Cap 02 - Acordando no faroeste com uma Stratocaster e um vibrador rosa.

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Quando um perdido como eu acaba dormindo, não sonhamos. Apenas pensamos por problemas. O travesseiro pesa mais que 10 engradados de cerveja cheias. É difícil, desconfortável, porém naquela manhã não foram as preocupações que me fizeram acordar depois de 2 horas de sono, foi um grito grave que estremeceu o prédio inteiro:

- Johny! O carregamento! - Segurei forte na poltrona para não cair no chão. Às vezes imaginava Bill dentro daqueles filmes de faroeste, com uma palha na boca, um chapéu enorme, e uma bela espingarda nas suas mãos. Isso quando ele não estava dando uma bronca, aí sim me sentia ao meio de um tiroteio onde o mais rápido no gatilho sobreviveria, e claro, eu sempre morria nesta situação.

- Dez minutos, Bill!

Fiquei admirado em ver que o garoto que ainda estava na cama, agora agarrado a um travesseiro, não havia mexido nenhum músculo sequer com aquele grito - espera, ele estava morto? - Quase caindo sobre a cama, encaixei minhas botas, me aproximei de seu rosto e ... Ufa, ele estava respirando.

- Ei garoto! - Chacoalhei seu corpo enquanto resmungava.

- Oi - ele respondeu sonolento.

Tive que falar mais alto para que me entendesse claramente.

- Quando eu voltar eu não quero te ver aqui!

Seus olhos estalados, me perguntavam de forma subliminar algo do tipo: dormimos juntos? Como vim parar aqui? Você vai me matar? Como se tivesse perdido a memória da noite para o dia. Apenas o encarei seriamente.

- Você estava bêbado ok, não sabia onde você estava hospedado, então te trouxe aqui e não aconteceu nada entre a gente.

- E porque não? - Puta que pariu, quem é que acorda na casa de um desconhecido e simplesmente diz: porque você não me fodeu?

- Porque não gosto de homens. - Tinha que ser convincente.

- Hum, ok. - sua decepção foi a primeira coisa estampada em seu rosto - Mas nem se...

- Escuta com atenção, são três avisos e só vou dizer uma vez - tentei imitar a cara de Bill, quando espantava algum cliente indesejável, ele cerrava os olhos e fazia uma cara de mau - Primeiro, quando voltar não quero ver você aqui, então pegue a porra do seu dinheiro e suma. Segundo, o kit para ressaca está no armário do banheiro e terceiro, se for me roubar fique a vontade só não toque na Halsey. - Apontei minha guitarra, enquanto ele procurava por outra coisa, e começou a se trocar rapidamente.

- Sua namorada?

- Não, minha guitarra. - Foi aí que ele diminuiu a velocidade e se posicionou na janela, se espreguiçando, poderia compará-lo ao Edward do crepúsculo, quando os raios do sol reluzem em sua pele, mas não. Eu tinha que ser breve, e acabar com aquele estranho relacionamento de uma vez.

- Não vai nem perguntar meu nome? - ele insistiu em ter algum tipo de conversa, mas fazer aquilo de manhã me deixava de mau humor. Bati a porta quando sai, acredito que fui bem claro com ele.

Desci as escadas mais morto que se eu estivesse morto de verdade, Bill já estava em sua caminhonete enferrujada me esperando, dando uma tragada de manhã ( ele realmente daria um bom Cowboy) entrei no carro e fechei a porta, escutando o som de uma música digna de trilha sonora de algum filme de faroeste.

- Boa música. - Bill apenas indicou o olhar para o cinto de segurança, e apressei-me para o colocar, nunca me atrevi a enfrentá-lo. - Onde é o carregamento?

-Santa Mônica.

Foram alguns minutos de viagem de ida e mais alguns de volta, em silêncio.

Já passava do meio dia e eu estava com fome, faminto para ser sincero. Cumprimentei alguns garçons que chegaram para descarregar a caminhonete e subi rapidamente para preparar algum pão com mortadela, acho que só tenho isso na minha geladeira.

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