— Chat, o que aconteceu? — digo olhando em seus olhos, rapidamente ele desvia.
— Não é nada — sua voz soa um tanto embargada e seus olhos entregam que pode voltar a chorar a qualquer instante.
— Você pode me contar, se quiser. Eu sou boa em guardar segredos.
Ele se senta na ponta do telhado plano com os pés soltos, me aproximo e sento ao seu lado, mas com as pernas retraídas. Ele parece buscar conforto olhando o céu de forma suplicante.
— Você não precisa me contar se não quiser. Está tudo bem. — Observo as poucas pessoas que ainda estão na rua. Ele começa a balançar os pés.
— É o meu pai.
Olho em sua direção, fica nítido o seu esforço em manter a voz firme.
— Você não precisa fazer isso.
— Está tudo bem... Meu pai não vai passar o natal em casa, ele vai estar trabalhando.
— No natal? — Ele balança a cabeça. — E a sua mãe? — Me olhando de soslaio, ele suspira. — Ah, desculpa.
Um vento frio sopra seu cabelo e ele fecha os olhos por um instante.
— Eu só não entendo como ele pode preferir passar a noite de natal, uma data tão importante, no trabalho e não com o próprio filho. Eu queria não ser filho único, pelo menos eu não estaria sozinho.
— Chat... — Ele me interrompe.
— Ele é a única família que eu tenho e o trabalho é muito mais importante do que eu!
Seus olhos brilham pelas lágrimas que começam a se formar.
— Faço tudo o que ele pede, cursos, aulas extras, e no final, ele me abandona quando mais preciso dele... Ele não é o único sofrendo com tudo isso!
Agora, as lágrimas que insistentemente ele tentava segurar, escorrem por seu rosto.
— O que eu tô fazendo errado?... Ele diz que faz isso pelo meu bem, mas tenho certeza que é só pra ficar longe de mim — ele conclui quase que num grito.
— Chat Noir... — sussurro e isso entrega o quão perplexa estou.
— Desculpa, Marinette. Acho que comecei a falar sem pensar. — Ele fecha os olhos, abaixa a cabeça e suas orelhas se curvam para baixo.
— Está tudo bem, tente se acalmar.
— Isso são problemas meus e você não deveria se preocupar com isso. Desculpa. — Ele se levanta. — É melhor eu ir.
Me levanto rapidamente e seguro seu braço.
— Ei, você pode me levar até em casa?
Não era exatamente o que eu queria dizer, mas foi a coisa mais rápida que consegui pensar para fazer com que ele não fosse embora. Ele se vira surpreso, seca as lágrimas e sorri.
— Claro. — Me aproximo, seguro nele e então ele começa a pular por cima das casas e dos prédios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Noite de natal - Miraculous Ladybug
Fiksi PenggemarFicamos um pouco em silêncio. - Você se decepcionaria se a Ladybug não fosse como você acha que ela é? - Ele me olha surpreso. - Você acha ela super incrível, mas e se ela for só uma garota normal e desastrada... - Ele dá um sorriso doce. - Você diz...