Dezesseis

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Aki

     Eu só deixei ele ir, era evidente a sua preocupação, como se um fio o puxasse para o Yuki e nada mais os separaria, não posso dizer que não fiquei triste por isso até porque eu tenho sentimentos pelo Hiroshi.

     Sentimentos que me fizeram chegar até aqui, conversar com ele, e tomar coragem para dar conselhos sobre outra pessoa, me dói saber que cheguei tarde demais. 
     Talvez se tivesse tomado uma atitude antes teria o seu coração, mas como eu fui burro, devia ter dito tudo o que sentia da forma mais pura possível porém meu lado "selvagem" tomou a sua vez, mas meus sentimentos não mudaram e nem sei de mudarão facilmente.

     Ele é a minha calmaria depois da tempestade, sempre que penso no seu modo dócil isso me vem à mente, mas acredito que agora não possa fazer nada. Devo reprimir os meus sentimentos? Ou lutar por ele e falar de uma vez por todas que quero ser seu?

     - Aki...Aki, o que você faz?

      Caminho solitário sentindo uma brisa leve ao mexer nos meus cabelos.

     - Achei que assustaria o Hiroshi com o meu modo - falo sozinho.

      Mesmo tendo uma imagem pouco convencional para um jovem japonês sempre fui doce e gentil talvez um pouco popular, mas nunca busquei isso. Todo o dia eu levava uma bronca de alguém pois para a escola o jeito que me vestia não estava nos padrões, e nunca esteve porém eu falo e repito.

     - Aparência não nos define

      Mas isso nunca bastou então desisti por ser assim, "rebelde" achei que o meu crush não me aceitaria, mas obviamente estava errado porém não foi muito do jeito que eu queria.

     Chego a cafeteria, peço um latte e me sento todo desajeitado, os mais velhos me olham com desdém, mas vejo outros se divertindo. Um menino de cabelos roxos com anéis e brincos, obviamente cercado de meninas, ignoro todos, olhares assim não me incomodam mais então apenas fico vagando em pensamentos.

      Esses pensamentos seriam curiosidade no que está acontecendo com o Hiroshi? Sim, estou completamente curioso e um tanto desanimado, mas sou tirado dos meus pensamentos pelo som no qual indicava que eu buscaria a minha bebida.

      Sento dessa vez mais "comportado" e tomo o meu café prestando atenção na música de fundo porém também escuto as risadas da outra mesa, a mesma do famoso harém, me faz pensar o quanto eu queria estar rindo com amigos no qual posso chamar de verdadeiros, não sei se aquilo que estou vendo é realmente isso porém me despertou um sentimento no qual não queria. Me lembra o quanto solitário eu sou mesmo rodeado de pessoas a minha volta, algo tão superficial, busco algo sincero no qual poderia contar todos os meus medos e inseguranças.

     Quando olho de volta para a mesa o menino está me olhando fixamente e isso me incomoda, queria perguntar o que há de errado com a minha cara para ele fazer isso, ou ele está flertando comigo? Não, isso não seria possível.
     Então apenas ignoro a sua existência, sem que eu perceba já passei muito tempo nesse café, e vejo que tem uma garoa, o clima está perfeito em todos os sentidos ou era para estar, só está faltando uma pessoa.

     - Droga - resmungo.

      Não acredito que estou desconfortável ou triste por causa disso, eu sou inseguro, instável e "rebelde" demais para ele. O que eu faço? E quando vejo já estou no segundo copo de café.

      Então decido fazer algo mais produtivo no que ficar preso a um sentimento que me entristece, vou escrever, me expresso assim escrevendo ou desenhando, tentando encontrar uma forma de fazer em desenhos ou palavras que demonstre tudo. As vezes funciona, mas muitas vezes me afundo mais pois tento criar personagens que possam estar felizes no final, mas a realidade não é assim é tão imerso nisso pode me ferir.

      -O que eu posso colocar aqui para gerar mais impacto? - falo sozinho. E olho profundamente para o lustre.

      Olho para frente e aquele ser cisma em ficar alternando seu olhar para as meninas e para mim.

     -O ser foca no seu harém que eu vou focar no meu yaoi - penso.

      E volto a focar no que é realmente importante.

     Até que uma menina grita chamando a atenção de todos e por consequência a minha.

      - Estamos falando com você, Akira.- a menina fala emburrada.

     Eu balanço a cabeça com vontade de rir, e vejo que o Akira coloca um sorriso no rosto, como se gostasse de me ver assim ou gostando de ver o quanto as meninas são desesperadas nele. Mas isso não me diz respeito então mais uma vez volto a minha atenção na história porém estou com bloqueio, então fungo e vou pegar algo para comer.

      Talvez nem seja tanto por isso, mas esse Akira está me irritando, me gerando um incômodo, quer flertar faz isso com outro não estou no clima para isso. Tenho vontade de ir lá e falar isso, mas certamente é isso que ele quer.

      Pois então, fique querendo ser mais tarado que eu, delicado, porém tarado.

Meu Hiroshi Onde histórias criam vida. Descubra agora