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Capítulo Trinta e Três
Alguns dias depois tive alta do hospital. Estava me sentindo bem melhor fisicamente. Mas por dentro ainda sinto que estou destruida. O caminho inteiro
para a cobertura. Eu e Josh ficamos calados, ele dirigia o carro e tinha mais dois carros atrás do nosso, com os seguranças.Aquela tensão poderia me incomodar se fosse em outro momento, mas nesse momento nem ligo para ela. Sei que ele não tem nada a ver com tudo que
aconteceu, com o que estou sentindo. Mas nesse momento só quero ficar só e tentar colocar tudo no seu lugar, fazer minha vida entrar no eixo novamente.
Sei que vai ser um pouco complicado, mas tentarei.Assim que chegamos na cobertura fui direto para o quarto, onde tirei as minhas
roupas e fui para o banheiro. Queria tirar aquele cheiro de hospital, aquela sensação que ainda estava suja. Enchi a banheira e entrei na água morna, soltandoum suspiro.Sentada na água olho para os meus pontos. O médico tinha dito que eles iram cair sozinhos e que eu iria ficar com as marcas, mas com o tempo elas iriam clariar.
Não me senti encomodada quando ele disse isso. Não importava que meu corpo
iria ter marcas e sim que estava viva e “bem”.Era estranho estar ali, parece que nada tinha mudado. Que tudo continuava a mesma coisa. As pessoas pareciam iguais, pareciam seguir as suas vidas.
Mas eu não era a mesma, não parecia conseguir seguir a vida. Eu não conseguia fazer isso. Tento imaginar como seria daqui pra frente, mas quando penso nisso, meus olhos lacrimejam e sinto um aperto no peito.
Talvez a dor diminua com o tempo, que ela fique mais leve. Mas agora era insuportável, não conseguia aguentar. Cada segundo que se passava me sentia sufocada com tudo isso.
Todos diziam que eu não tinha culpa, que eu deveria parar de me culpar. De não me martirizar pelo o que aconteceu. Tentei, juro que tentei. Mas sabia que não
seria facíl dizer para mim mesma que não tinha culpa, que nada foi por minha causa.As imagens daquele dia, de Vladimir cortando a garganta da minha mãe parecia viva na minha cabeça. Se eu fechar os olhos consigo ver o seu rosto em agonia.
Os seus engasgos. Seus olhos suplicando para ser salva. E eu não pude fazer nada, não tinha o quê fazer.
Queria poder dar mais um abraço nela, dizer mais uma vez que a amava muito.
Dizer que sentia muito por não ter tentado salva-la, por ter deixado ele fazer aquilo.
Nada seria como antes, minha vida não seria como antes. Eu teria que aprender a viver com aquilo tudo. Saber que ela nunca mais iria voltar, que a dor um dia iria diminuir. E tudo aquilo seria uma lembrança dolorosa.
Mas agora eu quero viver o meu luto, sentir cada segundo a dor da perda. Poder me despedir dela, isso pode levar tempo. Mas eu preciso me despedir dela.
Puxo o ar para os meus pulmões e mergulho na água e abro meus olhos, fitando o teto do banheiro um pouco embaçado pela água. Aos poucos sinto o oxigênio
faltar nos meus pulmões e me forço ficar mais um pouco debaixo da água.Fecho meus olhos e sinto que a qualquer momento irei desmaiar pela falta de oxigênio. A morte nesse momento seria bem vinda.
Ela poderia ter me levado,
mas preferio me deixar e sentir a falta da pessoa que eu mais amo nesse mundo. Ela só poderia está me castigando por algo que fiz.Meu corpo de repente se sentou e começo a torci e puxo ar para dentro do meu corpo. Olho para minha frente e tiro o cabelo do meu rosto.
Escuto uma batida na porta e depois a mesma é aberta. Josh me olha com preocupação.
- Está tudo bem?
- Sim. – respiro fundo. – Já estou saindo.
- Giulia fez o almoço e vim perguntar se quer comer. – ele segura a maçaneta.
- Estou sem fome. Despois eu como algo.
- Tudo bem. Qualquer coisa é só me chamar no escritório. – disse ele.
Ficamos alguns segundos calados, cada um olhando para o outro, sem quebrar o contato. Ele parecia querer dizer algo e o vejo abrir a boca algumas vezes, mas
logo a fecha e balança a cabeça.- Estou no escritório. – disse fechando a porta.
Eu deveria pedir obrigada por ele está preocupado comigo e pedir desculpa por ter sido grossa com ele no hospital, quando pedi que ele saisse do quarto. Mas eu
só conseguia ficar calada e olhando ele se distanciar.Sai da banheira e pego uma toalha, enxugando meu corpo e passando o tecido com cuidado pelos meus pontos. Depois visto uma camisola e penteei meus cabelos.
Olhei para a minha figura na frente do espelho. Tinha alguns ematomas pelo meu rosto. Meu lábio inferior tinha um corte e estava um pouco inchado. Minha bochecha esquerda estava vermelha, onde alguns dias atrás era um grande roxo. Abaixo os olhos e olho para meus braços que estavam com alguns roxos que estavam começando a ficar amarelados. Dava para perceber que tinha perdido alguns quilos. Estava bem mais magra do que antes. Mas não me incomodei com isso.
Sai do banheiro e fui para debaixo das cobertas da cama. O dia estava claro lá fora, era um dia quente, mas o que eu mais queria era ficar na cama e tentar
esquecer por um momento toda minha vida. Esquecer os acontecimentos dos últimos dias.Preciso de um pouco de descanço. Tentar colocar os meus pensamentos em ordem e não tentar me matar.
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Prometida ao Mafioso
أدب الهواةTudo começou com um acordo. Any Gabrielly Soares ( Arabela) é filha mais nova de quatro irmãos, desde pequena foi educada para ser a esposa perfeita do capo da máfia Americana. Mas Any nunca se conformou por ter seu futuro planejado. Joshua Kyle B...