30 dias para o Natal
O Natal era algo que eu ansiava todos os anos, como se tivesse alguma magia para fazer o ano valer a pena e curar as feridas. Não importa como tenha sido, quando dezembro começa a dar as caras, eu automaticamente me sinto mais feliz e inspirada pelo clima natalino que se apodera de mim. Talvez seja pelos panetones, os enfeites brilhantes, os presentes ou até mesmos os filmes natalinos da Netflix. É um consolo, e talvez um símbolo de esperança para o próximo ano. Sem contar que nos finais de ano eu tinha mais clientes por causa das festas. Eu não tinha do que reclamar.
Eu pensava nisso enquanto olhava as vitrines do shopping junto com a minha mãe. O lugar já estava todo decorado, com árvore e tudo mais que se pode esperar.
- Não acredito que já é quase natal - ela diz a frase que eu escuto toda vez nessa mesma época e eu sorrio.
- O tempo passa cada vez mais rápido - respondo e suspiro, encarando ela.
- Acho que vou ir até aquela loja de roupas que passamos em frente. Seu irmão comentou que queria uma calça nova - minha mãe diz e eu assinto, era minha chance de andar um pouco sozinha.
- Tudo bem, assim eu aproveito e vejo umas maquiagens - digo e vejo a expressão dela ficar entediada.
- Toda vez que a gente sai você compra maquiagem, Maria Eduarda - ela reclama e eu reviro os olhos.
- É literalmente parte do meu trabalho, mãe. Quer que eu faça o que?
- Ser maquiadora não é um trabalho de verdade, filha. Aproveite que está de férias e veja se alguma loja está contratando, eles sempre estão procurando vendedores nessa época do ano.
Ela nem me deixa contestar e dá as costas, me fazendo bufar. Estava demorando para ela começar a criticar as minhas escolhas de vida. Desde que eu decidi ser maquiadora, não tenho um dia de paz em casa, principalmente com uma irmão que estuda engenharia. Vejo o rosto da minha mãe se contorcer todas as vezes que alguém pergunta o que eu faço, e eu respondo com orgulho que sou maquiadora. É minha paixão, eu sou uma artista.
A ideia inicial era que o curso de maquiagem apenas acrescentasse na minha faculdade de estética, mas não foi bem assim que aconteceu. Eu realmente amo maquiar, e é isso que eu quero fazer daqui para frente.
Meus pés me levam quase que automaticamente até a loja de maquiagem, onde eu vinha com muita frequência, mas não antes de parar alguns passos.
Noto que há uma livraria que não estava ali há algumas semanas, e eu sei disso porque venho muito a esse shopping por ser perto da minha casa. O que mais me chama a atenção é a placa na vitrine: ''Procura-se funcionários''.
No mesmo momento me vem a voz da minha mãe na cabeça. Parecia um sinal. Será que eu deveria considerar a ideia? Pensando bem, um emprego temporário não seria tão ruim. Eu estava de férias da faculdade, teria muito tempo livre já que geralmente só trabalho nos fins de semana. E a maior vantagem: mais tempo longe da minha família. Além do dinheiro extra, é claro.
Entro na livraria decidida e caminho até o caixa, onde uma mulher na casa dos 40 estava sentada.- Olá, em que posso ajudar? - um sorriso automático brota em seu rosto assim que me vê ali. Era uma mulher bonita, mas parecia cansada.
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Me deixe ser seu (conto de natal)
RomantiekMaria Eduarda é uma jovem maquiadora que consegue um emprego temporário em uma livraria, com o objetivo de ganhar um dinheiro extra e passar o menor tempo possível em casa com a família. E claro, tem um detalhe: ela ama o Natal. Mas ao conhecer...