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boa leitura!!!

Havia algo naquela noite. Os trovões anunciavam um presságio, e a chuva trazia um sentimento de perda.

Uma tímida borboleta estava debaixo de uma folha de orvalho naquela árvore. Uma borboleta azul, que parecia ser cintilante, mas que havia perdido seu brilho ao ver tanto ferro retorcido e sangue.

Sangue vermelho como naquela noite.

Naquela noite, onde o barulho das sirenes era incessante, e seu corpo não correspondia aos seus estímulos. O sangue que manchava o painel, que molhava o chão e com a chuva, deixava ser levado.

A borboleta então viu, o ferro retorcido.

E ficou esperando que algo continuasse alimentando sua esperança.

Em muitas crenças, a nossa alma pode viajar.

Ela pode passar por muitos desafios, seja eles em sonho ou em outras situações.

Todos os anos, milhares de pessoas entram em coma. Seja por acidente ou doença, eles acabam entrando em estado de dormência profunda, e dependendo do seu corpo e mente para despertar.

Muitos quando acordam, relatam experiências vívidas. Outros, apenas acordam falando outras línguas, ou contam histórias de passado que nunca haviam vivido. Era um mistério da alma, pois ninguém entendia.

Mas há uma pequena parte dessas pessoas que relatam que sua alma sai de seus corpos e entram em um mundo completamente diferente. Que viajavam entre o tempo, e vivem memórias, lembranças e sonhos que nunca conseguiram viver ou lembrar.

E ninguém poderia acreditar.


O chamado veio ás 21:28. Um caminhão e um carro haviam se colido.

A correria entre ambulâncias e bombeiros era nítida. A chuva deixava um caos pior do que se encontrava.

Eles saíram em alerta, pedindo espaço entre os carros e emitindo alertas. Um helicóptero estava á caminho.

A polícia chegou primeiro.

Tomas Baker, um bombeiro experiente desceu do veículo e analisou a cena.

Nunca houve tanto ferro retorcido na sua vida como naquele momento.

E sangue.

O volante do carro foi arrancado e ele estava completamente destruído. O motorista do caminhão estava sendo socorrido, as duas pernas completamente dilaceradas pelo acidente e vários machucados.

Tomas deu uma volta e olhou para a batida. A frente do carro estava completamente destruída. Não se reconhecia o que era o painel ou não.

Ele pediu para os colegas pegarem o saco preto, pois iriam ali, tirar o motorista para levar ao necrotério. Não havia muito a ser fazer.

Enquanto o colega ia, ele foi até perto do motorista do carro. Seu rosto tinha ferimentos, havia sangue empapando sua camisa e muita chuva. O ossos da perna estava completamente para fora, em uma fratura exposta terrivelmente torturante.

Tão jovem. Lamento pela perda.

Mas algo chamou atenção do bombeiro. Foi quando o rapaz tomou um súbito fôlego.

- Ah meu Deus! "Ele gritou" - Martin! Traga o alicate! Ele ainda está vivo!

A correria recomeçou para retirar o corpo daquele jovem rapaz da chuva e das ferragens. Tomas segurou ele, e sentiu um pulso fraco.

- Vamos rapaz, viva. Você precisa viver.

Ele murmurava, enquanto puxava a maca para perto.

O corpo ferido foi envolvido na manta térmica e correram com ele até o helicóptero. O bombeiro entrou juntamente com ele, e enquanto tentava fazer os primeiros procedimentos, mesmo com a intensidade da chuva e da noite, uma tímida borboleta azul estava pousada entre os dedos dele.

Letters&Love | adap. larry stylinson Onde histórias criam vida. Descubra agora