Dia de criação!

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Depois do café da manhã, Pedro me levou de volta para o seu local de trabalho, no andar de baixo.

— Você é dono dos dois andares? — perguntei, enquanto o seguia.

Havia apenas algumas pessoas zanzando por lá, e já eram oito da manhã.

— Sou. Aqui é o meu local de trabalho. O outro andar, como você sabe, é a minha casa. Eu gosto de trabalhar perto do lugar onde moro. Às vezes fico aqui até tarde da noite, ou então sigo madrugada adentro. Quando termino, não quero ter que dirigir pela cidade toda. Gosto de estar a um elevador de distância.

Assenti com a cabeça.

— Faz sentido. Onde estão todos? — Afundei na cadeira que ele empurrou em minha direção.

Diante de nós, havia uma área iluminada e duas telas em branco penduradas na parede. Eram basicamente do mesmo tamanho, mas estavam em orientações diferentes: uma na vertical e a outra na horizontal.

— Dia de criação. Não preciso de muita ajuda hoje. Só você, minha câmera e tinta. Exatamente o que eu tenho na minha frente.

— Legal. — Olhei em volta. — O que você quer que eu faça?

— Vamos começar tirando algumas fotos de teste. Vou precisar que você fique na frente da tela horizontal. — Ele me ajudou a ficar de pé, em seguida me carregou no colo e me levou para outra cadeira, que havia sido colocada virada para a parede. No chão, embaixo do meu tornozelo torcido, estava um travesseiro. Ele me colocou perto da cadeira, de modo que eu usasse a parte de trás para apoiar o peso do meu corpo. — O travesseiro é para o caso de você precisar pôr o pé no chão. Não quero que o coloque sobre o concreto, correndo o risco de machucá-lo. Isso deve ajudar, oui?

Abri um grande sorriso.

— Sim, obrigada, Pedro. Pode fazer o que precisa. Estou bem, perfeitamente à vontade — assegurei.

Ele se moveu pelo espaço, arrumou um tripé e ajustou as luzes.

— Certo. Tire a camiseta e fique de sutiã. Por enquanto, só preciso ver os ângulos e as formas dos seus ombros, braços, pescoço e as laterais da parte de cima do seu corpo.

Respirando fundo, puxei a camiseta e a joguei de lado.

— Tudo bem, francês. Mas isso vai te custar caro — avisei.

— Estou bem ciente da despesa — ele respondeu por trás da câmera.

No momento em que tirei a camiseta, os flashes começaram a disparar. Fiquei imóvel com meu sutiã de renda preta. Ele me cobria completamente, mas, ainda assim, eu estava nervosa. Nunca trabalhei como modelo, não achei que tivesse corpo para isso.

— Impressionnant — Pedro murmurou em francês. Aquilo soou como um elogio e eu continuei tranquila, deixando-o fazer o que precisasse. — Você está indo bem.

— Como assim? Não estou fazendo nada além de ficar aqui parada.

— Com a sua beleza, isso é o suficiente. Além do mais, isto aqui é só um teste de posicionamento, iluminação, essas coisas. — Depois de mais alguns cliques, ele se aproximou. — Está cansada de ficar em pé?

— Um pouco. — Me equilibrar em um pé só era difícil, mesmo que tivesse o apoio da cadeira.

Fizemos uma pausa e ele me trouxe um copo de água e um cobertor. Usei-o para proteger minha nudez. Em seguida, ele me colocou de costas para a câmera, mas antes me fez balançar a cabeça várias vezes para bagunçar o cabelo.

— Suas cores são perfeitas, ma jolie. — Ele foi até uma mesa e pegou um pincel e uma latinha de tinta vermelho-cereja. — Vai parecer estranho, mas vou aplicar esta tinta nos seus lábios.

Exquisite Acompanhantes de Luxo (LUTTEO)Onde histórias criam vida. Descubra agora