I Will Be There At Your Side

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Eu havia adquirido a incrível habilidade de fazer nada além de ficar olhando para um mesmo ponto por períodos longuíssimos. Ponto esse que no caso era o rosto do meu marido. Bom, não que houvesse muita coisa pra fazer além disso nos dois últimos meses.

Aquele acidente havia virado tudo de cabeça para baixo. Tom havia recebido os dois impactos do acidente na cabeça e o resultado estava ali à minha frente: dois meses em uma espécie de coma não induzido, internado no melhor hospital com os melhores médicos, que agora não podiam fazer muita coisa além de monitorá-lo e nos orientar para estimulá-lo.

Mas por incrível que pareça a explicação faz a coisa parecer pior do que realmente é, pois segundo os médicos o quadro era "promissor". Mesmo não sendo possível dizer quando ele iria acordar, Tom seguia sem a necessidade de nenhum tipo de aparelho a não ser o de monitoramento e agora seu cérebro estava oficialmente recuperado da lesão, que havia sido leve e dispensado a necessidade de cirurgia. Isso significa que de alguma forma ele continua consciente e que, basicamente, a "única" coisa faltando é que acorde. A novidade é que agora ele começou a reagir às vozes da família. Nikki quase passou mal quando ele soltou uma risada ao ouvi-la, e a mesma coisa acontecera com os gêmeos. A situação é muito mais promissora do que há alguns dias atrás.

Os médicos então explicaram que geralmente essa volta é gradual e, agora que ele havia começado a responder aos estímulos, poderia estar mais perto do que imaginávamos. Decidimos então nos revezar com todas as técnicas imagináveis para fazê-lo acordar, então lá estava eu contando a mais nova peripécia da nossa filha.

一 Você não vai acreditar, a Abbie está impossível! Ontem ela estava quase torturando a Tessa, amassando as orelhas, puxando o rabo, montando nela e rindo como se fosse a coisa mais legal do mundo. E a Tess ficou lá sem fazer nada! Deixou a menina pintar e bordar! Se eu tivesse chegado cinco minutos depois não sei o que seria daquela cachorra.

Eu já estava há alguns minutos conversando sozinha, sem nenhuma reação em resposta pois ele aparentemente só reagia com os pais e os irmãos. Suspiro e sou trazida de volta ao mundo real por meu celular, que me lembra do meu trabalho e de minha filha que esperam por mim. É hora de ir.

一 Eu volto mais tarde. - digo, dando um beijo em sua testa e uma última checada em tudo antes de sair.

Então ele mexe a mão.

一 Tom?! - chamo, sem acreditar. - Tom você está me ouvindo? Amor, se você estiver me ouvindo aperta minha mão!

Sua mão se move junto à minha e ele mexe a cabeça. Mantenho minha mão na sua e estico o outro braço na direção do botão de alarme para chamar a enfermeira, me sentindo à beira de um ataque cardíaco.

Mas a cota de emoção para o dia parece não haver sido preenchida ainda pois, não contente com os primeiros sinais ele novamente movimenta a cabeça e dessa vez abre os olhos. Me surpreende o fato de meu coração não ter saltado pela minha boca.

一 Oi! - sorrio emocionada, sem ter ideia de como estou conseguindo formular qualquer frase coerente. - Tudo bem? Como você está se sentindo?

一 Qu... quem é Abbie? - ele pergunta. Sua voz estava rouca e falha por tanto tempo sem uso, mas ainda estava lá. Eu a reconheceria em qualquer lugar. A emoção do momento é tão grande que a pergunta quase passa batida.

一 Como assim "quem é Abbie"?

一 Isso é um hospital? O que eu tô fazendo aqui? - ele continua questionando, atordoado.

Respiro fundo, tentando ignorar o fato de que ele não lembra da própria filha e respondo suas perguntas.

一 Sim, você está em um hospital mas está tudo bem agora ok?

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