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Sempre haverão responsabilidades e os planos já traçados para tua vida, você nunca viverá por um mero acaso, você está aqui porque te quiseram aqui, porque era útil tê-lo aqui.
Não é nada fácil quando suas responsabilidades ultrapassam suas próprias vontades, suas escolhas e planos para a vida.
O sangue, ou seja lá o que flui dentro de suas veias, carrega muito mais do que um simples legado, carrega toda uma história, toda uma "praga", uma maldita praga.
O jovem rapaz inclinou o corpo cansado contra o velho topo do bar em madeira desgastada, o cabelo escuro ligeiramente comprido ficando pendurado em frente aos olhos semicerrados, cobrindo-lhe parcialmente a visão que já era prejudicada pela pouca iluminação daquele lugar.
O ambiente era inóspito e velho demais, arrastando do fundo de sua mente memórias de um passado não tão distante assim, mas que lhe deixava saudoso por algum motivo.
Ali costumava ser um ambiente agradável no passado, com a vista do mar batendo nas rochas costeiras que formavam um extenso coral na margem da praia de areia branca.
Do lado de fora, pessoas riam enquanto se afogavam em álcool, mulheres e homens disputando atenção à sua maneira, envoltos em luxúria, velhos senhores apostadores de jogos, mercadores e pessoas de grande valia. Todos costumavam frequentar aquele ambiente, visto atualmente, como sombrio por todos.
Aquela sensação de vazio parecia consumir seu corpo e arder em seu peito frívolo, a sensação era tão intensa que lhe afetava o raro bom humor.
Sua mente vagava, ainda incerta. Quanto mais buscava por respostas, mais confusa se tornava sua existência. Ainda era real demais, as sensações todas, as inúmeras vozes. Vivia ouvindo-as, clamando, implorando e implorando...
O mais obscuro e o mais intenso pensamento eram ouvidos, cada um deles. Sua mente vagava conforme desenhava com as unhas afiadas sobre a madeira gasta do balcão. As ranhuras trazendo memórias de um tempo que não mais voltaria, deixando-o ainda mais frio.
O sol lançou-se acima de uma onda de calor, fazendo com que uma gota de suor se acumulasse em sua têmpora, era horrível sentir-se impotente, humano. Seus olhos se dirigiram para um grupo de jovens logo à frente e ele gemeu grave de irritação.
Por que tão felizes? Não foram esses os ensinamentos passados por seu pai, lembrava-se bem de suas palavras:
"Humanos são fracos, filho."
Lembrou-se da rispidez com que sua voz se fazia presente, fazendo-o estremecer ao absorvê-la. Precisava de respostas, seguir os caminhos do velho nunca foi uma boa ideia, tão pouco fazia parte dos seus planos para o futuro.
A escuridão, a dor e o frio, incomodavam-no, por mais que tivesse atitudes repugnantes por muitas das vezes. Por que deveriam ser levados de forma tão inescrupulosa? Seu humor, suas vontades e seus desejos, estes importavam-no.
Endireitou os ombros largos, cruzando as pernas esguias de maneira confortável. A madeira velha que rangia lhe servia tão bem naquele lugar que era estranho. Ainda podia ver correr pelos minúsculos grânulos de poeira toda a história vivenciada ali, todo o significado de sua vida.
Apoiou os cotovelos sobre o balcão de modo que conseguisse inclinar as costas e deixar a cabeça pender sem medo, suave e relaxada.
O cheiro da fumaça e do fogo eram fracos, mas ainda estavam presentes. Fedia, mas por algum motivo sorria. Aquele sorriso discreto, ladino e cruel.

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Halo
FanfictionTur é um semideus. Filho de Lúcifer com uma humana, ele está prestes a passar por uma das provações mais difíceis de sua existência: sua conversão à semideus completo e tomada do trono de Tártaro, as terras do submundo. O problema de se tornar um s...