os gritos.

Embora meus amigos e os de Josh tenham se aproximado e muito, o loiro tinha razão: Hina é uma peça rara e virou a protegida entre todas nós também. Não tem como não amá-la.

Levo alguns segundo para me recordar do que ela havia dito.

— Espera, encontraram alguma coisa? — Nour  pergunta exatamente o que eu pensava e eu sorrio em expectativa, agarrando sua mão.

— Ah. Sobre isso... — Noah coça a parte de trás da cabeça com uma expressão desconcertada e desvia o olhar. — Não, não encontramos nada.

Todos suspiramos, derrotados. No último mês fizemos todo o possível dentro da lei — e infelizmente até fora dela — para acharmos a pessoa responsável pela conta, mas em nenhuma das tentativas obtivemos resultados.

Chegamos a levar o caso a polícia, mas a pessoa era ainda mais esperta do que imaginávamos, pois excluiu sua conta no dia seguinte a nevasca em que Josh ficou preso comigo. Assim, a queixa foi feita, mas conhecendo o sistema não há muito o que possa ser feito agora.

É só depois de minha reflexão que percebo que ainda não havia olhado direito para Josh.

Quando o faço, percebo que o loiro parecia me analisar, mas ao notar meu olhar, me encara de volta. Ele tem um sorriso leve (embora sacana) no rosto, sua marca já registrada.

Imito seu gesto e o analiso pela tela do notebook. De onde estava só conseguia enxergar sua blusa preta de mangas curtas, com um pequeno desenho de rosa no lado esquerdo, onde ficaria seu coração.

Volto a olhar em seus olhos, recebendo um sorriso debochado e uma sobrancelha arqueada de volta, como se ele perguntasse "é sério que está fazendo isso?". Dou de ombros com um sorriso travesso e é nessa hora que percebo o silêncio que pairava na ligação.

Quanto tempo ficamos nesse joguinho que já virou rotina entre nós?

— Será que vocês podem parar de flertar por um puto segundo e prestar atenção? — Sabina chia ao lado do loiro, deixando um tapa em sua nuca.

— Ai, porra, doeu! — ele massageia o local com um biquinho adorável.

— Era pra doer, estamos falando de assuntos sérios aqui! — Sav fala me repreendendo com os olhos.

— Tá, tá, desculpa! O que foi? — pergunto mais uma vez ansiosa.

— A gente só queria convidar vocês pra passarem o Thanksgiving na casa de Josh. — Hina diz animada e o loiro olha confuso para a mulher.

— Na minha? A gente não combinou que seria na sua casa, Japa? — Josh pergunta confuso.

— Mudança de planos de emergência, fofinho, você estava babando pela Any e não ouviu. — Nour pontua e eu me permito soltar uma gargalhada alta.

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