Bem Vindo

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Morar na maior mansão da cidade era muito provavelmente um privilégio mas Magnus não tinha muita certeza disso porque a cada dia que passava ele se sentia menos a vontade ali, os Lightwood eram pessoas agradáveis na maioria dos dias e assumiram sua guarda quando ele não tinha mais ninguém no mundo e quando ele completou dezesseis anos deixaram ele voltar a dormir no seu antigo quarto proximo a area do empregados nos fundos da mansão.

Magnus se sentia melhor ali onde tinha guardado memórias tão preciosas com os pais e era aconchegante, muito mais do que a suíte enorme que teve que usar por 3 anos, não que ele não gostasse dela, ainda sentia falta daquela banheira maravilhosa a sua disposição mas não conseguia evitar se sentir um impostor, aquela não era sua casa, pelo menos não aquele andar e aquele não era seu quarto.

Ele olhou ao redor e sorriu, era tão bom ver a cama com o lençol de sempre, poderia sentir a presença dos pais ali e era reconfortante. Provavelmente esse era seu último ano na casa dos Lightwood, se tudo corresse bem no próximo ano poderia finalmente ir para a faculdade e recomeçar em algum lugar. Ele gostava dos Lightwood, mesmo que às vezes as conversas com Maryse, que por acaso era uma obstetra renomada o deixasse um pouco desconfortável. Não eram todas as casas que o assunto sexo era discutido normalmente.

Alguém bateu na porta e Magnus abriu.

— Magnus, toda vez que te vejo aqui penso que você deve ser burro.— Disse Catarina com um sorriso. Ela tinha protestado fortemente contra ele abandonar sua suíte no segundo andar para retornar a sua antiga casa. Magnus não queria pena e muito menos ser sustentado pelos Lightwood super ricos que o adotaram, ele sentia bem no fundo que tudo tinha sido por pena, eles não amavam o garoto orfão, tinham se solidarizado com isso.

—Cat, aquele não é meu lugar.— Disse Magnus pela milésima vez.— E aqui a gente tem bastante privacidade, você sabe.

—Claro, dois amigos chorando vendo filme clichê de natal e se empanturrando de chocolate e coca cola demanda muita privacidade.— Disse ela e sorriu.— Falando nisso, já fiz uma lista ótima para esta noite. A gente vai chorar até desidratar.

—O que seria de mim sem os filmes de natal que é para levantar nosso ânimo e joga ele no fundo do poço?— Perguntou Magnus e riu.

—Concordo, porém, como já estamos falando de choro e lágrimas, adivinha quem está vindo passar o natal em casa?— Perguntou ela.

Magnus já revirou os olhos, se revirasse mais forte ficaria preso atrás da cabeça.

—Eu não acredito que Alexander Lightwood vai dar o ar da graça depois de cinco anos.— Disse Magnus. Não que ele não gostasse de Alec,não tinha nada contra mas também não tinha nada a favor, ele era chato, irritado e um grande de um chorão. Era justamente o tipo de criança que ninguém queria perto porque por tudo o príncipe perfeito e intocado chorava. Magnus era amigo dele porque bom, eles se viam todos os dias, iam juntos para a escola, nadavam juntos na piscina no fim de semana e Magnus ignorava todos os contras de ter um amigo chato. Fazia parte da vida.— Ele poderia ter voltado ano que vem, assim eu não estaria mais aqui.

—Ah Magnus para, ele cresceu, definitivamente cresceu.— Disse ela olhando para o celular e Magnus deu de ombros.— Ele é meio hetero top, olha as fotos.

Magnus negou. Alec tinha ido embora algumas semanas depois de seus pais morrerem e até hoje ele se lembra do abraço que ganhou na despedida, Alec tinha o apertado forte e pedido para Magnus manter contato mas bom, obviamente não mantiveram.

—Não quero ver as fotos de Alexander hetero top chorão Lightwood.— Disse Magnus e pegou o controle da televisão.— Ele deve ter uma namorada perfeita, estar planejando o casamento e essas coisas de pessoas chatas e sem graça.

A Christma's Tale - Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora