Seu tempo, suas fases

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Em passos largos, Hande caminhava o mais rápido que podia em direção ao seu trailer no fundo do estacionamento, tentando achar algum refúgio para a vermelhidão nas maçãs de seu rosto, em seus lábios (pelo beijo) e sua respiração ofegante.

Não olhou para trás quando terminaram de gravar o beijo e, finalmente, conseguiu mostrar alguma compostura para fingir estar bem. Não conseguia olhar Kerem outra vez, não sabendo o que ambos tinham compartilhado. Queria muito que não tivessem, mas aconteceu. E foi naquele momento que parou de ouvir e se dirigiu ao seu trailer alegando estar com sede e cansada.

Quando abriu a porta do trailer, agradeceu mentalmente por estar vazio, e se trancou para ter um espaço no qual surtar. Prendeu os cabelos com um elástico, tirou os sapatos de cena e foi até o banheiro lavar o rosto, mesmo que isto significasse tirar a maquiagem de cena. Precisava de qualquer coisa que clareasse suas ideias. A água gelada ajudou um pouco, mas não o suficiente para limpar a sua mente das milhares de sensações vertiginosas provocadas pelo beijo. Um beijo que nem era dela, deveria ser somente de Eda e Serkan.

Hande começou a buscar seu telefone para tentar pedir um uber para casa, quando duas batidas na porta a impediram de seguir em frente com a ideia. Foi até lá, dispensar quem quer que fosse e dizer que não estava bem, mas a pessoa parada ali, não era bem dispensável.

- Eu posso entrar? - pediu Kerem, com ambos os olhos vermelhos, diferentes de qualquer coisa que Hande tivesse visto.

Por isso resolveu deixá-lo entrar.

Apontando para dentro do trailler, afastou-se um pouco da porta e deu passagem para ele. Kerem aceitou a deixa de bom grado e subiu as escadas rapidamente, antes que Hande se arrependesse da decisão.

Olhando para o chão, Kerem colocou as mãos no quadril, levantando um pouco do paletó do personagem, sem muita coragem de dizer aquelas palavras, pensando que poderia ofender Hande, pior, poderia fazer com que tivesse uma reação semelhante à anterior. Kerem não queria que Hande não olhasse em seus olhos.

- Hande... eu...- travou o maxilar pois sabia que precisava olhar nos olhos dela. Quando levantou os olhos, tomou um golpe que seria mais doído que um soco no estômago. - Eu sinto muito se fiz a última cena parecer desconfortável para você. Eu sei que tínhamos conversado sobre o beijo, mas exagerei lá fora e eu peço desculpas.

Hande estava chocada.

- Como assim? - Ela não estava entendendo o comportamento de Kerem. Para falar a verdade nem o seu.

Kerem suspirou antes de recomeçar.

- Você saiu chateada, eu percebi. Assumi que foi algo relacionado ao beijo, talvez eu não tenha feito direito e você se sentiu invadida e...

- Kerem, para. - Hande o interrompeu. - Não foi por isso que saí daquele jeito.

- Não?

- Não.

O silêncio vindo de Kerem fez Hande querer continuar.

- Eu estava alterada pela minha falta de profissionalismo. - confessou.

- O que? Como pode dizer algo assim? - Kerem estava mais confuso que antes.

- Porque eu não agi corretamente no...- ela não conseguiu terminar. Era vergonhoso demais admitir na frente dele.

Finalmente, depois dessa fala, Kerem começou a encaixar os pontos e entender que a revolta de Hande era por ter sentido o mesmo que ele: paixão bruta e na forma mais bonita. Uma conexão preciosa demais para se perder de vista.

Falling Like The StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora