Capítulo 3

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_ Como posso te ajudar? - disse sonolento colocando meus óculos.

Ela me olhou desconfiada, checou o número do meu apartamento e tirou um papel do bolso.

_ Me desculpa... Estou procurando Amanda. - Ela corou.

_ Eu não conheço nenhuma Amanda, me chamo Matt.

Comecei a me sentir mal por ela, parecia perdida, literalmente.

_ Então Matt, eu estou procurando minha prima, ela me enviou esse endereço como o dela, me desculpa por incomodar, eu acho que vou pegar o metrô, na verdade eu não sei onde fica, acabei vindo de táxi.

Ela começou a tremer e a voz a falhar já que ela falava com uma rapidez típica de nervosismo, por um momento quis simplesmente fechar a porta e deixar esse drama de lado mas os olhos daquela mulher brilhavam como nenhum outro e a vontade de mantê-la sorrindo como quando eu abri a porta me impulsionou a coisa mais louca que já fiz.

_ Como é o seu nome?

_ Júlia. - Ela disse pegando as malas do chão.

_ Que tal você entrar Júlia, se aquecer e depois você pega o metrô? Isso quando ele abrir é claro. - Tentei sorrir de forma simpática e não assustadora já que ela me conhecia a menos de cinco minutos e eu a tinha convidado para entrar.

Ela me olhou, sorriu de forma melancólica e sem falar nada atravessou a porta.

_ Que apartamento bonito. - Júlia largou as malas logo a frente do armário. - Eu realmente me sinto muito envergonhada com essa situação mas Amanda me deu esse endereço.

_ Essas coisas acontecem com frequência na verdade.

Fechei a porta e me virei para ela, Júlia tinha uma aparência praticamente angelical e eu realmente não exagerei no elogio, ela possuía um brilho tão natural e raro de se encontrar.

Júlia me olhou e logo após se virou dando uma olhada em todo apartamento. O fato de ela confiar em mim logo de cara me deixou de certa forma feliz por pensar que ela viu em mim algo bom mas também assustado pois ela era muito ingênua se entrava no apartamento de qualquer homem por aí só por estar perdida.

_ Você não tem nenhuma decoração de natal Matt?

_ Eu não costumo comemorar.

Ela sorriu para mim.

_ Impossível! Você é judeu?

_ Eu só não comemoro mesmo, mas não sou judeu.

Falei indo buscar um copo de água.

_ Você que algo para comer? - Perguntei já na cozinha que era aberta então de onde estava eu conseguia ver ela na sala, sentada no sofá analisando tudo ao seu redor.

_ Na verdade sim, eu não como a umas 9 horas. - Ela se levantou e veio em minha direção.

_ Viagem longa assim? - Perguntei enquanto procurava alguma coisa pronta na geladeira e tudo que consegui foi um sanduíche, entreguei a ela que se sentou em uma banqueta da bancada.

_ Mais do que imagina. - Ela mordeu o sanduíche e eu sentei em uma banqueta a frente dela.

Depois não trocamos mais muitas palavras mesmo que ela fosse o tipo que puxa conversa, mas era tão tarde que eu não conseguia formar uma frase contínua mais. Entreguei a ela toalhas e mostrei o quarto de hóspedes, mostrei também onde estava a chave caso ela quisesse se trancar para ficar mais segura. Depois voltei para minha cama e antes de dormir a imagem dela na minha porta sorrindo foi meu último pensamento.

Mais Uma Tradição NatalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora