Hurry Back

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5 meses depois

Esse cara tá se aproveitando dessa suposta amnésia pra fugir da responsabilidade Rebecca, só você não vê!

一 Tá bom pai, se ele está "fugindo da responsabilidade" como você diz, então me explica: qual o motivo dele ficar com a Abbie o dia inteiro enquanto eu trabalho?

Filha ele nem está morando na própria casa!

一 Porque ele não lembra de mim e eu não vou forçar nada pai! Eu não vou obrigar ele a morar com alguém que ele não conhece.

Você é a esposa dele Rebecca pelo amor de Deus!

Suspiro e desisto, sem ter a mínima ideia do porque ainda insisto em argumentar algo com Nathanael King. Ouço o chorinho de Abigail seguido pelo som dos passos de Tom e trato de encerrar a ligação. A desaprovação de meu pai com relação a meu marido é um assunto que estou disposta a deixar o mais enterrado possível na amnésia dele, apesar de ter ficado implícita quando ele não participou das boas vindas do genro.  

一 Trabalho ainda? - Tom pergunta, carregando sua mini-cópia chorona nos braços. 

一 Não. - respondo, forçando um sorriso. - O que a senhorita ainda está fazendo acordada hein? - questiono enquanto ela estende os bracinhos na minha direção. 

一 Eu não tenho mais ideia do que fazer, desculpa, mas ela não para de chorar e chamar por você. 

一 Não é sua culpa, não foi você que só viu a filha no café da manhã. - digo depois de um suspiro. - Vamos dormir com a mamãe? - pergunto com ela em meus braços. Abbie faz que sim com a cabeça, já encaixada em meu pescoço.

Poucos minutos depois ela já está devidamente adormecida. 

一 Eu não tenho ideia de como você consegue fazer isso. Sério. - ele comenta da porta do quarto dela. 

一 Mágica materna. - respondo dando de ombros, me juntando a ele na observação coruja do sono de nossa filha. - E eu não sei se você percebeu mas você também é muito bom nisso. Ela adora quando é você quem a coloca para dormir. 

一 Isso é muito louco né? 

一 O quê? 

一 A gente fez... isso. - ele responde com admiração nos olhos, sem tirá-los dela e apontando em sua direção. - Esse ser humaninho aqui. 

一 Então agora nossa filha é isso? - provoco. 

一 Ah qual é, você sabe o que eu quis dizer. - ele responde, dando seu sorriso enviesado que me distrai por alguns segundos. Abbie choraminga e se mexe, nos fazendo ficar imóveis até que ela volta a ficar quieta. 

一 Acho melhor a gente sair daqui. - sussurro, me encaminhando para a cozinha. - Mas olha, eu mereço a maior parte do crédito viu? Por conceber, carregar, dar à luz, amamentar etc. 

一 Não sei não. - ele rebate. - Ela é praticamente um clone meu, claramente fui eu que fiz todo o trabalho mais difícil aqui: a doação do DNA. 

一 Ah, você nem ouse! - ameaço, apontando em sua direção a garrafa de vinho que acabei de pegar e fazendo-o rir. - Quer um pouco? - ofereço. 

一 Sim, claro.

Tudo o que se ouve é o barulho do líquido sendo derramado nas taças. A novidade, porém, é que agora não há mais desconforto vindo dele quando ficamos juntos em silêncio. Bendito seja o pouco, porém precioso, tempo diário que estamos passando juntos. 

All By The WayOnde histórias criam vida. Descubra agora