SERENDIPITY | JULIAN BRANDT

03

Margot ainda processava o que havia acontecido na ultima quinta-feira, todos aqueles sentimentos ainda pareciam estar a flor da pele, enquanto admirava as imagens de seu ultrassom em seu celular. A pequena machinha em seu ventre a deixava emocionada, não por ter sonhado sua vida inteira com aquele momento, porquê não sonhara, mas porquê de certa maneira algo dentro de si parecia mudar - além de sua anatomia física. Estranhamente, estava começando a se acostumar com seu destino e com o fato de que teria que lidar com Julian e conforme pensava um pouco mais sobre o assunto, tudo parecia se arranjar um pouco mais.

- Margot, tem uma mulher procurando por você. - Ouvira a voz sussurada de Steffi através do telefone fixo em seu escritório. - Acho melhor você a atender.

- Ela tem hora marcada? Porquê estou extremamente ocupada. - E ela estava, apesar de ter tirada alguns minutos para pensar sobre sua própria vida.

Era uma segunda-feira daquelas, havia uma mediação de divórcio para participar pela tarde e precisava se preparar, pois por todos os deuses da justiça, trabalhar com divórcios era um puro pesadelo. Odiava estar entre brigas matrimoniais sobre quem ficava com o que ou com quem as crianças ficariam. Entrentando, por ainda ser considerada uma novata, não possuia o direito de escolher em que casos trabalharia, mesmo que seu chefe fosse um puxa saco e que seu doutorado fosse voltando para a área do direito empresarial. A Mallmann & Associados era a maior firma do Vale do Ruhr, uma das maiores de toda a Alemanha, e precisaria escalar uma montanha se quisesse chegar ao topo.

Mesmo que seu sobrenome a desse uma puta vantagem na disputa.

- Você vai querer atendê-la! - Appel afirmou, desligando a chamada antes que a advogada pudesse reclamar. Lhe faria um favor. - Com licença, Margot.

- Obrigada, Steffi. - Apesar do sorriso educado em seus lábios pintados de nude, seus olhos poderiam assassinar a ruiva ali mesmo na porta de sua sala. No entando, apenas desviara seu olhar, mais suave, para a mulher quase de sua altura, não que fosse muito alta, possuia cabelos loiros claros um pouco abaixo dos ombros e olhos azuis familiares, mas a advogada não podia dizer de quem. - Senhora? - Estendeu sua mão, afim de que a mais velha a comprimentasse.

No entando, a desconhecida a olhou de cima a baixo, a analisando de uma maneira que deixara Margot constrangida recolhendo sua mão, antes dela dizer:

- Brandt. Heike Brandt. - Falou firme. - A mãe do pai do seu filho.

A berlinense sentira o chão fugir de seus pés, sua respiração ficar pesada, sua garganta secar e seus olhos se arregalarem, precisara até mesmo fechar a boca discretamente. Usou uma de suas mãos para se apoiar na mesa de tampo de vidro, tentando manter um sorriso educado em seu rosto mas as feições irritadas da mais velha, a davam um frio na espinha que não sentia a algum tempo. Haviam poucas pessoas que conseguiam a colocar medo, mas a senhora Brandt acabava de se tornar uma delas.

- Sente-se, por favor. - Apontou para as cadeiras em frente a sua mesa, lançando um olhar rápido a ruiva que a dava um sorriso encorajador, antes de voltar ao seu posto na entrada do prédio de três andares. - Sinto muito que nós nos conheçamos nessa situação, senhora Brandt.

- Não sinta. Uma criança é sempre uma benção, não acha? - Margot apenas anuiu, jamais entraria nos méritos daquele assunto com ela. - Você parece ter uma bela carreira, querida.

- Estou apenas no começo, senhora. - Baasch queria que um buraco se abrisse sobre seus pés, qualquer coisa seria melhor do que aquela tensão palpável. - Eu sei que parece ser muito estranho, toda essa situação, mas quero que saiba que não planajei nada disso.

- Como posso acreditar em suas palavras? Eu nem mesmo te conheço. - Heike cruzou as mãos sobre o colo, uma de suas sombrancelhas claras arqueadas. - Até onde eu sei, você pode querer apenas o dinheiro do meu filho.