Capítulo 6 - A Segunda Noite.

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Lena não conseguia parar de pensar e imaginar coisas. Deveria estar ficando louca.

Lembrava-se do momento anterior com Kara, da proximidade em que estavam, eram insanamente perigosas juntas. O que teria acontecido se ela permitisse...?

Um centímetro a mais e teriam se beijado. Não soube onde estava com a cabeça ao mentir tão descaradamente sob a roupa.

Por mais que negasse veemente, sua consciência tinha plenitude da saudade do toque de Kara, da marca que ela deixou em sua pele e em sua alma.

Não conseguia explicar a agitação no peito que aquele breve momento despertou nela. Não deveria! Ela a abandonou sem nem sequer dizer adeus. Sem nem perguntar se ela concordava com isso.

Mas não conseguia parar de questionar no interior se Kara sentira também? A cósmica irrevogável do destino, a química pairando sob elas, ilusoriamente palpável. O desejo súbito de tomar de novo a boca uma da outra.

Ainda teriam o mesmo sabor? E seu toque? Ainda seria cálido e ardente? Ainda exploraria seu corpo como se fosse a oitava maravilha do mundo?

Kara esfregou o rosto e balançou a cabeça em negação, também pensava no mesmo. Isto não deveria estar acontecendo, não, não poderia estar. Ela não estava nesta casa para nada além de trabalho. Não podia se desfocar. Seu Eu encontravasse em um impasse, dividido: uma parte perguntava a si mesma "qual é o mal de tentar conquistá-la novamente?" e outra parte dizia "você se foi quando ela mais te precisava, não a merece".

Ainda haviam outras coisas como a distância. Podiam ser amigas, mas não havia condições de namorarem assim. Lena vivia em Metrópolis, Kara morava em Nacional City. Nenhuma das duas largaria um sonho que se esforçaram tanto para conseguir pela outra.

Estou mesmo pensando em namoro? Rao que me ajude, pensou.

Uma coisa era mais do que certa: a confusão das duas não duraria por muito mais tempo. Uma ou outra iria ceder.

Frustrada por sua mente ser tão teimosa, deitou-se e fechou lentamente seus olhos pesados. Ela permaneceu assim, esperando cair em seu tão esperado sono para que não pensasse em mais bobagens. E enquanto tentava dormir escutava o farfalhar das folhas do Grande Carvalho - mortas tão quanto aquela mansão.

A sombra dos galhos nus projetavam-se na luz do luar sob sua cabeça, crescendo e rastejando vagarosamente pela penumbra, em misteriosas formas uma mão assustadora, de unhas afiadas e grandes que adorariam enforcar seu lindo pescoço se assim conseguissem.

Era uma noite ventilada naquele outono, a brisa congelante passeava pelos arredores da grande propriedade, mais precisamente atravessando a janela aberta de Kara. Assobiando de forma sutil, a ventania tornava-se cada vez mais alta em seu passeio noturno. A brisa ia e vinha como se sussurrasse apenas para ela, um sibilo atormentador e inquietante como um arranhar do vidro.

Kara se negou a abrir os olhos, não precisava pensar, apenas dormir, não precisava pensar, apenas dormir. Só isso. E seguia repetindo esta frase como mantra mental, se tivesse sorte em mais alguns minutos dormiria feliz em sua cama e não lembraria de mais nada.

Foi então que ela ouviu outro barulho.

Desta vez não eram os galhos, as folhas secas soltas ou o soprar da noite, era uma fechadura. A porta de seu quarto, timidamente, abria-se sozinha.

Ela olhou a maçaneta cética, levantando em um solavanco.

- Lena? É você?

A voz de Kara ecoou pelas paredes do quarto cujo de repente pareciam menores e sufocantes. Um pequeno detalhe sobre a loira: ela era claustrofóbica. E naquela situação, por mais imaginária que fosse, sua respiração desregulou e a sua pressão baixou instantaneamente.

A Maldição da Mansão LuthorOnde histórias criam vida. Descubra agora