Evermore (Charles Leclerc)

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I had a feeling so peculiar
That this pain wouldn't be for evermore


"Dezembro é o mês que aguardamos para termos nosso recomeço – é o mês de esperarmos prosperidade, alegria, união e paz. Encerramos ciclos, concluímos planejamentos para enfim começarmos novos planos.

Mas, para mim, dezembro era dor.

Costumava ser diferente, sim, quando eu tinha o próprio espírito natalino em minha casa. Não havia um ano sequer que minha irmã não ficasse eufórica para decorar todo o ambiente com enfeites de natal. Nossa árvore era sempre a primeira a ser montada do condomínio, e as músicas temáticas entravam em nossa playlist no primeiro dia de novembro.

Mas num simples momento, eu perdi tudo. Me perguntava todos os dias se havia algo que eu pudesse ter feito de diferente; revisava todos os meus passos até chegar naquele momento em que vivia, sozinha, para tentar entender onde eu poderia ter errado. Escrevia palavras vazias em cartas endereçadas para o nada, para ninguém, simplesmente para aliviar a dor que habitava meu peito diariamente – mas foram tentativas em vão.

E com a chegada de dezembro, vinha uma escuridão que não me deixava pensar em mais nada, a não ser nela.

E dezembro sem minha irmã não era nada para mim.

O cartão que recebi junto de seu último presente de natal, entregue mesmo após sua partida, continuava no bolso de minha calça. Era como se fosse uma forma de tê-la mais perto ali, naquele lugar que sonhamos durante tantos anos visitarmos juntas. As luzes de Abu Dhabi não eram o suficiente para me iluminar por dentro, mas aqueciam meu coração, pois de certa forma a sentia ali comigo.

O paddock estava agitado, acredito que por ser a última corrida da temporada todos queriam aproveitar ao máximo os momentos finais do campeonato. Eu olhava para a garagem vermelha, sentindo meu peito apertar por estar sozinha ali. Desde crianças, minha irmã e eu éramos fanáticas pela Ferrari – crescemos com os títulos de Michael Schumacher, todas os triunfos da equipe e todos os seus pilotos nos fascinavam. Acompanhar a Scuderia em seus melhores e piores momentos fazia parte de nossa história, era parte de nosso sonho poder ver um carro tão de perto.

Mas não foi apenas o incrível carro vermelho que vi de perto naquela noite.

Seus olhos azuis acenderam algo dentro de mim – como as luzes de uma árvore de natal, que levemente se acendem, ficando mais brilhantes a cada segundo. Seu sorriso me aqueceu, como a sensação de estar aproveitando o clima de natal com um chocolate quente em minhas mãos. Seu toque foi como abrir o melhor presente do mundo sob as luzes natalinas, transmitindo arrepios por todo meu corpo.

Te conhecer foi como encontrar meu lar, depois de muito tempo vivendo no escuro.

Quando eu estava perdida, você conseguiu iluminar meu caminho para me lembrar pelo que lutar, pelo que viver. Você me deu uma motivação, e, pela primeira vez em um tempo, dezembro não foi completamente cinza para mim.

É incrível como alguém pode colorir sua vida da forma mais delicada possível. Suas dores se juntaram com as minhas e, nessa mistura de vidas bagunçadas, angústias e perdas, encontramos nosso arco íris particular – ou melhor, nosso pinheiro decorado com os mais coloridos enfeites. Foi como um encaixe perfeito, uma matemática simples: viramos um. E desde então, me sinto completa novamente.

Eu queria conseguir achar palavras para te agradecer por acender minhas luzes novamente; por tirar, pelo menos na maior parte do tempo, a dor agonizante de meu peito; de me fazer sorrir novamente, chorar novamente, de sentir algo. Eu penso em inúmeras formas de demonstrar minha gratidão, mas nenhuma está a altura do que significa para mim ter você comigo.

E é por isso, Charles Leclerc, que você foi e continua sendo meu milagre de natal. Quando te conheci, finalmente entendi o que tanto esperam de dezembro: não é sobre o mês, mas sobre quem vive ele com você.  Te conhecer me permitiu recomeçar, encerrar enfim um ciclo de luto e dor, e finalmente tentar viver novamente. Te conhecer me trouxe a paz, a alegria e a prosperidade que muitos julgam vir com o começo de um novo ano – mas, na verdade, o que traz todos esses sentimentos é o amor e a esperança de que alguém está ali com você, disposto a te apoiar mais uma vez, num novo ano.

Essa carta, endereçada finalmente para alguém, é minha forma de expor o que você significa para mim – é minha forma de derramar em forma de palavras o quanto aquece meu coração sentir seus dedos correndo pelos fios do meu cabelo quando estamos jogados no sofá, seus lábios no meu pescoço quando acordamos pela manhã, seu sorriso e seu abraço quando finalmente me vê após um tempo distantes, ou mesmo quando sinto seus braços ao meu redor enquanto preparo nosso jantar.

Dezembro não era nada pra mim sem ela;

Até conhecer você.

E quando olhei nos seus olhos desde a primeira vez, percebi que aquele sentimento vazio não seria eterno.

Mas você seria, Charles Leclerc.

Feliz natal.

Com todo o amor que cabe em mim,

Sua ferrarista."

Vendo Charles secar a lágrima escorrendo do canto de seu olho enquanto fechava minha carta, naquela noite iluminada pelo enorme pinheiro no centro de sua sala, percebi que tinha o que precisava para seguir em frente.

Charles Leclerc era meu porto seguro.

Para sempre.

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Esse conto curtinho foi ideia da minha escritora favorita (e melhor amiga) @essereleclerc <3 Foi um estilo diferente das outras coisas que já escrevi, espero que gostem!

Beijinhos,

Lui. 

 

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