10 Coisas que Eu (ainda não) Odeio em Você

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Enquanto comprava o Axolotl (meu coelhinho, logo explicarei a origem do seu nome) me perguntei quantas horas Noah já havia gravado de mim durante esses dois dias que passaram.
Dentro do pet shop ele fez várias filmagens, passarinhos se alimentando, cachorros dormindo, eu vendo Axolotl pela primeira vez e eu, novamente, no momento em que o peguei.

Noah me deixa em casa e eu ligo para Luka, o chamando para conhecer Axolotl. Ele avisa que em minutos chegará e que tem boas notícias. Penso em mil possibilidades, mil nomes e mil coisas.

Então Luka abre as portas de casa gritando algo como “Éqsolot” e eu digo que não é assim que se pronuncia porque o nome dele não é americanizado. O que leva ele a fazer uma careta triste e murmurar “Axolotl”, dessa vez corretamente.

“Rômulo. Não deu certo, o chamei e ele digita muito estranho. Usa todas as carinhas e não sabe utilizar as vírgulas.” Ele diz, esclarecendo a tal notícia.

Isso me deixa decepcionada e peço, por favor, que ele tente de novo e chame o próximo menino da lista e no mesmo instante Luka manda uma mensagem para Cris. Cris de Cristovão, mas ele não gosta muito, então todos o chamam de Cris, até mesmo eu que só o chamei no intervalo de hoje.

Fico na torcida, assim como ele. Aproveito e agradeço novamente por todo esforço e pela pureza do que ele está fazendo.

“Não é nada puro, docinho. Meus sentimentos pelo Noah não estavam só te aborrecendo, não.” Ele diz e segura a minha mão. Seu celular vibra e fazemos figas.

“Não!!! Não responde ainda, espera. Dá um de difícil.” Eu o aconselho enquanto levanto. “Espera eu voltar e só aí te permito falar com Cris.”

Volto com o brigadeiro e quando entro encontro um Luka risonho com as bochechas coradas.

“Não aguentei” ele diz enquanto me mostra o celular apontando a conversa.

Cris digita bem e eu faria uma lista longa com todos os motivos do por que Luka deve beijá-lo, mas preferi não. Conversas pela internet são um tiro no escuro, bem no escuro mesmo, já que ao vivo o papo não flui igual. Combinamos que antes de comemorar veríamos se Cris o cumprimentaria na escola e como eles reagiriam pessoalmente.

No dia seguinte ficamos gratos por não termos nos exaltado antes do tempo, a conversa de Luka e Cris foi, em suma, Cris falando sobre as várias curtidas de suas fotos e, às vezes, pedindo que Luka desse uma olhada e curtisse algumas delas.

Esse é um lembrete amigável vindo de mim para você, leitor: curtidas em fotos não determinam o quanto você vale como pessoa. Você pode ser um lixo e ter trezentos babacas que mal te conhecem curtindo suas fotos. 

Em dois dias descobrimos que Cristovão era um pedaço de sete octilhões de átomos esnobe e convencido e que Rômulo era meio empolgado com todas as carinhas disponíveis no WhatsApp e cem por cento esquecido em relação a vírgula.

No intervalo Noah se sentou ao meu lado e foi incrível porque ele é incrível, assim como seu sorriso e suas mãos... que são incríveis. Tenho certeza que antes meu subconsciente estava convicto de que Noah era gay, porque não consigo pensar em outro motivo para nunca ter notado o quanto ele é fascinante.

“A conversa foi ótima pessoalmente e ele mesmo pediu meu número! Pedi uma mãozinha em física e eu acho que ele entendeu errado.” Luka riu. “Mas por mim... Que entenda.”

“Quem entendeu o que?” Eu disse, sem entender nada, porque Luka sentou ao meu lado falando sem parar como se eu já estivesse inclusa no assunto.

“Marcus Belmonte.” Ele diz enquanto abre um sorriso.

Fico feliz, mas triste por Luka. Feliz por ele estar feliz, mas triste porque Marcus não é o cara mais lindo do mundo, nem da escola ou de sua sala. Talvez nem de sua família. Não me leve a mal, não estou julgando-o apenas por sua aparência, ele repetiu dois anos seguidos, portanto não é do tipo “inteligente” também.

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⏰ Última atualização: Jan 29, 2015 ⏰

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