12 - Welcome back

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     Nada fazia mais sentido, Jimin perguntava-se o que seria dele e de Rosé naquele momento. As divindades realmente deixariam os últimos minutos com sua irmã serem daquela forma? Mesmo que não quisesse pensar naquilo, ele sabia, eles não sairiam vivos dali. Ele não deixou que o desespero tomasse conta, apenas agradeceu os céus por poder ver o rosto de Rosé mais uma vez.

     Rosé por sua vez, não conseguia entender. Queria apenas sua casa, sua família, suas amigas de volta, mesmo sabendo que não as teria. Queria pode controlar as lágrimas naquele momento mas tudo que vivera até ali a deixara esgotada. Precisava se controlar, mas sabia que Jimin já havia percebido seu estado.

     — Nós não vamos conseguir sair daqui, não é? — Jimin perguntou.

     A esperança começava a se esvair, mesmo que no dito popular, esta fosse a última a morrer. Os dois irmãos abriram a porta e ficaram horrorizados com o que viram, em especial Rosé. Imediatamente a porta foii fechada e a garota que até ali havia se controlado, desabou em lágrimas. Jimin não entendia, apenas abraçou a irmã apertado. Ali ele soube que realmente, eles não teriam muito tempo.

     A imagem do corpo das duas garotas que quiseram sair antes, era tão real que parecia surreal para Rosé.

     — Se elas não conseguiram... Nós também não vamos — sussurou para Jimin que apenas a abraçava mais e mais apertado —, eu te amo, Jimin. Me perdoe por não conseguir salvar você.

     Os dois não podiam conter as lágrimas. Jimin sussurou um eu te amo baixinho para a irmã, e os dois permaneceram sentados no chão abraçados esperando a hora chegar.

•••

     Soyeon ficara curiosa quanto a pedra que Jisoo deixara, o quartzo-rosa do qual Oyakr tinha tanto medo. Aquela pedra fora o único motivo para o próprio deus-demônio não ter tirado a vida de Jisoo. Soyeon continuou seu caminho sabendo que não teria nenhuma ameaça para atrapalhar, de longe podia ouvir o choro abafado dos irmãos que haviam acabado de fugir e agora viam-se sem esperança. Soyeon adorava aquilo, e assim que tivesse a chance, logo estaria no lugar de Oyakr.

     Ambos chegaram juntos ao local onde os dois irmãos se encontravam, Oyakr deliciavas-se com aqueles olhares assustados, era tudo que ele precisava: sentir o sabor do medo antes de tomar a alma daquelas pobres crianças. Ao tentar aproximar-se dos dois, que estavam abraçados, Oyakr sentiu que algo o impedia, uma força invisível os protegia.

     — Maditas pedras! — bradou. Soyeon o entendeu e aquela turquesa não fora suficiente para protegê-los.

     Duas facas foram atiradas de uma só vez, a mira de Soyeon era impecável, sua precisão ao matar era uma das coisas que deixava o deus-demônio admirado. Os irmãos Park eram agora, mais um par de corpos em um amontoado deles. A porta abriu-se bruscamente, assustando Soyeon e Oyakr, a versão humana daquela divindade tinha os olhos arregalados encarando Blake em sua porta.

     Soyeon não entendia o que estava acontecendo, mas percebeu o quanto aquela moça desestabilizou momentaneamente o deus-demônio. A senhora — se é que poderia chamá-la assim — mantinha o olhar fixo e cheio de ódio, por uma fração de segundo, Blake a encarou. Sentia pena, pensava como uma garota tão jovem perdera sua vida de foco por conta de uma divindade que estava apenas usando-a e a alimentando com maldade para depois consumi-la.

     — Temos assuntos pendentes, seu pedaço de merda. — Blake vociferou para Oyakr e ignorando a presença de Soyeon. — Não vou deixar passar, não dessa vez.

     Soyeon entrou em alerta, queria avançar para cima da mulher mas algo no olhar assustado de Oyakr a impedia. Ela não sabia que existia alguém capaz de tornar Oyakr tão transparente como naquele momento, aquela mulher era o calcanhar de Aquiles de Oyakr e ela não tinha dúvidas disso.

     — Você não faz ideia, do quanto esperei por esse momento. Mas você sabia, né? Estamos destinados a isso.

     — Acha mesmo que vai conseguir, Blake? — A voz de Oyakr parecia frágil, Soyeon nunca o tinha visto daquele jeito.

     Soyeon assistia aquilo, com a adrenalina no seu sangue mas sem nada poder fazer. Perguntava-se quanto tempo aquela conversa duraria. Blake encarou-a interrogativa.

     — Onde conseguiu essas pedras? — Perguntou dirigindo-se a Soyeon.

     Soyeon sorriu, debochada, ria da morte dos amiguinhos da garota, mas percebeu que a mulher não parecerá se abalar. Tomada por uma onda de raiva, Soyeon partiu para cima da garota, que a jogou para longe sem nem mesmo tocá-la. Sentiu o gosto de sangue fresco na boca. Oyakr não repreendera a mulher, nem mesmo olhou para Soyeon.

     A cabeça de Soyeon começava a doer, uma série de lembranças passava por sua mente, seus amigos, sua família, tudo passava rápido demais, mas ela não entendia o que aquilo queria dizer, nem sequer sabia quem eram aquelas pessoas. Nunca havia questionado-se tivera outra vida além daquela onde era apenas devota fervorosa de Oyakr. Encarou o deus-demônio que ria-se de sua situação.

     — O-quê? — Gaguejou. Encarou Blake, a expressão de pena no rosto da mulher confirmava que aquilo não era um sonho.

     — Bem vinda de volta, Jeon Soyeon

The Whistle GameOnde histórias criam vida. Descubra agora