01_Escuridão

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Graças a Deus, o dia passou rápido, sem meu padrasto brigar por qualquer coisa que eu havia feito, e nem minha mãe chorando por ter uma filha tão inútil e mal-agradecida como eu. Está anoitecendo, e significa que...?

Isso mesmo, mercado noturno, que é onde as pessoas trocam pertences e alimentos, desta vez levo frutas que peguei do pomar perto de casa, e alguns pães que fiz, eles são literalmente nosso ganha-pão, muitas pessoas gostam e trocam por peças pequenas de carne barata, as vezes algum par de roupa, se tiver sorte. Também não posso me esquecer de pegar o presente que o senhor nos dá.

A vila toda ou quem pode vir, se encontra na rua principal da cidade, essa é uma estrada coberta de pedras, o que é muito bom, pois quando chove não vira muita lama ao contrário daqui de casa, que se transforma num lamaçal, como eu odeio chuva.

Quem leva a culpa sou eu, como se pudesse controlar o tempo ou algo assim.

Reviro os olhos pelas memórias.

Conforme ando, a estrada se transforma de poeira para paralelepípedos devidamente colocados, significando que cheguei à cidade.

Já era noite, tenho um sentimento esquisito de alguém me seguindo pela escuridão: por entre as casas, nas esquinas das ruelas.

Porém toda vez que sigo o vulto ou olho em direção à sombra, não é nada! É um rato, ou alguma pessoa de passagem

Estranho.

A noite é sempre muito misteriosa. Vejo coisas onde não há nada! Deve ser meu antigo medo de escuro... É isso!

Decido focar no meu caminho, as casas de madeira se transformam em casas de pedra, e finalmente chego a rua principal, vim de uma ruela perpendicular à ela.

A estrada é levemente inclinada, fico no meio dela, vejo mesas com velas improvisadas nos dois cantos da estrada, nessas ficam os pertences que as pessoas querem trocar. Quando se carrega muita coisa, você fica nessas mesas. No meu caso, não preciso delas.

Á minha esquerda conforme a rua decresce, vejo pessoas trocando pertences, com suas cestas, filas e conversas fiadas.

Também há alguns casais, outro motivo pelo qual as pessoas se encontram todas as noites ali, é também um lugar para encontro.

Ao olhar para a direita, onde a estrada cresce, vejo a mesma coisa: mesas com velas nos dois lados da rua, porém há mais pessoas que na esquerda. Já que é por ali que são entregues os presentes que o senhor nos dá, viro de frente, na direção ao estande que fica os presentes.

No fim da estrada, na parte mais alta da vila, há o castelo do senhor, tão grande que mesmo à distância consigo uma visão privilegiada do mesmo. Os cidadãos, não se atrevem nem a ir perto de lá, sendo sincera, não saímos dos limites da Vila.

Apenas alguns desertores, mas normalmente eles voltam meses depois, dizendo que aqui é o melhor lugar do mundo comparado aos lugares que tem fora dali. Devemos ser gratos ao mestre por nos dar comida e proteção.

Os únicos que vão para o castelo, são os representantes da Vila, e sinceramente. Ninguém quer ir àquele lugar. Nem eles sabem como é o senhor, que aparência tem ou como é o interior do grandioso castelo...

Sabem apenas de suas ordens e, principalmente, de seus chamados.

Chego ao estande no centro da estrada, onde dois representantes estão, normalmente são homens maiores de 20 anos, tirados em um sorteio, onde todos participam.

A função de um representante é organizar a cidade, obedecer o mestre e dar os presentes. Basicamente.

Entro na fila, que certamente será maior daqui a alguns minutos. Espero pacientemente com a minha cesta em mãos, e -olho para trás- como previa já estava enorme a fila, e...

On the Edge (Sooshu / Shujin)Onde histórias criam vida. Descubra agora