All By The Way

Epílogo

*meses depois*

ー Se você continuar reclamando que está magro demais ou fora de forma eu vou te bater! - ameaço, dando um tapa no braço dele.

ー Ai! - ele protesta rindo. - Qual é amor, você tem admitir que eu ainda não tô na minha melhor forma.

ー Thomas você fez quase 100 flexões seguidas. Com a Abbie nas costas. Num treino normal. Todo mundo viu no seu instagram. Onde que isso é estar fora de forma, meu pai amado?!

Conversávamos baixinho no quarto escuro do hotel onde estávamos hospedados em Bali, afinal de contas quando se tem uma filha de quase três anos anos dormindo ao lado e que só "desliga a bateria" durante a noite, o silêncio da madrugada se torna um momento sagrado.

Eram os últimos momentos do que Tom batizou como a "viagem de despedida das férias prolongadas" dele, que na verdade não eram exatamente férias mas sim um ano sabático, no qual ele havia decidido ficar sem trabalhar para focar em sua readaptação. Agora que estava prestes a voltar ao trabalho, quase um ano depois de tudo, ele planejou essa viagem para que nós três passássemos esses últimos dias juntos, sem trabalho, rotina nem nada para interferir. Soa meio grudento, eu sei, mas não o culpo. A novidade de ter uma família ainda estava fresca e eu sabia que ele queria aproveitar o máximo possível antes de voltar à rotina frenética de trabalho e divulgação.

ー A gente realmente devia dormir, mas eu não quero. - ele diz, se ajeitando no colchão e virando de frente para mim.

ー Contanto que você não atrapalhe meu sono... - decreto, bocejando e procurando uma posição para dormir.

ー Não! Não me deixa acordado sozinho, é chato!

Reviro os olhos ao escutar o protesto dele.

ー Não acredito que além da Abbie agora eu também vou ter que colocar você pra dormir. - reclamo, fazendo-o rir.

ー Você fica muito engraçada quando se irrita, eu com certeza vou fazer isso mais vezes.

ー Pois é, infelizmente você tá readquirindo esse hábito de me irritar por diversão. - respondo com um novo bocejo. - Mas só vai durar até a nossa primeira briga de verdade, aí você nunca mais vai fazer isso de novo.

ー Acho que eu posso arriscar e me divertir até lá. - ele responde, travesso.

Os segundos de silêncio que se seguem me fazem pensar que ele finalmente vai me deixar dormir, mas aparentemente Tom tinha outros planos. Mesmo de olhos fechados e tentando apagar sinto que ele continua apoiado no cotovelo ao meu lado, me observando.

ー O que foi, Thomas? - pergunto, perdendo a paciência.

ー Eu só tô olhando pra você, meu Deus! Desculpa! - ele responde, surpreso mas ainda rindo.

ー Você tá querendo alguma coisa e não vai me deixar dormir até eu descobrir o que é, então desembucha logo. - suspiro, desistindo do meu sono por mais alguns minutos. Ele exibe um sorriso animado.

ー Eu não sei se queria fazer assim mas... acho que não vou conseguir me segurar por muito mais tempo. Eu tenho um presente pra você. - ele anuncia, como se estivesse contando a maior novidade do mundo. - Vou pegar.

ー Agora? Não pode ser amanhã?.

ー Não, eu vou entregar agora. - ele decreta, levantando da cama e começando uma busca desajeitada pelo quarto.

ー Amor já tá tarde... - tento argumentar, mas sei que é impossível.

Me sento na cama, observando a cena e instantaneamente sinto meu coração amolecer. Aquela era minha versão favorita do homem que amo: xingando enquanto procura desajeitado pelo quarto um presente que não lembra onde guardou, usando nada mais que sua cueca boxer e com o cabelo ainda deliciosamente bagunçado, graças a mim.