02_Esclarecimentos

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-AAAAAAAAHHHH

Me viro para atacar quem está...

Um rosto conhecido, está escuro, mas reconheço este rosto.

-PUTA QUE PARIU SOOJIN, NÃO ME ASSUSTA DESSE JEITO!

Ela está com uma capa preta, como sempre. Está contra a luz do luar, mas seus longos cabelos loiros se destacam mesmo assim. Falando baixinho ela diz:

-Desculpa, não queria te assustar, queria apenas te ver.

Ainda com uma respiração acelerada. Olho séria para ela:

-Eu achei que fosse alguém querendo me pegar, meu deus, por que você não me chamou? Eu ia saber que era você!! - Coloco a mão no peito. - Quase morri de susto.

Ela olha pro chão, triste, acuada: seus ombros para dentro, arqueada e tensa. Logo, me olha com aqueles olhos castanhos, intensos e um tanto lacrimosos. Me perco neles por uns instantes.

Como posso ficar brava com ela?

Coloco a minha mão em seu ombro.

-Tudo bem, só... não faz mais isso. Vem, me ajuda a pegar essas coisas, e também vai me acompanhar até a casa do Psy.

-Mas...

-É para compensar o que você fez a mim.

Ela fica pensativa.

-Você tá usando isso, acha que não te conhe..

-Ai, ai, aaai- Reclamo, esfregando meu antebraço- Como dóóói!!!

Sua expressão está impassível.
Até ela ver os machucados, que estão realmente ardendo. Desvia o olhar e fala:

-Está sangrando, não gosto de ver sangue, tem alguma coisa que pode tampar?

Mordo o lábio, com uma ideia genial em mente.

-Olha...Pode ter algo na casa do Psy, ele produz algodão, sabe?

Ela olha pra mim com um olhar que diz: "É sério??"

Dou umas piscadas com os olhos, implorando.

-Tudo bem

Ela pega as coisas que estão no chão. Consigo olhar direito para os alimentos, estão sujos... Vou me encrencar por causa disso.

Seguimos caminho, não percebi o quanto estava doendo até andar, estava meio difícil para caminhar. Sem falar nada, ela cruzou o seu braço com o meu. Ela nunca faz esse tipo de contato, dou um sorriso.

-Não se iluda, estou fazendo isso só porque está machucada.

Do mesmo jeito sorrio. Na verdade, eu achava ela muito linda, com uma personalidade incrível e com um senso de humor incomum. Mas, uma das coisas que mais me encantaram além da conexão instantânea que nós tivemos anos atrás, foi a aura misteriosa que ela carregava.

Ela dizia que era nova na vila, devia ser, já que nunca tinha a visto antes. Mas nunca falava sobre si, seus pais, sua casa.

A gente se via assim: de noite, praticamente às escondidas, ela não gostava de encontrar outras pessoas, isso era quase todos os dias, faz alguns anos. E ela nem me mostrou a casa dela! Tudo bem, que eu não a levaria na minha. Mas poxa...

Ela fugia das minhas perguntas, ela não encontrava com outras pessoas, entendo que era tímida, mas chegava a ser demais. Tento respeitar seu espaço, quer dizer, ás vezes não. hehehe

-Chegamos.-Ela me diz, como que ela sabia? Ah, deixa pra lá...

-Soojin, não quer entrar?- Pergunto, sem expectativas.

On the Edge (Sooshu / Shujin)Onde histórias criam vida. Descubra agora