𝟎𝟐. Take You Away From Here

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Shanghai, China11 de abril de 2019

Max não estava a brincar quando disse que ia ajudar Nara. A sua determinação era visível de longe e Lewis, percebendo a seriedade da situação, deu-lhe o seu apoio incondicional. Sabia que com algum cuidado e planeamento, poderiam encontrar uma forma de ajudar a jovem norte-coreana a chegar à Coreia do Sul. Daniel, por outro lado, não conseguia evitar sentir-se nervoso. A situação era delicada e perigosa, mas a lealdade que sentia por Max e a consciência de que o seu amigo precisava de apoio impediram-no de recuar. Virar as costas num momento tão complicado e tenso estava fora de questão.

Enquanto os três pilotos caminhavam em direção ao hotel onde estavam hospedados, Nara seguia-os em silêncio. A jovem não entendia o que eles diziam, mas algo no comportamento dos três homens transmitia-lhe uma estranha confiança. Mesmo sem compreender o idioma, o seu instinto dizia-lhe que estavam ali para ajudá-la, não para lhe fazer mal.

Max, enquanto caminhava ao lado de Nara, não conseguia afastar os pensamentos sobre a situação em que ela se encontrava. Ele não conhecia todos os detalhes, mas compreendia, de uma forma inexplicável, o sofrimento que ela carregava. Max era alguém que, desde muito novo, enfrentava os seus próprios desafios e superava obstáculos, mas a luta de Nara parecia de uma natureza muito mais profunda e desesperada. E por razões que ele próprio não conseguia articular, sentia uma ligação intensa com a jovem. Talvez fosse a injustiça da situação dela que o comovia tanto, ou talvez houvesse algo mais, algo inexplicável que o fazia querer protegê-la a qualquer custo.

Ao chegarem ao hotel, os pilotos levaram Nara até ao quarto de Lewis, o mais discreto e afastado dos restantes. A jovem descalçou-se automaticamente à entrada do quarto, como num gesto de respeito. Quando os seus pés tocaram a suave carpete, Nara sentiu um pequeno momento de alívio, uma sensação quase surreal, como se por um instante estivesse a flutuar, longe de todo o perigo. Colocou a sua modesta mochila ao lado da cama e sentou-se delicadamente na beira, enquanto observava os três homens que a acompanhavam.

     — E agora? – pergunta Daniel, num tom que deixava transparecer a sua incerteza.

     — Nenhum de nós fala coreano. – diz Max, como se fosse óbvio, mas também um pouco frustrado. – A única opção é encontrar alguém que consiga se comunicar com ela.

     — Uma das engenheiras da Mercedes é sul-coreana. – sugere Lewis, já a pensar numa solução. – Vou ligar-lhe e ver se ela está disponível.

Max acenou em sinal de agradecimento, visivelmente aliviado pela possibilidade de comunicação. Lewis saiu do quarto para fazer a chamada, deixando Max e Daniel a sós com Nara. O silêncio que se seguiu foi pesado, cada um perdido nos seus pensamentos. Max não conseguia afastar o olhar de Nara. Havia algo nos seus olhos castanhos e profundos que o deixava completamente fascinado. Os seus lábios finos, o cabelo curto e a expressão de vulnerabilidade compunham uma imagem que o tocava de uma forma que ele não conseguia explicar. Estava hipnotizado por ela, pela sua presença, pela força silenciosa que pairava pelo ar.

Pouco tempo depois, Lewis voltou a entrar no quarto com um sorriso tranquilizador.

     — A Wheein estará cá dentro de alguns minutos. – informa, notando o alívio nos olhos de Max. – Ela disse que não se importa de ajudar.

Max suspirou e um peso foi momentaneamente retirado dos seus ombros. Caminhou até a um cadeirão perto da janela e sentou-se, passou as mãos pelos cabelos loiros, enquanto a sua mente continuava a matutar na situação. Estaria ele a fazer o correto? Será que ao tentar ajudar Nara, estaria a colocar-se a si próprio e aos seus amigos em perigo? No entanto, a sua determinação era mais forte que o medo. Não conseguia imaginar-se a virar costas àquela jovem, deixá-la à solta num destino cruel.

It's Not Over | Max Verstappen (A reescrever)Onde histórias criam vida. Descubra agora