Capítulo 4

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— Chat N... — Me detenho quando o vejo.

Ele está virado de costas olhando nossas fotos de família e têm uma delas em mãos. É a foto que tiramos no dia do aniversário do meu pai, quando meu avô finalmente fez as pazes com ele. A cena me corta o coração, ele está imerso em seus pensamentos, sua expressão me faz pensar: em sua casa não tem fotos em família? Me aproximo lentamente e paro ao seu lado.

— Meu avô deve ter dado muito trabalho pra você e pra Ladybug, nesse dia. — Seu olhar se volta a mim, parece ter se assustado. — Ele não vem pra este natal, acabou ficando doente e disse que precisava descansar. Então vamos na casa dele amanhã — digo dando um sorriso e ele retribui. — Vem, vamos pra cozinha.

Ele coloca o quadro de volta na mesa. Caminhamos silenciosamente. Ao chegar lá, meu pai e minha mãe estão cantando enquanto misturam ingredientes. Paramos em frente a mesa.

— Certo, como se faz isso? — Ele pergunta olhando para os meus pais.

— Vou pegar o que a gente precisa. — Na bancada, pego uma boa quantidade dos ingredientes, o suficiente para fazer pelo menos uma remessa. — Isso deve dar.

— Não acha que é muito?

— Na verdade não, aqui deve dar uns 30 ou 40 biscoitos, parece muito né? Quanto maior fizermos os biscoitos, menos teremos, quanto menores, maior a quantidade. Então tudo depende do tamanho que eles ficarem.

Passo para ele, que coloca tudo na mesa. Pego luvas térmicas e alguns potes.

— Quero levar alguns pro meu avô, então acho que essa vai ser a quantidade exata. Vamos lá.

Pego a lista e vou conferindo se o que está no papel está na mesa.

— 100 gramas de manteiga, 1 xícara de açúcar mascavo, 4 colheres de mel, 2 xícaras de farinha trigo, 2 colheres de farinha de gengibre em pó, 1 colher de bicarbonato de sódio e 1 ovo — digo em voz alta. Olho para ele, a cara confusa me diz tudo. — Ok, talvez devemos fazer com mais calma. Primeiro a calda.

Enquanto ele lê a lista, eu separo tudo em tigelas coloridas e com desenhos no seu entorno. Coloco uma panela no fogão e entrego uma colher de pau a ele. Ligo o fogo, coloco manteiga, açúcar e mel. Ele começa a mexer, vou à bancada fazer a massa.
Quando a calda fica no ponto certo, pego as luvas térmicas que eu havia deixado na ponta da mesa, vou até Chat Noir e desligo o fogo, com calma retiro a panela do fogão e a coloco na mesa. Retiro as luvas e entrego a ele.

— Agora, joga a calda aqui.

— Você não disse que isso era uma calda? — ele pergunta enquanto despeja.

— Sim, mas essa vai na massa e não por cima dos biscoitos. — Começo a mexer enquanto ele coloca a panela na pia.

A massa começa a pegar consistência suficiente para mexê-la com as mão, percebendo isso, Chat vem me ajudar. Nós quase não estávamos conversando, ele estava muito concentrado.
Ouço uma risada, me viro na direção dos meus pais, eles estão se olhando e sorrindo com cara de bobos. Seus olhares se voltam para nós e quando percebem que estamos olhando, tentam disfarçar. Ignoramos.

A massa começa a endurecer, então a colocamos dentro de um plástico filme. Levo à geladeira, tiro outra e que entrego a ele.

— E a outra?

— Massas de biscoito de gengibre precisam descansar na geladeira, algumas ficam por uma hora e outras ficam por doze horas. Acho que depende muito de quem faz. Essa que eu coloquei na geladeira vai virar os que eu vou levar amanhã pro meu avô. Essa que eu tirei da geladeira é a que nós vamos fazer agora.

Ele a coloca na mesa e desembrulha enquanto eu pego as forminhas de biscoitos e o rolo de massa. Chat Noir começa a abrir a massa com as mãos e depois usa o rolo para esticá-la.
Começamos a cortar a massa usando as forminhas, agora ele parece mais relaxado e começa puxar assunto. Minha mãe vem até nós e nos entrega duas formas já untada.
Conversamos sobre coisas diversas enquanto cortamos e colocamos os biscoitos na forma. Com o canto do olho, vejo que meu pai está ligado o forno para nós.

— Eu nunca fiz nada disso antes.

— Pra um iniciante você até que tá indo bem. — Sorrio e ele ri.

Terminamos e caminhamos para perto dos meus pais com a bandeja em mãos, meu pai a pega e coloca no forno.

— Os biscoitos ainda vão demorar, vocês podem fazer o glacê depois. Vão assistir alguma coisa na sala. — Meu pai sorri de forma contagiante.

Noite de natal - Miraculous LadybugOnde histórias criam vida. Descubra agora