4

10 3 3
                                    

Dona Fabiana apareceu na loja no dia seguinte. Ela estava com o semblante calmo, mas pelo seu rosto era perceptível seu cansaço, assim como no dia em que nos conhecemos. Ela me elogiou pela decoração de Natal que coloquei na loja e cochichou alguma coisa para Erik antes de sair. Não sei se foi algo que ela falou, mas ele ficou quieto o dia todo. Não parecia irritado, como o usual, apenas chateado. Eu não quis me intrometer (dessa vez), parecia que ele queria espaço, por isso só falei o necessário e o deixei com os próprios pensamentos.

Infelizmente ele não ficou daquele jeito só naquele dia, o que me desesperou. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo e o que a mãe dele tinha falado que o afetou tanto. Ele tinha se fechado completamente de novo.

- Não acho que vou conseguir ajudar ele – digo desanimada para o meu pai. Acabei contando para ele sobre toda essa história do Erik e o ''milagre de natal'' que a Bia inventou. Ele achou engraçado.

- Você não disse que estavam avançando? – ele pergunta e eu suspiro, jogando meu corpo no encosto do sofá da sala. Por sorte minha mãe tinha saído, então tínhamos um tempo de paz para conversar.

- Sim, mas alguma coisa aconteceu e voltamos para a estaca zero. Eu tentei até fazer as minhas piadas para quebrar o gelo mas ele nem ri – reclamo e meu pai dá risada.

- Então a coisa tá feia.

- Pai! Eu vim aqui pedir um conselho. Era para você me ajudar, não me deprimir mais – cruzo os braços e ele respira fundo.

- Ok, pode ser só uma semana ruim. Dê um tempo e logo as coisas vão voltar ao normal e você vai pode continuar com a sua ''missão de natal'' – ele diz.

- Milagre – corrijo.

- Isso, milagre de natal. Apenas dê o espaço que ele precisa no momento, faça ele se sentir confortável com você.

- Acha que eu consigo descobrir o que tem de errado e ajudar ele até o Natal? – pergunto receosa.

- Nada é impossível, mas não vai acontecer do dia para a noite. Tem que ir com calma.

Ele tinha razão, eu estava esperando por resultados rápido demais. Tudo bem que eu não tinha muito tempo, mas eu não conseguiria nada me intrometendo na vida dele sem antes ganhar sua confiança.

- Você está certo. Obrigada, pai! – eu sorrio mais animada. – Vou bolar uma estratégia nova com a Bia hoje à noite – digo.

- Vão sair hoje? – ele pergunta e eu afirmo. – Seu irmão disse que queria todos em casa para o jantar.

- Por que?

- Não sei, disse que tinha um anúncio para fazer – ele dá de ombros e eu reviro os olhos.

- Ele transforma qualquer coisa em um grande evento.

- Nem imagino o que vai ser dessa vez.

- Tomara que ele diga que vai se mudar. Já tenho planos para transformar o quarto dele no meu studio de maquiagem – digo e meu pai ri.

De qualquer forma saio para encontrar com a Bia, mas chego a tempo em casa para ouvir o ''grande anúncio'' do meu irmão. O grande anúncio na verdade não era nada demais, como o esperado. Meu querido irmão apenas relevou que estava namorando e queria trazer a menina para a família conhecer. Minha mãe amou a ideia e logo já marcou um jantar para conhecer a felizarda.

Seria um show de horrores. Minha mãe vai passar a noite inteira enaltecendo meu irmão e jogando na minha cara que eu era fracassada e solteira. A data do jantar era logo nessa sexta que eu não tinha nenhuma cliente agendada, ou seja, não poderia escapar.

Me deixe ser seu (conto de natal)Onde histórias criam vida. Descubra agora