Renzinho

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"Eu teria que vender um órgão vital no mercado negro para pagar, se Ren aprontasse isso." Mas colocou um olhar de determinação no rosto. "Vou ficar no emprego, e a primeira coisa que vou fazer é conseguir a cópia do quarto do Ren."


Capítulo V

Renzinho


A tarde estava sendo tranquila, algo inacreditável, impossível estar acontecendo, considerado de quem estava cuidado. Ren tinha se jogado no sofá da luxuosa sala de estar, ligando a TV de 70 polegadas, colocado em um canal infantil. Não tinha aberto a boca desde que haviam saído da escola particular. Isso era uma coisa preocupante, refletiu sentada na poltrona branca, extremamente confortável. Talvez Ren Bakugou estivesse traçando um novo plano maligno contra ela, ou, talvez não quisesse ser incomodado. Começou a prestar pouca atenção nos movimentos lentos e entediados do menino, que agora trocava de canais apenas por pura diversão.

Agradeceu a Nana por ter dado a senha do WIFI da mansão, assim o tempo passaria mais rápido para si. Então de maneira surpreendente escutou seu nome ser chamado.

- Babá. – Levantou os olhos da tela do celular. – Me traz meu lanche, agora. – Ordenou com uma voz que tentava ser arrogante, pela pouca idade.

Se recordou com nitidez das palavras de Nana, que apenas era soar o sininho de prata, que uma empregada da mansão traria o que fosse necessário para Ren. Moleque metido, pensou, não daria chance para ser enganada.

- Nana me disser que você precisaria usar o sininho para ser servido. – falou com o máximo de firmeza que possuía. – Além disso, não faz muito tempo que você almoçou na escola. São apenas 2:40 da tarde. – disse apontando para o relógio prateado que tinha no pulso esquerdo. – o seu lanche é servido as 4:00 horas da tarde.

A expressão infantil se tornou fria, Ren se levantou do sofá, irado pela atitude da babá, como ousava desobedecer a sua ordem? Seu pai que pagava ela, então devia ser servido sem qualquer questionamento.

- Você não escutou direito. – disse trincando os dentes, lembrando seu pai. – Eu mandei você me trazer o meu lanche, você tem algum problema de audição por acaso, ou, é tão burra assim para não entender o que eu falei. – a atitude de Ren, não surpreendeu Uraraka, seu pai era rico, por isso filho achava que tinha o direito de ter mundo aos seus pés, mas estava redondamente enganado, Uraraka não era uma empregada, e mesmo que fosse não se submeteria a esse tipo de tratamento.

Olhou o relógio de pulso, desde aquela pequena discussão, havia passado apenas três minutos. E pegou a mochila do Capitão América do menino, que lançou um olhar raivoso. Abriu de maneira despreocupada, e olhou os cadernos de Ren, como pensava, o pequeno loiro era inteligente e tinha uma bonita caligrafia, se questionava como era seu comportamento na escola. Seria quieto em seu canto ou briguento e arrogante com seus colegas? Então percebeu que tinha uma folha com contas de divisão e multiplicação para serem resolvidas, depois pegou o caderno de francês, e continha uma lista de palavras sobre os animais, e algumas atividades sobre o tema. Além de dois livros sobre Ciências e História, Uraraka deu um sorriso em direção ao loiro, que piscou os olhos tentando entender o motivo da felicidade dela.

- Vamos fazer essas tarefinhas Renzinho antes do lanchinho da tarde. – falou com uma voz suave e biquinho no rosto, como se estivesse falando para uma criança pequeno, ou, melhor um bebê. Mas a cereja do bolo, foi o apelido que dera ao menino, que inflou suas bochechas, vendo que tinha perdido a batalha.

- Isso é muito fácil babá, faça isso tudo em pouco minutos. – respondeu ao voltar com sua postura arrogante.

- Renzinho. – Uraraka se deliciou ao pronunciar essa palavra. – Por que então não fez antes isso? – disse se aproximando perigosamente dele, bagunçado o cabelo rebelde do menino.

- Não vou fazer. – Afirmou convicto.

- Eu não estou pedindo. – falou Uraraka, se abaixando, ficando na altura dele. – Sou sua babá, você deve me obedecer. – Pegou o sininho, e soou.

Após alguns instantes, surgiu na sala de estar uma empregada uniformizada.

- Senhor Ren em que posso servi-lo? – perguntou, porém, a morena cortou a fala do menino.

- Por favor, quero ir para o lugar aonde Ren faz as suas lições da escola. – recebeu um aceno positivo da empregada, que guiou Uraraka em direção a biblioteca da mansão Bakugou, ela tentou manter sua total em Ren, mas foi quase impossível ao perceber as obras de artes presas nas paredes brancas, obras de grandes artistas, reconheceu o as formas geométricas de Pablo Picasso, observou surpresa o quadro de Van Gogh ali exposto, além do surrealismo presente na pintura do artista Salvador Dalí. Literalmente senhor Bakugou era um colecionador de belíssimas obras, pensou sorrindo, além de muito rico, uma obra daquela importância com certeza custaria milhões de dólares.

Admirou-se ao chegar na biblioteca, era enorme. Havia muito livros ali, se perguntou se senhor Bakugou tinha lido metade deles, mas não poderia perder seu foco, Ren ainda estava irritado, além de seu orgulho ferido pelo apelido que havia recebido.

- Vamos sentar logo Renzinho, parar você fazer a sua tarefa. – disse apontando para uma escrivaninha marrom encostada em uma parede da biblioteca, que tinha uma altura adequada ao tamanho do menino, com certeza foi feita exclusivamente para ele.

Mesmo irritado, sentou a contra gosto. Uraraka entregou a folha que continha as atividades de francês.

- Não se preocupe Renzinho vou ajudar você nessa tarefa. – Uraraka agradeceu aos céus que seus pais tinham proporcionado durante a infância aulas desse idioma que tanto amava, talvez conseguisse continuar seus estudos com o dinheiro do trabalho.

- Renzinho, você tem que ligar as palavras com o desenho dos animais. – explicou a primeira atividade, apontando para a primeira palavra da coluna, le loup.

- O que é le loup? – perguntou para Ren, que bufou ao perceber que não se lembrava do significado da palavra, e a lista com tradução está nas mãos de Uraraka.

- E as outras palavras se lembra? – perguntou novamente, esperando a reação de Ren.

Com lápis, o loirinho ligou quase todas as palavras com os animais corretos, sendo que no final sobrou apenas a imagem de um lobo, para a palavra "le loup". Uraraka sorriu ao perceber que de quinze animais em francês, apenas um Ren não havia se lembrado.

Naquele segundo dia, Uraraka havia vencido Ren, mas não tinha ganhado a guerra ainda.

Babá PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora