04_Sonho

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Está tudo muito escuro, pisco várias vezes, com a cabeça anestesiada me levanto daquela rua suja e escura. Tenho certeza que está tudo bem, pego minha cesta, o presente e a farinha que o senhor Psy me deu. Sigo diretamente à minha casa, preciso ir à minha casa. Não sei que horas são, mas deve ser madrugada.

A enxaqueca ainda está presente, mas está tudo bem. Entro devagar, para não acordar ninguém. Deixo as coisas na mesa e vou logo para meu quarto dormir.

Deito, e rapidamente adormeço, a dor passou. Estranho. Até agora pouco estava dolorida. O meu corpo fica dormente. E apago.

Não sei quanto tempo depois, mas de repente no meio daquela escuridão surge uma luz muito forte, com a mão impeço que tamanha intensidade me cegue, minhas pupilas veem estrelas por alguns segundos, tento enxergar o redor. Mas não há nada, uma sala vazia, o chão completamente liso e preto, não consigo ver o sol ou lua, nem sequer as estrelas ou nuvens, uma completa imensidão escura.

Volto meu olhar à única coisa do recinto: a estranha e forte fonte de luz.

-Quem está aí?

Escuto risadas, daquelas baixinhas, bem atrás de mim, como se alguém estivesse contando uma fofoca, me viro rapidamente.

Nada.

Agora há risadas na direita, viro bruscamente na direção delas. Nada.

Fica desta maneira, risadas isoladas por todos os lados, como se alguém estivesse correndo em minha volta e rindo. Mas não há ninguém, não escuto passos.

-Shuhua.

Então, uma voz fraca me chama, uma voz familiar. Caço em todas as direções, mas parece que... Está vindo daquela fonte de luz.

-Soojin?

Caminho incerta na direção da luz e a voz continua:

-Shuhua, eu gosto de você também.

Eu ouvi, o que eu ouvi?

Tamanho foi meu choque com tais palavras, há novamente risadinhas do lado esquerdo. As ignoro, há coisas mais importantes acontecendo. Me concentro na voz da Soojin e na luz.

-É verdade Soojin? -Rio muito contente. -Me espere, já estou indo.

Risadas atrás de mim.

Relevo, e corro com toda a minha garra em direção à luz.

Um passo atrás do outro, longos e rápidos, minha cabeça baixa mas não desvio de meu caminho.

Corro como nunca corri na vida, mas a distância entre mim e a estranha luz não diminui. Começo a suar, líquido salgado entra em meus olhos. Retiro, e continuo.

E sigo em frente.

Até aquela luz.

Mas esta nunca chega.

As risadas continuam. Ignoro elas, suando muito de tanto correr, minhas pernas doem.

-Já..já estou indo...Soojin.-Falo hiperventilando, cansada.

Sinto o meu físico clamar por socorro, mas minha mentalidade está intacta.

Minhas pernas estão pesadas, meu corpo treme.

-Shuhua

Ela fala comigo novamente, quase me permito sentir um alívio, porém o tom dessa voz é amedrontado.

-So-soojin, esto-estou indo.

Reúno todo o resto das minhas forças, mas não há nenhuma.

Caio no chão, esgotada.

On the Edge (Sooshu / Shujin)Onde histórias criam vida. Descubra agora