Último de Janeiro!

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— O que você quer fazer hoje? — Matteo perguntou quando entrei na cozinha. Para minha surpresa, ele estava cozinhando; virando panquecas, para ser mais exata.

— Cadê a Amanda?

— Dei folga para ela. Já que é o seu último dia, eu queria ficar sozinho com você. — Ele sorriu.

Sentei-me na banqueta em frente aonde ele estava terminando de preparar o café da manhã. As panquecas pareciam perfeitas e tinham um cheiro delicioso. A manteiga escorria pelas laterais, misturando-se à calda grossa. Então ele apertou uma lata de chantili por cima, fazendo um tipo de desenho no topo. Com um movimento, deslizou o prato à minha frente. No topo da pilha havia uma carinha sorridente.

— Comida feliz. — Ele balançou as sobrancelhas e eu ri. Esse homem era uma contradição. Viciado em trabalho, surfista, contratante de acompanhante, andava de jipe, um cara rico que fazia panquecas com carinhas. — Que foi? — Ele apoiou os cotovelos no balcão. Seu rosto tinha a barba rala que eu me acostumara a ver todas as manhãs e adorava.

Balancei a cabeça e cortei a pequena pilha de cinco panquecas perfeitamente redondas.

— Você me surpreende. Toda vez que eu acho que já te desvendei, você vem e me surpreende mais uma vez.

Matteo encolheu os ombros e atacou o próprio café da manhã.

— O que eu posso dizer? Gosto de manter você em suspense. — Ele sorriu e eu pude jurar que todos aqueles filmes melosos de mulherzinha estavam certos, um cara legal pode iluminar o ambiente.

— Voltando a sua pergunta inicial... — falei, com a boca cheia das melhores
panquecas que eu já tinha comido (incluindo as minhas). — Eu gostaria de dar um passeio na minha moto — respondi.

— Estou dentro. Aonde vamos?

Sorri e joguei o cabelo rebelde, por cima do ombro.

— Para onde a moto nos levar. A questão não é o destino. É a viagem que conta.

Matteo veio até meu lado, se sentou na banqueta e virou em minha direção. Encarei-o, achando que iria me beijar. Era sempre a primeira coisa que ele fazia pela manhã, mas hoje foi diferente. Tudo neste último dia estava tão pesado, oprimido pela minha partida. Em vez de um beijo, ganhei uma bolota de chantili no nariz.

— Que profundo — ele disse, sem expressão.

Eu o empurrei.

— Cala a boca!

Ele riu.

— Qual é, Luna? Não é o destino, e sim a viagem? Onde você leu essa merda? Fale a verdade. Estava escrito na etiqueta quando você comprou a moto, não é?

— Mas é verdade! — Balancei a cabeça e começamos a tomar o café.

De vez em quando ele me cutucava com o cotovelo. De leve, só para lembrar que estava ali e mexer comigo. Para ser sincera, eu iria sentir muita saudade de Matteo. Mais do que eu gostaria de admitir. Muito mais.

[...]

— Deus do céu — Matteo disse quando entrei na garagem onde minha moto estava guardada. Seu olhar passeava sobre mim. Desde a jaqueta de couro preta que eu usava por cima da regata, passando pelo jeans skinny que evidenciava minha bunda, até as botas na altura dos joelhos.

— Gostou? — Joguei o quadril para o lado, sabendo que aquilo acentuava minhas curvas, que ele tanto apreciava. Ele me disse muitas vezes que era apaixonado pelo meu corpo. Matteo preferia mulheres com carne. As magérrimas não faziam o seu tipo. Pelo menos era o que ele dizia.

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