Capítulo 2

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— Chat, o que aconteceu? — digo olhando em seus olhos, rapidamente ele desvia.

— Não é nada — sua voz soa um tanto embargada e seus olhos entregam que pode voltar a chorar a qualquer instante.

— Você pode me contar, se quiser. Eu sou boa em guardar segredos.

Ele se senta na ponta do telhado plano com os pés soltos, me aproximo e sento ao seu lado, mas com as pernas retraídas. Ele parece buscar conforto olhando o céu de forma suplicante.

— Você não precisa me contar se não quiser. Está tudo bem. — Observo as poucas pessoas que ainda estão na rua. Ele começa a balançar os pés.

— É o meu pai.

Olho em sua direção, fica nítido o seu esforço em manter a voz firme.

— Você não precisa fazer isso.

— Está tudo bem... Meu pai não vai passar o natal em casa, ele vai estar trabalhando.

— No natal? — Ele balança a cabeça. — E a sua mãe? — Me olhando de soslaio, ele suspira. — Ah, desculpa.

Um vento frio sopra seu cabelo e ele fecha os olhos por um instante.

— Eu só não entendo como ele pode preferir passar a noite de natal, uma data tão importante, no trabalho e não com o próprio filho. Eu queria não ser filho único, pelo menos eu não estaria sozinho.

— Chat... — Ele me interrompe.

— Ele é a única família que eu tenho e o trabalho é muito mais importante do que eu!

Seus olhos brilham pelas lágrimas que começam a se formar.

— Faço tudo o que ele pede, cursos, aulas extras, e no final, ele me abandona quando mais preciso dele... Ele não é o único sofrendo com tudo isso!

Agora, as lágrimas que insistentemente ele tentava segurar, escorrem por seu rosto.

— O que eu tô fazendo errado?... Ele diz que faz isso pelo meu bem, mas tenho certeza que é só pra ficar longe de mim — ele conclui quase que num grito.

— Chat Noir... — sussurro e isso entrega o quão perplexa estou.

— Desculpa, Marinette. Acho que comecei a falar sem pensar. — Ele fecha os olhos, abaixa a cabeça e suas orelhas se curvam para baixo.

— Está tudo bem, tente se acalmar.

— Isso são problemas meus e você não deveria se preocupar com isso. Desculpa. — Ele se levanta. — É melhor eu ir.

Me levanto rapidamente e seguro seu braço.

— Ei, você pode me levar até em casa?

Não era exatamente o que eu queria dizer, mas foi a coisa mais rápida que consegui pensar para fazer com que ele não fosse embora. Ele se vira surpreso, seca as lágrimas e sorri.

— Claro. — Me aproximo, seguro nele e então ele começa a pular por cima das casas e dos prédios.

Noite de natal - Miraculous LadybugOnde histórias criam vida. Descubra agora